8 de julho de 2013

Despedida amarga em terras turcas - Destaques da seleção portuguesa no Mundial U20

Uma vez terminada a participação lusa no mundial da Turquia chegou a altura de se fazer um balanço acerca da seleção portuguesa. Eis alguns dos jogadores que mais se destacaram:

Bruma: O extremo do Sporting foi o principal agitador da seleção nacional no certame deste ano, convertendo-se numa das principais figuras do torneio. Com uma velocidade assinalável, um drible natural e muito eficaz, constantes mudanças de velocidade e uma técnica apurada, provocou estragos nas defesas adversárias. Aliada a esta sua grande capacidade técnica, o jogador de 18 anos revelou o seu instinto goleador ao apontar 5 golos em apenas 4 jogos. Esta combinação de golos e técnica, juntamente com a sua tenra idade fazem de Bruma um dos alvos mais apetecíveis deste mercado de transferências. Prestes a entrar no último ano de contrato, veremos por onde passa o futuro deste promissor jogador, cada vez mais uma certeza e uma figura em ascensão no panorama futebolístico português. À atenção de Paulo Bento para os próximos compromissos da seleção AA.

Aladje: Este possante avançado de origem guineense foi a principal revelação lusa no Mundial U20. Já no torneio internacional de Toulon, o jovem ponta de lança tinha mostrado uma tremenda eficácia concretizadora ao apontar 3 golos em igual número de jogos. Na Turquia, Aladje deu continuidade à sua veia goleadora, sendo autor de 3 golos em 4 jogos. Do alto dos seus 187 cm revelou-se forte no jogo aéreo, sendo a principal referência portuguesa nos lances de bola parada ofensivos e uma ajuda preciosa à defesa aquando dos pontapés de canto adversários. Muito forte fisicamente, revelou-se uma dor de cabeça para os centrais oponentes. O seu bom jogo de pés fez com que se entendesse muito bem com os companheiros de ataque. Vimo-lo frequentemente em tabelinhas e triangulações que levaram quase sempre perigo à área adversária. Por fim, destaque para a sua entrega ao jogo e sentido de solidariedade, desgastando os centrais da equipa contrária e nunca dando uma bola por perdida. Reforço do Sassuolo de Itália, equipa recém-promovida à Série A italiana, Aladje terá oportunidade para continuar a sua evolução com a certeza de que, fruto das boas prestações ao serviço da seleção nacional, não mais passará despercebido aos portugueses. Veremos como se comporta esta promessa descoberta por Edgar Borges e até que ponto poderá, futuramente, ser uma opção válida na seleção principal comandada por Paulo Bento.

José Sá: Juntamente com Bruno Varela do SL Benfica e Rafael Veloso do CF Belenenses, formaram o trio de guarda-redes que Edgar Borges escolheu para a participação no Mundial da Turquia. Lançado de forma algo surpreendente no onze inicial no jogo conta a seleção da Nigéria, o primeiro jogo de Portugal na competição, José Sá correspondeu com uma vistosa exibição, apresentando algumas defesas de grande nível. Num jogo sofrido, que Portugal venceu à tangente por 3-2, coube a este jovem o protagonismo ao evitar por diversas vezes o empate nigeriano. A partir desse jogo nunca mais saiu da baliza portuguesa. Ágil e destemido, o jovem guardião foi a principal figura num setor defensivo que revelou fragilidades ao longo de toda a prova, fragilidades essas que contribuíram para o precoce afastamento desta jovem e promissora seleção. Com uma boa prestação no Mundial sub-20, José Sá, jogador do Marítimo, esta época promovido à equipa principal, poderá aproveitar a saída do até então habitual titular, Salin, para nesta época que se avizinha conquistar a titularidade e estrear-se no principal escalão do futebol português.

Pela negativa, há que realçar a coesão defensiva da equipa nacional. Se, individualmente, nomes como João Cancelo, Tiago Ilori, Tiago Ferreira, “Mica” Pinto ou Edgar Ié, só citando os mais utilizados, apresentam já um elevado potencial e uma enorme margem de progressão, fruto da sua juventude, a verdade é que, na Turquia, coletivamente o setor não apresentou a coesão e a eficácia que se pretendiam. Deste modo, Portugal acabou por sofrer vários golos por jogo. Apesar de se ter encontrado muitas vezes em vantagem, a seleção não mostrou a tranquilidade que seria espectável para uma equipa na posição de vencedora. A falta de coordenação entre os elementos do setor mais recuado ditou vários jogos sofridos, pródigos em reviravoltas no marcador. Porém, estes jogadores ainda têm muito tempo para demonstrarem o seu real valor e para evoluírem futebolisticamente.

No setor intermediário notou-se um esforço por parte dos jovens portugueses sem, no entanto, conseguirem ser o “motor” desta seleção. A posição mais recuada foi alvo de sucessivas mudanças entre Agostinho Cá e Ricardo Alves. Mais à frente João Mário, André Gomes e Tozé não conseguiram alcançar a consistência que se pretendia para o meio-campo, embora este último se tenha destacado um pouco mais. Muito lutadores, é certo, mas algo inconsequentes no transporte de bola.

A equipa apoiava-se, sobretudo, na irreverência, na inspiração e na irreverência dos extremos Bruma, Ricardo e Esgaio e no instinto “matador” do ponta de lança Aladje.

Em suma, esta seleção apresentou-se com muitas individualidades capazes de fazerem a diferença, jogou um futebol ofensivo bonito para os espectadores e relativamente eficaz mas a permeabilidade da defesa e do meio campo, aliadas à juventude destes atletas fizeram com que o sonho português terminasse de forma abrupta. 

Por Adolfo Serrão

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