Armindo Tué
Na Bangna, mais conhecido por Bruma, foi o protagonista de uma das principais
“novelas” do mercado de verão.
A história teve início na Turquia, um destino exótico, propício a surpresas e paixões. O menino de 18 anos que acabara a época como uma das grandes revelações da temporada e do Sporting CP jogava o campeonato do mundo pela seleção portuguesa. Era uma grande oportunidade para comprovar o seu talento. Bruma sabia da importância do acontecimento e espalhou magia no certame. Velocidade, drible, técnica, imprevisibilidade e golos. Foi a estrela maior de uma seleção que poderia ter chegado muito longe mas que morreu na praia. Porém, o bailado do jovem luso-guineense perante os defesas adversários e o seu perfume futebolístico encantaram meio mundo, que o passou a encarar como um diamante em bruto, uma verdadeira mina de ouro…
Regressado a Portugal, após a aventura mourisca, Bruma viu-se envolvido num autêntico turbilhão à sua volta. O Sporting CP pretendia prolongar o contrato do atleta, conservando nos seus quadros um ativo da formação e com um potencial tremendo. Por outro lado, os seus representantes, aproveitando-se da ingenuidade do jogador, comunicaram o Sporting CP do pedido de nulidade do contrato do jogador à Comissão Arbitral Paritária da Liga, alegando que um menor de idade não poderia assinar um vínculo por mais de 3 anos, como Bruma tinha feito em 2010, na altura com 16 anos.
A partir de
então a vida de Bruma jamais foi a mesma. Saltou para as capas dos jornais, foi
associado a grandes clubes europeus como o Chelsea FC, o Real Madrid CF, o PSV
Eindhoven, o SL Benfica e o FC Porto. O seu nome estava nas bocas do mundo e
cresceu a especulação à sua volta. Foi noticiada uma tentativa de rapto, mais
tarde deixou de se avistar o jogador. Vagueou, por destinos incertos, entre o
Reino Unido e Espanha, refugiou-se em casa de amigos. Enquanto vivia como um
saltimbanco ou um vilão de filmes de ação por cá eram constantes as notícias
sobre avanços e recuos, renovação ou saída.
Enquanto
isso, a época futebolística ia-se aproximando a passos largos. Impedido de
entrar nas instalações do clube, em virtude do processo de pedido de nulidade
do contrato em curso, Bruma ia mantendo a forma na companhia de amigos, longe
de Alvalade. E quando o assunto parecia “adormecido” (tal e qual como acontece
nas grandes telenovelas, que, passado algum tempo, perdem o interesse) eis que
surge uma autêntica “bomba”, como que a ressuscitar a história perdida: a
Comissão Arbitral Paritária, por unanimidade, deu razão ao Sporting CP e Bruma
teria que cumprir o ano de contrato que lhe restava. Esta decisão, que não foi
passível de recurso, deixou os seus representantes em alvoroço, principalmente
o seu advogado, Bebiano Gomes. Este saiu do anonimato e desdobrou-se em
entrevistas e aparições na TV. Polémico e algo incoerente, afirmou
categoricamente que Bruma nunca regressaria ao Sporting, o que despertou a ira
dos adeptos sportinguistas. Mas a decisão era irreversível e Bruma teria que
voltar a Alvalade. Tudo parecia encaminhar-se para o epílogo desta
longa-metragem mas… a “falta de condições psicológicas” e o “mau estar” do
jogador, que seria reintegrado na equipa B inviabilizaram um regresso que parecia
bastante próximo.
Perspetivavam-se
novos episódios desta infindável novela quando surgiram em cena os turcos do
Galatasaray SK dispostos a levar o diamante para a terra que o viu brilhar
intensamente. Falam-se em 12 milhões de euros para o Sporting CP e um contrato
de cerca de 9,5 milhões de euros para a jovem promessa. Estará a ser preparado
o cenário para um final clássico do género “e viveram felizes para sempre”? Em
teoria, o clube receberia uma verba significativa por um ativo que nunca
mostrou disponibilidade em renovar e que a partir de janeiro poderia sair a
custo zero; os representantes do jogador alcançariam as tão desejadas comissões
de venda; e o jogador, que se considerava “mal pago” em Lisboa iria auferir um
salário principesco na Turquia… Tudo se conjuga para que assim seja e para que
esta história acabe onde começou. Para conferir nos próximos capítulos…
Por Adolfo Serrão
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