19 de outubro de 2013

Jovens Promessas: Nathan Redmond

Num mercado algo agitado em terras inglesas, este último defeso ficou marcado por algumas equipas bastante ativas nesse aspeto. Uma delas foi o Norwich City FC, clube da classe média do futebol inglês e que fez chegar aos seus quadros alguns jogadores bastante interessantes como Martin Olsson, Leroy Fer, Ricky van Wolfswinkel (ex-Sporting), Johan Elmander ou Gary Hooper. Para além destes jogadores, a formação comandada por Chris Hughton foi buscar a Birmingham um dos jovens mais promissores do futebol britânico: Nathan Redmond. Traçamos esta semana o perfil deste jovem de apenas dezanove anos. 

Nathan Daniel Jerome Redmond nasceu a seis de março de 1994 em Birmingham, considerado por muitos como a maior e mais importante cidade de Inglaterra, apenas atrás da capital Londres. De ascendência jamaicana, Nathan cresceu jogando futebol no bairro Kitts Green, demonstrando uma qualidade acima da média desde muito jovem. 2010 ficou consagrado na vida deste inglês como o ano de aparição nos grandes palcos. Passado o campeonato do mundo desse ano e, antevendo já a nova temporada, o clube da sua cidade-natal, o Birmingham City FC, garantiu em definitivo os seus préstimos nesse defeso, depois de alguns jogos na época anterior pela equipa de reservas dos blues

E logo no dia 26 de agosto desse ano, Redmond fez a sua primeira aparição pela equipa sénior como suplente utilizado, numa vitória caseira por 3-2 frente ao Rochdale AFC para a taça da liga inglesa. Tornou-se no segundo jogador mais novo a representar o clube (o primeiro é Trevor Francis), merecendo rasgados elogios do seu técnico, Alex McLeish, no final dessa partida. Com a equipa a militar na FA Premier League na época 2010/11, Nathan acabou por ser um dos listados para empréstimo, de modo a ganhar minutos de jogo e experiência ao mais alto nível. Esteve, no entanto, quase meia época sem jogar. Só no início de 2011 ingressou no Burton Albion FC, modesto clube da League Two. Nathan acabou por permanecer apenas por um mês, já que a federação inglesa percebeu que era proibido um estudante assinar por empréstimo com outro clube. Posto isto, Redmond voltou às origens e esteve presente em um ou outro jogo, a contar para as taças. De referir que o Birmingham City acabaria por vencer a taça da liga inglesa nessa temporada. Quase no término da época (mal completou dezassete anos), Redmond assinou o seu primeiro contrato profissional válido por três anos. 

A temporada 2011/12 era encarada como aquela em que Redmond teria de dar a conhecer-se ao mundo do futebol. E muito dessas ambições passavam pela boa vontade do então treinador Chris Hughton. Depois de uma pré-temporada na qual deixou boas indicações, o ala estreou-se nas competições europeias frente ao CD Nacional, marcando o seu primeiro golo na partida realizada em casa frente ao conjunto madeirense. A estreia no Championship ocorreu a vinte e dois de agosto de 2011, numa vitória caseira sobre o Burnley FC. O primeiro golo apareceu três meses depois frente ao Portsmouth FC. Em, termos coletivos, os blues acabariam por ser eliminados nos play-offs de subida pelo Blackpool FC, depois da quarta posição obtida no campeonato. Ao todo (campeonato, taças e Liga Europa), Redmond atuou em trinta e sete encontros, somando sete golos e três assistências. Foi considerado o melhor jogador jovem do clube nessa temporada. Nada mau para este jogador que atravessava a sua segunda época como profissional com apenas dezassete anos. Estava ali um jogador claramente acima da média!

A época 2012/13 desenhava-se como aquela em que Redmond tentaria continuar a exibir o seu bom futebol a partir do corredor, tentando dar o salto no final da época. E assim aconteceu. Lee Clark assumiu o comando técnico, depois da saída do irlandês Hughton para o Norwich City. Redmond destacou-se mais pelas assistências do que pelos golos marcados, sendo que a equipa acabou por se ressentir disso, terminando no décimo segundo lugar depois de uma época algo conturbada. Só os últimos meses desta temporada demonstraram o verdadeiro Redmond, depois de alguns problemas internos com a direção do clube. Dois golos e seis assitencias no segundo escalão inglês em trinta e oito jogos. Foi este o saldo de Redmond, que viu a sua boa ponta final de temporada culminar com a presença no Europeu U21 pela seleção inglesa. 

Neste último verão, Lee Clark afirmou logo de início que pretendia fazer um bom encaixe financeiro com uma possível venda de Redmond. Depois da venda do jovem guarda redes Jack Butland ao Stoke City em janeiro deste ano, o clube do St. Andrew's aceitou propostas de Swansea City e Norwich City pelo concurso do jogador inglês. A decisão ficou nas mãos de Redmond, que preferiu juntar-se ao seu antigo técnico de modo a continuar a sua evolução de forma sustentada. Os valores do negócio rondaram os 2,4 milhões de euros.

Em termos internacionais, Nathan Redmond tem atuado de forma assídua pela seleção de Inglaterra desde os sub-16. Contabilizando todas as internacionalizações pelas camadas jovens, leva cinco golos em quarenta e três jogos. Esteve ainda há dias atrás presente nas duas vitórias do seu país frente a São Marino e Lituânia na caminhada para o Europeu U21 de 2015. Acumula participações no Euro U17 2011 e no Mundial U17 2011, bem como no Europeu U19 2012 (apontou um golo frente à Sérvia, mas a sua equipa saiu eliminada nas meias finais frente à Grécia) e no último Europeu U21 2013 (três derrotas em outros tantos jogos na fase de grupos, apesar de em termos individuais se ter destacado como uma das estrelas emergentes que passaram por Israel em junho passado). Tem aos poucos conquistado os eu espaço, sendo que terá certamente lugar na seleção atualmente comandada por Roy Hodgson daqui a uns anos. Com dezanove anos, já atua pelos U21, o que diz bem do potencial deste craque e das várias etapas que ao longo da sua etapa foi queimando. 

Médio esquerdo de origem, Nathan Redmond pode ainda atuar no outro corredor como médio direito ou como médio centro ofensivo. Destro, na formação dos canários tem atuado preferencialmente sobre a ala esquerda, de modo a que possa explorar o flanco e, por vezes, fazer diagonais para o centro de modo a aplicar o seu forte remate. Jogador muito tecnicista e até algo individualista por vezes, Redmond é uma daqueles típicos 'wingers' ingleses (como Lennon ou Walcott, só para citar as referências), aplicando muita velocidade no seu corredor, para além de criar desequilíbrios facilmente e possuir uma boa visão de jogo. Muito explosivo, destemido e ágil, apresenta argumentos ao nível dos cruzamentos e para além de jogar, também faz jogar os companheiros. Um jogador com uma enorme margem de progressão pela frente e que deve continuar com bastante a trabalhar para manter este bom momento de forma. 

Redmond estreou-se na FA Barclays Premier League em agosto passado, sendo que até agora já participou em sete jogos, tendo apontado um único golo (frente ao Southampton FC). A época não está a ser famosa para a equipa amarela e verde, que só conta com três vitórias em oito jogos. A boa forma de Redmond não se alastra a toda a equipa e há que dizer que este momento não dura para sempre. Haverá certamente períodos menos positivos durante o decorrer da época (o próprio treinador já veio a público referir isso), pelo que há que manter os pés bem assentes na terra.  Só com muito trabalho Redmond poderá atingir patamares mais elevados que lhe permitam alcançar equipas de topo. Para já, o Norwich é o clube ideal para que o inglês possa evoluir e corrigir alguns defeitos que ainda apresenta no seu jogo. Numa fase em que os clubes ingleses apostam cada vez menos nos jogadores nacionais (à semelhança do que acontece com a maior parte das equipas portuguesas), existem certos jovens que vão ganhando o seu espaço. Redmond é um desses casos, sendo que tem muito a provar em termos de seleção e clube. Mas o futuro promete, desde que a evolução continue a ocorrer sem grandes percalços e este jovem continue a ter oportunidades para demonstrar todo o seu valor. 

Por Ricardo Ferreira

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