2 de setembro de 2013

Gareth Bale e a história de um defeso muito movimentado

Após muitos dias e semanas de conversações, chegou finalmente ao fim a maior novela deste defeso. Gareth Bale assinou pelo Real Madrid CF, numa transferência cujos valores iram certamente gerar muita polémica nos próximos dias. Em Espanha fala-se em 91 milhões de euros. Já em Inglaterra fala-se em cerca de 100 milhões de euros, algo que poderia converter esta mudança na transferência mais cara da história do futebol (atualmente Cristiano Ronaldo detém esse recorde). O certo é que o contrato assinado entre o internacional galês e o clube espanhol é válido para as próximas seis temporadas.

Posto isto, vamos ao que realmente interessa. Bale vem de uma época fantástica ao serviço dos spurs. Foi considerado o melhor jogador na liga inglesa, marcando por vinte e uma vezes (foi o terceiro melhor marcador), o que para um extremo/médio ofensivo é algo notável. É indiscutivelmente um dos melhores executantes do mundo, espalhando classe e técnica pelos relvados. Em Inglaterra faltou-lhe algo mais em termos de títulos ao serviço do Tottenham Hotspur FC (apenas conquistou a taça da liga inglesa em 2007/08). Bale assumia literalmente o papel de levar a equipa de André Villas-Boas às costas.

Chegando a Madrid, o plano altera-se. Pelo menos, assim se espera. É que Bale apenas terá a carga psicológica de justificar o investimento que foi feito na sua aquisição. De resto, visto que estará rodeado por jogadores do mais alto nível, especialmente CR7, estes irão encarregar-se de ajudar a equipa blanca a alcançar os objetivos. O estilo de jogo será totalmente diferente e o galês poderá não ter à partida espaço para desenvolver o seu jogo nas posições que mais gosta. Se Ronaldo é indiscutível à esquerda, no meio existem várias opções e, caso se venha a confirmar a saída de Ozil (o alemão é uma carta fora do baralho para Ancelotti, tendo perdido a titularidade coma  chegada do treinador italiano), então Gareth Bale poderá ter meio caminho andado em termos de entrada no onze e estabilidade. Irá competir com Isco pela titularidade, prevendo-se uma luta bastante acesa entre os dois pela 'posição dez'.  

Mas para além disso, o que poderá estar em causa são questões meramente táticas. A equipa merengue joga já há algumas temporadas num clássico 4-2-3-1. Nos últimos jogos tem mantido essa estrutura, com Isco a assumir o papel de médio ofensivo centro. Coma chegada de Bale, caso Ancelotti queira logo apostar de início no galês, existem três alternativas: ou Bale compete com Isco por um lugar (como já foi referido no parágrafo anterior) ou Ronaldo passa para avançado, sentando Benzema. Deste modo, Bale irá ocupar a extrema esquerda e Isco irá posicionar-se no meio. Isto implica ainda que Luka Modric (outro elemento recrutado aos spurs) baixe para médio centro.  A última hipótese passa pela permanecia do avançado francês no onze, sendo que atrás de si contará com Ronaldo (à esquerda), Isco (ao meio) e Bale (à direita). São meras suposições e hipóteses daquilo que poderá acontecer no futuro próximo.

Que é um negócio brilhante para os merengues, isso não existem dúvidas. Agora a pressão e as atenções viram-se para Ancelotti. É que será difícil conjugar tantos jogadores com qualidade para poucas posições. E depois, há uma clara preocupação em que CR7 não perca o estatuto de estrela. Caso contrário, a saída estará para breve. É um desafio à altura de um técnico conceituado no mundo do futebol, contando com muita experiência.

Para finalizar, considero os valores envolvidos nesta transferência um autêntico exagero. Não tenho dúvidas que Bale, juntamente com Neymar, é um forte candidato ao estatuto de terceiro melhor jogador do mundo. Porém, isso é subjetivo e depreende de muitos fatores. Tirando Ronaldo e Messi, em nada se justifica que Bale possa custar mais de noventa milhões de euros. A sua qualidade não equivale a toda essa quantia. Mas depois de a equipa de Madrid ter gasto trinta e nove milhões em Asier Illarramendi, já nada surpreende. O tão falado fair-play financeiro da UEFA deveria impor-se nestes casos. Mas independentemente das quantias envolvidas, há uma questão que se prende com a utilidade desta contratação. Neste momento falta um lateral esquerdo (que possa competir com Marcelo), um ponta de lança (pois Benzema não chega) e, quiçá, mais um central. Para quê mais um reforço para as alas ou até mesmo para o centro, no apoio ao ataque? Compra com o intuito de pensar no futuro mais próximo, de modo a prevenir futuras vendas?

Uma palavra ainda para a equipa inglesa. Uma perda destas é difícil de colmatar, por mais contratações que se façam. Mas a perspicácia dos londrinos em relação ao mercado é de enaltecer. Com todo o dinheiro movido nesta transferência, AVB tratou de ir buscar jogadores com grande potencial para as posições certas, colmatando algumas lacunas ainda existentes. Um exemplo para grandes clubes que muito investem e normalmente não recebem os esperados dividendos.

Por Ricardo Ferreira

2 comentários:

  1. o marcelo tem a competitividade de fabio coentrão, aí dis que nao compete com ninguem. benzema tem a competitividade de morata e jesé, e pra que mais centrais? tem sergio ramos, pepe e varane, ale´m de nacho

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    1. E será que Fábio Coentrão constituirá uma hipótese viável para Ancelotti? Já que esteve quase do Manchester United, pensa-se que o internacional português não ficará por muito tempo no Santiago Bernabéu. Morata e Jesé Rodriguez são opções que iram concorrer com Benzema. Mas aquilo que queríamos referir é que à equipa de Madrid falta um ponta de lança que garanta mais golos e mais sucesso. Benzema é bom, mas falta algo mais no ataque merengue. A hipótese do central é mais remota. Aqui tudo poderá estar ligado com uma possível saída de Arbeloa. Assim sendo, Sergio ramos poderia passar para a direita. Mas são tudo meras suposições.

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