25 de julho de 2013

Liga Zon Sagres 2013/14: FC Porto

Os tricampeões nacionais apresentam-se para uma nova temporada onde os objetivos passam essencialmente por consolidar a sua hegemonia no futebol português e ir mais além na Champions League, competição que os dragões já venceram em 2004/05, mas cujas últimas campanhas têm ficado muito aquém do esperado.


Apesar de nos últimos dois anos o FC Porto, comandado então por Vítor Pereira, ter registado apenas uma derrota na Liga Zon Sagres, a verdade é que a qualidade de jogo apresentada pela equipa nunca convenceu os adeptos portistas. Os falhanços a nível europeu e os descuidos nas taças nacionais (a eliminação da Taça de Portugal aos pés do SC Braga numa fase algo precoce e a derrota na final da Taça da Liga frente aos arsenalistas na temporada transata são exemplos disso mesmo) ditaram a saída de um treinador mal-amado pela generalidade do universo “azul e branco”. O seu sucessor, Paulo Fonseca, dá o salto para um “grande” do futebol nacional, após uma temporada verdadeiramente fantástica ao serviço do FC Paços de Ferreira, colocando o conjunto da Capital do Móvel na senda dos milhões com o acesso aos play-offs de acesso á fase de grupos da Champions League. Ao jovem técnico português, para além de vitórias, algo a que os adeptos portistas se têm habituado ao longo desta década, exige-se um bom futebol, agradável para os espectadores.

Com esse objetivo, o FC Porto tem construído um plantel sólido e jovem mas também com muita experiência, apostando na contratação de jovens promessas que chegam a um clube exemplarmente bem estruturado, tendo o necessário tempo de adaptação à cultura vencedora incutida no ADN dos dragões.

A baliza ficará à guarda de Helton. O experiente guarda-redes de 35 anos é um dos pilares dos “azuis e brancos” transmitindo tranquilidade e segurança aos seus companheiros de equipa. Prestes a iniciar a nona época ao serviço dos dragões é, sem sombra de dúvidas, um dos líderes de balneário e uma das extensões da voz do treinador em campo. Fabiano Freitas será o habitual suplente, devendo ser utilizado nas taças nacionais. Já o jovem Kadú completará o trio de guardiões, sendo o titular na equipa B.

Para 2013/14, a defesa portista não sofreu grandes transformações. Perspetiva-se, assim sendo, uma enorme solidez defensiva. Eliaquim Mangala, o jovem central já internacional AA por França tem tudo para nesta temporada se afirmar definitivamente como o “patrão” da defesa “azul e branca”. Muito forte fisicamente e com uma capacidade de impulsão prodigiosa, domina o jogo aéreo e revela um bom sentido posicional. É um dos defesas centrais mais apetecíveis do momento e está na lista de desejos dos grandes colossos europeus. Pode desempenhar também a função de defesa esquerdo. A seu lado estará Nicolás Otamendi. Este internacional argentino que também pode fazer a posição de defesa direito tem sido, desde que chegou ao Dragão, imprescindível para os vários treinadores que por ali passaram. Mais discreto mas com uma qualidade e uma atenção em campo que contribuem para que o FC Porto tenha tido a melhor defesa dos últimos campeonatos disputados. A principal alternativa a esta dupla será o brasileiro Maicon. Destaca-se pela sua envergadura e pelo domínio aéreo tanto nos lances defensivos como ofensivos. Uma lesão na época transata e a entrada fulgurante de Mangala no onze relegaram-no para o banco de suplentes. Porém, com Maicon em campo a defesa manterá o seu equilíbrio e solidez habituais. Uma vez mais verifica-se a polivalência dos defesas centrais portistas. Em caso de necessidade este poderá ocupar o corredor direito da defensiva “azul e branca”. A completar o quarteto de centrais está Diego Reyes. O jovem mexicano de 20 anos chega ao Dragão proveniente do América do México a troco de cerca de 7 milhões de euros. Apontado como um dos jovens mais talentosos na sua posição terá a oportunidade de evoluir no contexto do futebol europeu precisando, para tal, do necessário período de adaptação. Uma entusiasmante jovem promessa que também pode atuar a médio defensivo. O português Rolando, sem espaço no clube, será transferido e o jovem senegalês Abdoulaye Ba deverá evoluir na equipa B ou ser emprestado para ganhar mais rotinas de jogo. As laterais do FC Porto estão entregues a dois jovens brasileiros muito promissores, garantindo a necessária segurança defensiva e uma grande profundidade no ataque. À direita surge Danilo um jogador que terá em 2013/14 todas as condições para explodir, afirmando-se a nível internacional. Tem sido um dos destaques da pré-época portista. Na esquerda encontramos Alex Sandro que na época transata foi muito regular jogando sempre com uma intensidade muito elevada e uma qualidade assinalável. Numa conjuntura em que os bons laterais esquerdos escasseiam, este jovem internacional brasileiro tem uma técnica, uma velocidade e uma entrega ao jogo ímpares que fazem dele um dos jovens mais promissores do Mundo na sua posição. Jorge Fucile, resgatado para esta época por Paulo Fonseca, surge como uma alternativa válida aos dois jovens laterais brasileiros. Experiente, conhecedor da realidade do futebol português e em particular da mística de vitórias do FC Porto, será com certeza muito útil neste novo elenco portista.

Se na temporada transata os comentadores apontavam a escassez de médios como uma das falhas do FC Porto, este ano o clube apresenta-se com um maior número de soluções para a zona intermediária. Fernando continuará a ser uma das principais referências dos dragões. Experiente, titular e já habituado aos grandes palcos, o “Polvo” parece encher o meio-campo, com um ótimo sentido posicional e uma agressividade saudável que fazem dele um verdadeiro “ladrão de bolas”. Lucho González, “El Comandante”, é o líder da equipa, o capitão. Por ele passa todo o jogo portista, é o “cérebro” da equipa, o portador da mística, um símbolo do clube e do nosso campeonato. A saída de João Moutinho, elemento pendular do meio campo portista, rumo a França para representar o AS Mónaco, deverá catapultar o virtuoso argentino para outra dimensão, aumentando assim a sua influência nos processos de jogo. Paulo Fonseca é adepto do “10” clássico, isto é, de um jogador que atua no apoio ao ponta de lança e Lucho perfila-se como o principal candidato para essa posição até porque os seus 32 anos já não lhe permitem grandes correrias. Héctor Herrera, reforço dos dragões, adquirido ao Pachuca do México por cerca de 8 milhões de euros, é visto por muitos como o sucessor de João Moutinho. Foi uma das principais figuras do campeonato mexicano e chega a Portugal com ganas de conquistar um lugar no meio-campo “azul e branco”. Steven Defour, o versátil internacional belga que pode ocupar o centro e a zona mais recuada do setor intermediário e Castro, que para além de polivalente é um produto da formação do FC Porto, têm uma palavra a dizer nesta luta salutar, perfilando-se como boas soluções. Este setor foi ainda reforçado com o “regressado” Josué, proveniente do FC Paços de Ferreira. Este jovem português formado no clube tem sido aposta de Paulo Fonseca nesta pré temporada e está muito empenhado em agarrar um lugar no plantel portista. Em caso de necessidade, o habitual lateral direito Danilo poderá emprestar outra dinâmica ao meio-campo dos “dragões”. Tiago Rodrigues, jovem que foi um dos destaques da boa campanha do Vitória SC que culminou com a conquista da Taça de Portugal e Carlos Eduardo, brasileiro tecnicista proveniente do GD Estoril Praia parecem não ter muito espaço neste plantel, podendo ser emprestados até ao encerramento do mercado de transferências de modo a poderem jogar com mais regularidade.

O setor mais ofensivo do plantel portista concentra muita juventude que aliada à maturidade competitiva de alguns jogadores promete encantar os exigentes adeptos portistas. Nos corredores ofensivos, muitos jovens que buscam uma oportunidade: Kelvin, o herói improvável do último campeonato, garantiu um lugar no plantel e quer dar continuidade ao seu estado de graça entre os adeptos com boas exibições; Juan Manuel Iturbe, de regresso após um empréstimo ao CA River Plate, tem impressionado nesta pré-época com golos, assistências e exibições vistosas; Licá, recrutado ao GD Estoril Praia, deseja dar continuidade ao bom desempenho efetuado na Amoreira; Ricardo, internacional sub-20 português espera ver recompensada a sua excelente época em Guimarães. Contudo, a abundância de soluções poderá levar ao empréstimo de alguns destes jovens para que não estagnem o seu desenvolvimento futebolístico. Silvestre Varela e Marat Izmaylov garantem experiência na posição e Juan Fernando Quintero, fantástico internacional sub-20 colombiano recrutado ao Pescara de Itália por aproximadamente 5 milhões de euros será o “herdeiro” de James Rodríguez que acompanhou João Moutinho rumo ao AS Mónaco. Contudo será necessário tempo para que a jovem promessa colombiana se adapte a esta nova realidade. Aos adeptos portistas fica a garantia de um futuro assegurado na posição. Os quadros do clube contam ainda com Christian Atsu. Porém o ganês, que está no último ano de contrato, já afirmou o seu desejo de rumar a outras paragens não entrando, por isso, nas contas do treinador Paulo Fonseca.

No eixo do ataque, Jackson Martínez é rei e senhor. O melhor marcador da última edição da Liga Zon Sagres com 26 golos tem no seu instinto “matador” a sua principal qualidade que, aliadas a uma velocidade e sobretudo à técnica apurada que apresenta em campo fazem deste colombiano um dos artilheiros mais apetecíveis do mercado de transferências. Esta temporada terá a concorrência de Nabil Ghilas. O franco-argelino foi uma das principais surpresas da última edição do nosso campeonato. Atuando no último classificado, o Moreirense FC apontou 13 golos na liga, algo notável. Aliadas à sua capacidade concretizadora, a sua força e velocidade fizeram dele um avançado muito cobiçado. Nunca escondendo o sonho de um dia atuar na Premier League, Ghilas foi muito disputado por equipas estrangeiras e nacionais, motivando um duelo entre o FC Porto e o Sporting CP pela sua contratação. Atraído pela Liga dos Campeões e pelas melhores condições oferecidas pelos tricampeões nacionais, Ghilas será a “sombra” de Jackson Martínez e com certeza aproveitará as oportunidades que lhe forem concedidas. 

Por Adolfo Serrão

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