Primeira volta cumprida na Eredivisie e vários aspetos saltam desde logo à vista. Em primeiro lugar, uma luta tremenda entre várias equipas (algumas delas quase desconhecidas) pelos primeiros lugares. Destaque para a liderança do SBV Vitesse, uma formação que vem crescendo ao longo dos últimos anos, dando passos seguros e formando equipas muito competitivas. Em segundo lugar, as principais equipas holandesas têm perdido pontos nos jogos considerados teoricamente mais acessíveis, algo que se relaciona muito com a mentalidade extremamente ofensiva, pouco rigor tático e muita despreocupação em termos defensivos, pontos que imperam na cultura futebolística deste país. Deste modo, assistimos a grandes espetáculos, com muitos golos apontados (até agora, 526 tentos em 153 jogos) e muito equilíbrio. Em terceiro lugar, há uma equipa que se tem destacado pela negativa: o PSV Eindhoven. A equipa de Phillip Cocu venceu no fim de semana passado para a liga holandesa, depois de dois empates e cinco derrotas. Além disso, já foi afastada da KNVB-beker pelo Roda JC (derrota caseira por 3-1) e da fase de grupos da UEFA Europa League (estava com Ludogorets Razgrad, Chornomorets Odessa e Dinamo Zagreb), depois de ter sido repescada dos play-offs da liga milionária. Em ano de centenário, certamente não era este o desfecho que os adeptos esperavam. Um dos clubes mais bem sucedidos do país das tulipas atravessa uma grave crise a nível desportivo. Esta semana damos destaque aos Boeren e à sua saga em 2013/14.
Rivalidade constante com Amesterdão e Roterdão; Período áureo em termos internacionais, às custas do SL Benfica
O PSV Eindhoven foi fundado a 31 de dezembro de 1913 por um grupo de operários da Philips, empresa que se encarrega de produzir eletrodomésticos e artigos relacionados com a iluminação e a saúde. A sua criação serviu como motivo para comemorar na altura o primeiro centenário da independência da Holanda. Só em 1928/29, esta equipa conseguiu vencer a sua primeira liga. No entanto, continuava bastante longe de atingir as performances dos seus grandes rivais: o AFC Ajax, clube originário da capital, e o Feyenoord. A partir da década de setenta, o seu estatuto começou a ser alterado em virtude do sucesso quer a nível nacional, mas também internacional. Em 1978, o PSV derrotou o SC Bastia por 3-0 no conjunto das duas mãos, conquistando assim a Taça UEFA. Dez anos mais tarde, os holandeses encontraram-se em Estugarda com o SL Benfica, vencendo a liga milionária no desempate por grandes penalidades, após um nulo. A mítica final marcada pelo penálti desperdiçado por António Veloso. Com uma boa dose de juventude e talento, os holandeses contavam nas suas fileiras com van Breukelen, Ronald Koeman ou Eric Gerets, sendo que Guus Hiddink era o treinador. A entidade de Eindhoven conseguia igualar os feitos alcançados anos antes pelos seus rivais, partindo assim para anos gloriosos. Até ao final do século, foram conquistadas cinco ligas, três taças e quatro supertaças. Aliado a isso, o clube demonstrava capacidade financeira para ir buscar alguns jovens talentos ao estrangeiro, potenciá-los para mais tarde gerar alguma receita. Foram os casos de Romário, Ronaldo, Vampeta e Eidur Gudjohnsen.
Dobrado o século, a filosofia do clube manteve-se durante mais alguns anos. Até 2008, o PSV Eindhoven conquistou sete ligas e chegou às meias finais da UEFA Champions League na temporada 2004/05 (foi afastado de forma dramática pelo AC Milan) e aos quartos de final em 2006/07. Nomes como Gomes, van Bommel, Afellay, Park Ji-Sung, Farfán, Robben, van Nistelrooy e Kezman iam fazendo as delícias dos adeptos. Os duelos ganhos ao Ajax passaram a ser uma constante e antevia-se um longo reinado do clube no futebol holandês. Só que a partir da época 2008/09 tudo começou a mudar. O AZ Alkmaar fez uma época fantástica e, sem discussão, foi campeão. A turma de Eindhoven quedou-se num quarto lugar que a deixou apenas com um lugar nas eliminatórias da Europa League. As exibições e, consequentemente, as receitas baixaram imenso, uma vez que o PSV nunca mais voltou à elite do futebol europeu. É que entre 1997 e 2008, não houve uma única ausência da prova máxima de clubes da UEFA. As presenças na Europa League foram-se tornando cada vez mais uma normalidade, pelo que em 2011, o clube teve necessidade de estabelecer um acordo com a câmara de Eindhoven para colmatar alguns problemas financeiros. O segundo lugar alcançado na época transata foi o melhor resultado interno do PSV nos últimos anos. A isto, juntamos uma taça e uma supertaça. Dois títulos nos últimos cinco anos, portanto. Muito pouco para um clube com várias conquistas no seu historial e com tanta visibilidade a nível mundial.
Bom filho à casa torna, mas as expetativas saem defraudadas
Desde 2010/11 como treinador adjunto do PSV Eindhoven e com experiência curta como interino (pelo meio, uma experiência na seleção holandesa), Phillip Cocu assumiu o cargo de treinador da equipa holandesa no verão passado. Um dos melhores jogadores que passaram pelo Philips Stadium tomava a cadeira de sonho. Tudo isto em resultado da reforma de Dick Advocaat, após o segundo lugar na Eredivisie e a final da KNVB-beker perdida para o AZ Alkmaar em 2012/13. Mas a sua retirada não foi efetuada de forma definitiva, uma vez que encontra-se a treinar o atual vencedor da taça da Holanda.
Mas voltando à situação de Cocu, os adeptos pensavam que o ex-internacional pela laranja mecânica seria o homem certo no lugar certo, pronto para elevar os níveis de competitividade do clube e tentar chegar à fase de grupos da liga milionária. Num plantel com um ou outro jogador de grande qualidade, era inevitável haver algum encaixe financeiro antes do início da época. Assim, Strootman saiu para a AS Roma, Mertens para o SSC Napoli, Marcelo para o Hannover 96, Lens para o FC Dynamo Kyiv e Pieters para o Stoke City FC. Para além disso, van Bommel terminou a sua carreira. Ainda assim, nada que preocupasse o treinador holandês, convicto das qualidades do seu plantel. A equipa apostou em Jeffrey Bruma, Rekik, Maher, Jozefzoon, nos ex-sportinguistas Schaars e Arias e no regresso de Park Ji-Sung. Sem surpresa, o PSV acabou relegado para a Europa League, após ter caído aos pés do AC Milan numa eliminatória em que o jogo de San Siro desequilibrou as contas.
Essa "despromoção" acabou por ser pouco valorizada, uma vez que os Boeren arrancaram muito bem na Eredivisie, com três vitórias seguidas. A partir daí, a situação complicou-se um pouco. Se um empate no terreno do Heracles Almelo poderia ser um erro de percurso, os jogos seguintes refutaram essa teoria. Outros dois empates colocaram alguma pressão sobre os jogadores e as opções tomadas por Cocu. O grito de revolta surgiu uma semana mais tarde, com uns implacáveis 4-0 frente ao AFC Ajax. Mas foi simples fogo de vista. Desde essa goleada, o PSV Eindhoven só venceu cinco dos dezassete jogos realizados até à data para todas as competições. O momento mais doloroso para os adeptos deste clube deu-se na passagem de novembro para dezembro: duas derrotas muito pesadas (frente a Feyenoord e SBV Vitesse) e eliminação das competições europeias (aos pés do atual quinto classificado da liga ucraniana). Durante estas últimas semanas, o PSV chegou a estar a escassos quatro pontos da zona de despromoção, algo impensável no início desta temporada. A vitória forasteira conseguida no fim de semana passado frente ao FC Utrecht poderá servir como estímulo para uma recuperação que não se adivinha nada fácil. A margem de erro é muito escassa e os adeptos estão há muito com o olhar posto no seu timoneiro.
Como resolver os problemas? Apostar na juventude, na experiência ou num misto entre ambos?
Um pouco à semelhança do AFC Ajax, o PSV Eindhoven tem como política a aposta em jovens jogadores provenientes das suas camadas jovens e de outras equipas adversárias. Com base no site transfermarkt.com, a equipa vermelha apresenta a média de idades mais baixa (22,4 anos) das dezoito equipas que se encontram no principal escalão do futebol holandês. A juventude apresenta muita qualidade, potencial e irreverência. Mas o plantel é pouco experiente e parece haver a falta de um líder que se imponha nestes momentos, quando a estratégia não está a resultar. Park Ji-Sung, Schaars e até o próprio Toivonen poderiam ocupar esse papel dentro do campo. Só que a aposta tem recaído constantemente nos jovens jogadores. A política escolhida (desde há alguns anos a esta parte, com uma renovação constante do plantel) tem as suas virtudes e os seus defeitos. E, nesta altura, ela tem sido posta em causa. Tal como as próprias exibições e opções tomadas pelo técnico Phillip Cocu. Usando preferencialmente um 4-3-3 clássico, o antigo internacional holandês tem variado estruturalmente apenas na disposição dos três médios (ora jogando em 2+1 ora apostando em um médio mais defensivo, um de transição e um construtor de jogo).
Esta é uma equipa caracterizada por ser muito ofensiva. Daí que nos últimos anos tenha conseguido muitas goleadas (inclusive na época passada, o saldo de golos foi de 103-43). Só que uma equipa conquistadora não é feita só de grandes resultados frente às equipas mais acessíveis. E o PSV tem vacilado muito nos jogos com os grandes rivais. Esta época, apenas venceu o Ajax, tendo empatado contra o Twente e perdido contra o Feyenoord, AZ Alkmaar e o Vitesse (atual líder). Mas voltando ao perfil da equipa, os erros defensivos transitam de épocas anteriores e começa por aí a justificação destes maus resultados. No setor intermediário, baixar Maher e Toivonen (habituais titulares, médios ofensivos de raiz) não parece ser a melhor alternativa. Wijnaldum tem feito bastante falta, já que está a contas com uma lesão desde setembro. É que nos dez jogos que fez esta época, faturou por quatro vezes e contabilizou uma assistência. O capitão do PSV é, de resto, o jogador mais valioso e um dos que poderá sair dentro em breve (conta apenas com 23 anos).
Nas alas, a diversidade de opções é enorme, mas quem tem assegurado quase sempre lugar no onze inicial é Mephis Depay e Luciano Narsingh. O primeiro apresenta qualidade na marcação de bolas paradas e potência no seu remate de meia distância. Já o segundo vem regressando aos poucos à competição, depois de uma paragem entre por lesão entre janeiro e outubro do presente ano, e caracteriza-se pela velocidade que imprime na faixa direita do ataque. Há ainda o sul-coreano Park Ji-Sung (emprestado pelo QPR, já conta com 32 anos), Jozefzoon (chegou no defeso proveniente do RKC Waalwijk) e Zakaria Bakkali (com apenas dezassete anos, estreou-se pela equipa sénior dos Boeren e já fez a sua primeira internacionalização pela seleção belga). No meio, muitos consideravam o lugar entregue a Tim Matavz. E foi assim até à lesão do esloveno. A partir daí, Locadia tem ocupado o lugar. O tal rapaz que se estreou na Eredivisie frente ao VVV Venlo na época transata com um hat-trick em menos de um quarto de hora.
Estamos a chegar ao final de 2013 e a Eredivisie dobrará a primeira metade do campeonato este fim de semana. Como já foi referido, a margem de erro é nula para Cocu & companhia. Apostar nos jovens é um caminho que cada vez mais os clubes com dificuldades financeiras tentam seguir. Veja-se os casos do Borussia Dortmund e, mais recentemente, do Sporting CP. Juventude pode não significar conquistas a curto prazo. Mas o PSV entrou numa política de rejuvenescimento dos seus quadros, pelo que os adeptos terão de ser pacientes e aguardar por tempos melhores. Mas se for como no final da derrota por 6-2 frente ao Vitesse (imensos lenços brancos e críticas provenientes das bancadas), Phillip Cocu pode bem ter os dias contados na província de Noord-Brabant. Schaars e Arias fizeram parte da pior época desportiva da história do clube de Alvalade. E podem muito bem repetir o "feito" pelo seu novo conjunto, caso os resultados e as exibições não melhorem...
Rivalidade constante com Amesterdão e Roterdão; Período áureo em termos internacionais, às custas do SL Benfica
O PSV Eindhoven foi fundado a 31 de dezembro de 1913 por um grupo de operários da Philips, empresa que se encarrega de produzir eletrodomésticos e artigos relacionados com a iluminação e a saúde. A sua criação serviu como motivo para comemorar na altura o primeiro centenário da independência da Holanda. Só em 1928/29, esta equipa conseguiu vencer a sua primeira liga. No entanto, continuava bastante longe de atingir as performances dos seus grandes rivais: o AFC Ajax, clube originário da capital, e o Feyenoord. A partir da década de setenta, o seu estatuto começou a ser alterado em virtude do sucesso quer a nível nacional, mas também internacional. Em 1978, o PSV derrotou o SC Bastia por 3-0 no conjunto das duas mãos, conquistando assim a Taça UEFA. Dez anos mais tarde, os holandeses encontraram-se em Estugarda com o SL Benfica, vencendo a liga milionária no desempate por grandes penalidades, após um nulo. A mítica final marcada pelo penálti desperdiçado por António Veloso. Com uma boa dose de juventude e talento, os holandeses contavam nas suas fileiras com van Breukelen, Ronald Koeman ou Eric Gerets, sendo que Guus Hiddink era o treinador. A entidade de Eindhoven conseguia igualar os feitos alcançados anos antes pelos seus rivais, partindo assim para anos gloriosos. Até ao final do século, foram conquistadas cinco ligas, três taças e quatro supertaças. Aliado a isso, o clube demonstrava capacidade financeira para ir buscar alguns jovens talentos ao estrangeiro, potenciá-los para mais tarde gerar alguma receita. Foram os casos de Romário, Ronaldo, Vampeta e Eidur Gudjohnsen.
Dobrado o século, a filosofia do clube manteve-se durante mais alguns anos. Até 2008, o PSV Eindhoven conquistou sete ligas e chegou às meias finais da UEFA Champions League na temporada 2004/05 (foi afastado de forma dramática pelo AC Milan) e aos quartos de final em 2006/07. Nomes como Gomes, van Bommel, Afellay, Park Ji-Sung, Farfán, Robben, van Nistelrooy e Kezman iam fazendo as delícias dos adeptos. Os duelos ganhos ao Ajax passaram a ser uma constante e antevia-se um longo reinado do clube no futebol holandês. Só que a partir da época 2008/09 tudo começou a mudar. O AZ Alkmaar fez uma época fantástica e, sem discussão, foi campeão. A turma de Eindhoven quedou-se num quarto lugar que a deixou apenas com um lugar nas eliminatórias da Europa League. As exibições e, consequentemente, as receitas baixaram imenso, uma vez que o PSV nunca mais voltou à elite do futebol europeu. É que entre 1997 e 2008, não houve uma única ausência da prova máxima de clubes da UEFA. As presenças na Europa League foram-se tornando cada vez mais uma normalidade, pelo que em 2011, o clube teve necessidade de estabelecer um acordo com a câmara de Eindhoven para colmatar alguns problemas financeiros. O segundo lugar alcançado na época transata foi o melhor resultado interno do PSV nos últimos anos. A isto, juntamos uma taça e uma supertaça. Dois títulos nos últimos cinco anos, portanto. Muito pouco para um clube com várias conquistas no seu historial e com tanta visibilidade a nível mundial.
Bom filho à casa torna, mas as expetativas saem defraudadas
Desde 2010/11 como treinador adjunto do PSV Eindhoven e com experiência curta como interino (pelo meio, uma experiência na seleção holandesa), Phillip Cocu assumiu o cargo de treinador da equipa holandesa no verão passado. Um dos melhores jogadores que passaram pelo Philips Stadium tomava a cadeira de sonho. Tudo isto em resultado da reforma de Dick Advocaat, após o segundo lugar na Eredivisie e a final da KNVB-beker perdida para o AZ Alkmaar em 2012/13. Mas a sua retirada não foi efetuada de forma definitiva, uma vez que encontra-se a treinar o atual vencedor da taça da Holanda.
Mas voltando à situação de Cocu, os adeptos pensavam que o ex-internacional pela laranja mecânica seria o homem certo no lugar certo, pronto para elevar os níveis de competitividade do clube e tentar chegar à fase de grupos da liga milionária. Num plantel com um ou outro jogador de grande qualidade, era inevitável haver algum encaixe financeiro antes do início da época. Assim, Strootman saiu para a AS Roma, Mertens para o SSC Napoli, Marcelo para o Hannover 96, Lens para o FC Dynamo Kyiv e Pieters para o Stoke City FC. Para além disso, van Bommel terminou a sua carreira. Ainda assim, nada que preocupasse o treinador holandês, convicto das qualidades do seu plantel. A equipa apostou em Jeffrey Bruma, Rekik, Maher, Jozefzoon, nos ex-sportinguistas Schaars e Arias e no regresso de Park Ji-Sung. Sem surpresa, o PSV acabou relegado para a Europa League, após ter caído aos pés do AC Milan numa eliminatória em que o jogo de San Siro desequilibrou as contas.
Essa "despromoção" acabou por ser pouco valorizada, uma vez que os Boeren arrancaram muito bem na Eredivisie, com três vitórias seguidas. A partir daí, a situação complicou-se um pouco. Se um empate no terreno do Heracles Almelo poderia ser um erro de percurso, os jogos seguintes refutaram essa teoria. Outros dois empates colocaram alguma pressão sobre os jogadores e as opções tomadas por Cocu. O grito de revolta surgiu uma semana mais tarde, com uns implacáveis 4-0 frente ao AFC Ajax. Mas foi simples fogo de vista. Desde essa goleada, o PSV Eindhoven só venceu cinco dos dezassete jogos realizados até à data para todas as competições. O momento mais doloroso para os adeptos deste clube deu-se na passagem de novembro para dezembro: duas derrotas muito pesadas (frente a Feyenoord e SBV Vitesse) e eliminação das competições europeias (aos pés do atual quinto classificado da liga ucraniana). Durante estas últimas semanas, o PSV chegou a estar a escassos quatro pontos da zona de despromoção, algo impensável no início desta temporada. A vitória forasteira conseguida no fim de semana passado frente ao FC Utrecht poderá servir como estímulo para uma recuperação que não se adivinha nada fácil. A margem de erro é muito escassa e os adeptos estão há muito com o olhar posto no seu timoneiro.
Como resolver os problemas? Apostar na juventude, na experiência ou num misto entre ambos?
Um pouco à semelhança do AFC Ajax, o PSV Eindhoven tem como política a aposta em jovens jogadores provenientes das suas camadas jovens e de outras equipas adversárias. Com base no site transfermarkt.com, a equipa vermelha apresenta a média de idades mais baixa (22,4 anos) das dezoito equipas que se encontram no principal escalão do futebol holandês. A juventude apresenta muita qualidade, potencial e irreverência. Mas o plantel é pouco experiente e parece haver a falta de um líder que se imponha nestes momentos, quando a estratégia não está a resultar. Park Ji-Sung, Schaars e até o próprio Toivonen poderiam ocupar esse papel dentro do campo. Só que a aposta tem recaído constantemente nos jovens jogadores. A política escolhida (desde há alguns anos a esta parte, com uma renovação constante do plantel) tem as suas virtudes e os seus defeitos. E, nesta altura, ela tem sido posta em causa. Tal como as próprias exibições e opções tomadas pelo técnico Phillip Cocu. Usando preferencialmente um 4-3-3 clássico, o antigo internacional holandês tem variado estruturalmente apenas na disposição dos três médios (ora jogando em 2+1 ora apostando em um médio mais defensivo, um de transição e um construtor de jogo).
Esta é uma equipa caracterizada por ser muito ofensiva. Daí que nos últimos anos tenha conseguido muitas goleadas (inclusive na época passada, o saldo de golos foi de 103-43). Só que uma equipa conquistadora não é feita só de grandes resultados frente às equipas mais acessíveis. E o PSV tem vacilado muito nos jogos com os grandes rivais. Esta época, apenas venceu o Ajax, tendo empatado contra o Twente e perdido contra o Feyenoord, AZ Alkmaar e o Vitesse (atual líder). Mas voltando ao perfil da equipa, os erros defensivos transitam de épocas anteriores e começa por aí a justificação destes maus resultados. No setor intermediário, baixar Maher e Toivonen (habituais titulares, médios ofensivos de raiz) não parece ser a melhor alternativa. Wijnaldum tem feito bastante falta, já que está a contas com uma lesão desde setembro. É que nos dez jogos que fez esta época, faturou por quatro vezes e contabilizou uma assistência. O capitão do PSV é, de resto, o jogador mais valioso e um dos que poderá sair dentro em breve (conta apenas com 23 anos).
Nas alas, a diversidade de opções é enorme, mas quem tem assegurado quase sempre lugar no onze inicial é Mephis Depay e Luciano Narsingh. O primeiro apresenta qualidade na marcação de bolas paradas e potência no seu remate de meia distância. Já o segundo vem regressando aos poucos à competição, depois de uma paragem entre por lesão entre janeiro e outubro do presente ano, e caracteriza-se pela velocidade que imprime na faixa direita do ataque. Há ainda o sul-coreano Park Ji-Sung (emprestado pelo QPR, já conta com 32 anos), Jozefzoon (chegou no defeso proveniente do RKC Waalwijk) e Zakaria Bakkali (com apenas dezassete anos, estreou-se pela equipa sénior dos Boeren e já fez a sua primeira internacionalização pela seleção belga). No meio, muitos consideravam o lugar entregue a Tim Matavz. E foi assim até à lesão do esloveno. A partir daí, Locadia tem ocupado o lugar. O tal rapaz que se estreou na Eredivisie frente ao VVV Venlo na época transata com um hat-trick em menos de um quarto de hora.
Estamos a chegar ao final de 2013 e a Eredivisie dobrará a primeira metade do campeonato este fim de semana. Como já foi referido, a margem de erro é nula para Cocu & companhia. Apostar nos jovens é um caminho que cada vez mais os clubes com dificuldades financeiras tentam seguir. Veja-se os casos do Borussia Dortmund e, mais recentemente, do Sporting CP. Juventude pode não significar conquistas a curto prazo. Mas o PSV entrou numa política de rejuvenescimento dos seus quadros, pelo que os adeptos terão de ser pacientes e aguardar por tempos melhores. Mas se for como no final da derrota por 6-2 frente ao Vitesse (imensos lenços brancos e críticas provenientes das bancadas), Phillip Cocu pode bem ter os dias contados na província de Noord-Brabant. Schaars e Arias fizeram parte da pior época desportiva da história do clube de Alvalade. E podem muito bem repetir o "feito" pelo seu novo conjunto, caso os resultados e as exibições não melhorem...
Por Ricardo Ferreira
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