Um dos
projetos das periferias europeias com mais expectativas depositadas no início
da presente temporada por parte da imprensa desportiva era o do Galatasaray SK,
um clube turco que tinha dado nas vistas na época transata após vencer
inapelavelmente o campeonato nacional e de morder os calcanhares ao Real Madrid
CF, na altura treinado por José Mourinho, nos quartos-de-final da Liga dos
Campeões. Com um plantel bem apetrechado de vastas soluções e alicerçado com
elementos com traquejo continental e com um técnico de nacionalidade turca e já
um profundo conhecedor da realidade deste emblema (Fatih Terim), tudo parecia
indicar para um sucesso interno sem grande contestação e para voos europeus de
maior travessia. Contudo, apesar da 5ª Supertaça Turca conquistada, Terim
acumulou resultados negativos internos e uma goleada em casa precisamente
diante do Real Madrid a contar para a fase de grupos da Liga dos Campeões ditou
a chicotada por parte da direção. O sucessor foi nada mais nada menos que o
italiano Roberto Mancini, que, após uma campanha relativamente bem-sucedida ao
leme do Manchester City, foi o escolhido para levar o Galatasaray aos objetivos
propostos.
Ainda com
Fatih Terim ao leme da equipa otomana, o Galatasaray garantiu a contratação de
alguns elementos com vasta experiência europeia como Felipe Melo, Aurelien
Chejdou e Umut Bulut mas, já com Mancini, esse leque foi alargado através de
jogadores como Izet Hajrovic ou Koray Günter, sendo reembolsado através de
empréstimos de outros com um rendimento abaixo do esperado, como o português
Bruma (maior investimento da época, 10M proveniente do Sporting CP) e como o
camaronês Dany Nounkeu. A chegada de Mancini a 30 de setembro trouxe uma
renovada confiança à equipa mas nunca conseguiu os resultados esperados na Liga
(o Fenerbahçe já mantinha uma vantagem interessante sobre o 2º posto). 13
vitórias, 1 empate e 4 derrotas foi o melhor conseguido pelo italiano, que,
mesmo após 3 meses internamente invencível e de manter um registo de apenas
vitórias no seu terreno até à humilhante derrota por 0-4 diante do Kasimpasa,
ainda não consegue cumprir com as expectativas internas e externas e sobrando
apenas a Taça para poder acrescentar ao seu palmarés (jogará esta quarta-feira
diante do Eskisehirspor). Na componente internacional, a formação turca
conseguiu ultrapassar a fase de grupos, eliminando a Juventus após um jogo
disputado à tarde num terreno bastante danificado climatericamente, mas caiu
perante o Chelsea após empatar em casa a 1 e uma derrota em Stamford Bridge por
2-0, não garantindo, assim, a meia-final que permitiria a Mancini arrecadar 7
milhões de euros como firmava uma das cláusulas expostas no seu contrato.
O plantel,
como apontado acima, apresenta uma mescla de elementos oriundos do país turco e
de outros com vasta experiência nas principais ligas europeias e as nuances
táticas presentes representam um 4x4x2 com muito pendor de posse de bola, com
uma construção apoiada e paciente assente na maturidade dos seus jogadores e
com uma linha defensiva que ocupa espaços adiantados no terreno e que utiliza
um sistema de pressão alta. Na baliza, encontra-se o guardião titular da
seleção uruguaia Fernando Muslera, um dos elementos preponderantes da equipa,
com a solução de banco a ser o jovem promissor de 1,97m Eray Iscan. A linha
defensiva conta com dois experientes laterais em Hakan Balta e Emmanuel Eboué e
com dois centrais de créditos firmados em Semih Kaya e Aurelien Chedjou,
alicerçados em duas outras soluções de banco em Dany Nounkeu , o jovem
potencial Koray Gunter e Gokhan Zan que oferecem suficientes garantias a
Mancini. O setor intermédio é constituído por dois futebolistas mais fixos e de
transmissão de equilíbrio à equipa que costumam ser Felipe Melo e Selçuk Inan
(Yekta Kurtulus é um recurso a recorrer em caso de ausência) e outros dois que
ofensivamente causam mais apoquentações às defesas oponentes em Sabri Sarioglu
e Wesley Sneijder (Izet Hajrovic e Emre Çolak afirmam-se como duas soluções de
futuro). O ataque tem armas letais e profícuas de nacionalidade turca (Umut
Bulut e Burak Yilmaz possuem faros de golo bastante reforçados) e consolidadas
pela grande figura internacional da equipa que é o costa-marfinense Didier
Drogba, que permanece com atração magnética à baliza.
Apesar de
todos os atributos reconhecidos a esta formação do Galatasaray SK e da presença
na final da taça na próxima quarta, esta equipa turca desapontou interna e
externamente tendo em conta a qualidade dos recursos ao dispor de um treinador
experiente internacionalmente e com um vasto palmarés na sua bagagem, pelo que
o projeto mostrou algumas debilidades e não conseguiu arrecadar o bicampeonato
nacional e garante apenas a qualificação para a fase de grupos da Liga dos
Campeões pela punição efetuada ao Fenerbahçe por duas épocas que determina a
ausência deste clube das competições europeias. Tudo aponta para que a falta de
know-how do técnico em relação ao futebol turco e a carência de tempo para que
a equipa assimile os métodos pretendidos pelo italiano sejam as causas deste
fracasso, pelo que a próxima época pode atenuar estes efeitos.
Artigo
escrito por: Lucas
Brandão
Imagens: squawka.com
/ redditmedia.com /uefa.com
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