Vivem-se tempos de
mudança no Dragão. A época transata deixou a nu as fragilidades de uma equipa
que, embora apresentasse um onze inicial de respeito, nunca teve soluções para
inverter o rumo de um jogo menos conseguido. Paulo Fonseca foi uma aposta claramente
falhada, os reforços, maioritariamente recrutados a nível interno, pouco
acrescentaram e os resultados demonstraram o pior FC Porto que me lembro de ver
jogar.
Soou o alarme numa
estrutura pouco habituada a fracassos. Embora o seu trabalho tenha saído
valorizado e tenha conquistado o respeito de adeptos e adversários, Luís
Castro, homem da casa, regressou à equipa secundária dos “azuis e brancos”.
Qual bombeiro, foi chamado a intervir perante uma situação de emergência e
conseguiu minimizar o impacto de uma temporada atípica. Quando a generalidade
dos comentadores e da imprensa apontavam ao comando da equipa portista um
treinador experiente e com tarimba no futebol europeu, eis que Pinto da Costa e
seus pares apostaram em Julen Lopetegui. É um jovem
treinador espanhol, desconhecido do público em geral e com um curriculum demonstrativo
da sua inexperiência ao mais alto nível no futebol europeu. O basco conta com
passagens por equipas secundárias do futebol espanhol relevando-se o seu
trabalho nas seleções jovens de Espanha, tendo conquistado um Campeonato da
Europa de sub-19 em 2012 e outro pela categoria de sub-21 em 2013.
Apesar
da sua pouca experiência é claramente uma aposta forte da direção portista,
tendo rubricado um contrato válido por três temporadas. A confiança depositada
no técnico basco de 47 anos espelha-se ainda na construção daquele que será o
plantel do FC Porto para a temporada 2014/2015. Fruto da participação no playoff de
acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, os “dragões” encontram-se já numa
fase mais adiantada da pré-temporada, tendo, com efeito, estado bastante ativos
no mercado de transferências de modo a ter uma equipa já devidamente entrosada
para o arranque oficial da época, que coincide com a eliminatória acima
referida, que em caso de vitória dará acesso à mais vistosa montra do futebol
europeu.
Lopetegui tem tido total liberdade no que concerne ao escalonamento do
plantel. Os reforços portistas têm “o dedo” do técnico que tem privilegiado o
ingresso no clube de jovens internacionais espanhóis com os quais já teve
oportunidade de trabalhar, ou, então, de atletas internacionais provenientes de
La Liga, que o basco tão bem conhece. Fazendo
uma análise global ao plantel portista, que, por força do mercado de
transferências, ainda não se encontra fechado, verifica-se um aumento de
qualidade e quantidade na zona mais ofensiva do terreno de jogo.
Em
comparação com a temporada transata, o meio-campo do FC Porto encontra-se bem
mais apetrechado, o que pode permitir um nível de fluidez de jogo muito
superior ao exibido em 2013/2014. Destaca-se, porém, a perda de Fernando. O
“Polvo”, que foi o pêndulo e o porto seguro dos “dragões” nos últimos anos,
transferiu-se para o Manchester City de Inglaterra. Era na minha opinião, o
jogador mais importante da equipa, o seu ponto de equilíbrio, o dínamo do onze
inicial. Para o seu lugar chegou Casemiro, jovem brasileiro
proveniente do Real Madrid. É um jogador diferente, o que fará com que,
naturalmente, a equipa se exiba em campo de uma forma diferente daquela a que
nos habituou. A nível defensivo não oferece a segurança que Fernando oferecia
mas, em compensação, o Porto poderá beneficiar nas transições defesa-ataque uma
vez que Casimiro é um médio defensivo talhado para iniciar o processo de
construção de jogo, sendo, nesse aspeto, mais “atrevido” que Fernando.
Josué,
aposta de Paulo Fonseca, que foi desaparecendo das opções no desenrolar da
época passada parece não contar para Lopetegui. Há Herrera, que
regressa à Invicta após, finalmente, dar mostras do seu real valor no Mundial
do Brasil ao serviço da seleção mexicana, onde se consagrou como um dos
melhores médios e, seguramente, uma das principais revelações da prova. Óliver Torres,
emprestado pelo Atlético de Madrid, Juan Quintero e
o recém-contratado ao Granada, o argelino Brahimi, garantirão,
certamente, futebol espetáculo. Ambos são muito dotados tecnicamente,
apresentam grande qualidade na posse de bola e oferecerão muitas soluções ao
treinador, consoante os jogos, as diversas competições e o tipo de adversário.
Comparativamente às opções ao dispor de Paulo Fonseca e Luís Castro há um
nítido upgrade no meio campo onde anteriormente pontificavam,
para além do indiscutível Fernando, ora Josué, ora Defour (o belga
provavelmente será transferido) ora Herrera, que ainda se encontrava em fase de
adaptação. Para esta temporada não se podem descurar, ainda, os nomes de Evandro,
um dos principais destaques do nosso campeonato, contratado ao Estoril, médio
muito forte nas bolas paradas, no municiamento ao ataque e, sobretudo, com,
chegada à área e faro de golo, fruto do seu potente remate e Carlos Eduardo,
que demonstrou qualidade, a espaços, na passada temporada.
No ataque o
esforço demonstrado na manutenção do goleador colombiano Jackson Martínez é
um sinal revelador da enorme vontade do FC Porto em reconquistar o título
perdido. Para acompanhá-lo chegou Adrián López,
espanhol, campeão pelo Atlético de Madrid e que conviveu com outro goleador,
aliás, o máximo goleador espanhol de La Liga, Diego Costa. Embora não fosse um
titular na equipa guerreira de “Cholo” Simeone, aproveitou bem o tempo que lhe
foi concedido. Mais um claro acréscimo de qualidade. Poderá desempenhar funções
no eixo ou nas alas. Ghilas, que passou um ano na sombra do Cha Cha Cha, deverá
ser emprestado para jogar, uma vez que com Jackson e Adrián será muito difícil
ter minutos neste renovado plantel azul e branco.
Quaresma, regressado em
janeiro, deu algum brilho a uma equipa que muitas vezes pareceu estar à deriva
em busca do norte. As suas trivelas, os seus dribles e a sua magia deram
encanto a um FC Porto muito cinzento. Este ano porém, o “Mustang” não atuará a
solo. Cristian Tello chega do Barcelona desejoso
por minutos e com ânsia em brilhar também. Tapado no plantel culé,
foi um desejo expresso de Lopetegui contribuindo para o aumento do contingente
espanhol no Dragão. Indubitavelmente um dos jogadores mais entusiasmantes que
aterrou em Portugal neste defeso. Técnica, velocidade e visão de jogo, com o
certificado de qualidade de La Masia. Licá nunca demonstrou
qualidade para jogar a este nível e com naturalidade deverá sair. Kelvin, que
já tem o seu lugar reservado na história do clube, parece não ter convencido
Lopetegui e a sua saída é uma possibilidade. Com o mesmo cenário poder-se-á
deparar o internacional português Silvestre Varela.
Após cinco temporadas de dragão ao peito vê o seu espaço no plantel cada vez
mais reduzido em virtude das caras novas que chegaram nesta pré-temporada. O
desenlace da época transata vincou a necessidade de um novo fulgor ao nível de
extremos e a qualidade exibicional bem como a capacidade de decisão do português
tem vindo a decair de época para época. Ricardo terá
dificuldades em se impor, fruto da qualidade e quantidade ao dispor de
Lopetegui. Contudo soube aproveitar, na época passada, os minutos que teve,
sobretudo com Luís Castro, e a sua polivalência poderá ser útil para enfrentar
uma temporada que se prevê longa. Sami é proveniente do
Marítimo, tem estado em destaque nesta pré-temporada e revela ambição em
agarrar uma vaga neste plantel. De referir que os já citados Torres, Quintero,
Brahimi e Adrián poderão, igualmente, derivar para uma das alas.
Em contraste com a abundância e a qualidade do meio campo e o ataque, o setor defensivo é aquele que ainda me levanta algumas dúvidas, sobretudo confirmando-se a mais que provável saída de Mangala, o patrão da defesa. Mantêm-se os laterais Danilo e Alex Sandro que, contudo, terão que apresentar um nível superior ao de 2013/2014, o que será facilitado pela maior qualidade deste plantel. A falta de alternativas aos dois laterais brasileiros foi um dos fatores do fracasso dos azuis e brancos na temporada transata. Uma falha grave, reveladora, porventura, de algum acomodamento e falta de critério na construção do plantel. Este ano chegou o internacional ganês Opare, defesa direito para concorrer com Danilo. Fica a faltar uma alternativa para o lado canhoto da defensiva. José Ángel, que na última temporada atuou no campeonato espanhol ao serviço da Real Sociedad pode ser o concorrente que tem faltado a Alex Sandro. Maicon parece-me, pela sua qualidade, experiência e tempo de casa, ser um dos indiscutíveis no eixo da defesa. Forte no jogo aéreo e nas bolas paradas, um líder em campo, deverá ter lugar cativo. O mexicano Reyes, pese a sua juventude, ainda não me convenceu. Demonstrou num passado ressente demasiados erros para ser titular. Terá que crescer ainda e no Dragão é prática comum a concessão desse tempo de adaptação que, neste caso se está a alongar demasiado. Reyes traduziu um avultado investimento, tem tido oportunidades e com Lopetegui esta época poderá dissipar as minhas dúvidas acerca de ser uma jovem promessa que está a completar o seu processo de adaptação ao futebol europeu ou se se trata de um erro de casting. Bruno Martins Indi reforçou os dragões proveniente do Feyenoord. Nascido no Barreiro este internacional holandês entrou para a ribalta ao ser convocado por Van Gaal para o Mundial do Brasil onde foi titular, contribuindo para o brilhante terceiro lugar alcançado pela Laranja Mecânica. Deverá ocupar a vaga deixada em aberto por Mangala. Polivalente, desempenha igualmente as funções de defesa esquerdo. O chileno Igor Lichnovsky, conhecido como o “Piqué azul” irá provavelmente evoluir na equipa b portista. Aos 20 anos terá a sua primeira experiência na Europa, após a sua formação no Universidad de Chile. Será o quarto central da equipa principal, deverá ter minutos nas taças, jogando regularmente pela formação secundária do FC Porto, sob as ordens de Luís Castro. Abdoulaye regressou de empréstimo em janeiro e surpreendeu-me ao ser titular no campeonato. É um jogador que apesar da sua grande envergadura e estampa física, não consegue disfarçar as suas debilidades técnicas. Será muito provavelmente dispensado. É outro jogador que, tal como Licá e até Josué, não têm qualidade técnica para um clube destas dimensões.
Em contraste com a abundância e a qualidade do meio campo e o ataque, o setor defensivo é aquele que ainda me levanta algumas dúvidas, sobretudo confirmando-se a mais que provável saída de Mangala, o patrão da defesa. Mantêm-se os laterais Danilo e Alex Sandro que, contudo, terão que apresentar um nível superior ao de 2013/2014, o que será facilitado pela maior qualidade deste plantel. A falta de alternativas aos dois laterais brasileiros foi um dos fatores do fracasso dos azuis e brancos na temporada transata. Uma falha grave, reveladora, porventura, de algum acomodamento e falta de critério na construção do plantel. Este ano chegou o internacional ganês Opare, defesa direito para concorrer com Danilo. Fica a faltar uma alternativa para o lado canhoto da defensiva. José Ángel, que na última temporada atuou no campeonato espanhol ao serviço da Real Sociedad pode ser o concorrente que tem faltado a Alex Sandro. Maicon parece-me, pela sua qualidade, experiência e tempo de casa, ser um dos indiscutíveis no eixo da defesa. Forte no jogo aéreo e nas bolas paradas, um líder em campo, deverá ter lugar cativo. O mexicano Reyes, pese a sua juventude, ainda não me convenceu. Demonstrou num passado ressente demasiados erros para ser titular. Terá que crescer ainda e no Dragão é prática comum a concessão desse tempo de adaptação que, neste caso se está a alongar demasiado. Reyes traduziu um avultado investimento, tem tido oportunidades e com Lopetegui esta época poderá dissipar as minhas dúvidas acerca de ser uma jovem promessa que está a completar o seu processo de adaptação ao futebol europeu ou se se trata de um erro de casting. Bruno Martins Indi reforçou os dragões proveniente do Feyenoord. Nascido no Barreiro este internacional holandês entrou para a ribalta ao ser convocado por Van Gaal para o Mundial do Brasil onde foi titular, contribuindo para o brilhante terceiro lugar alcançado pela Laranja Mecânica. Deverá ocupar a vaga deixada em aberto por Mangala. Polivalente, desempenha igualmente as funções de defesa esquerdo. O chileno Igor Lichnovsky, conhecido como o “Piqué azul” irá provavelmente evoluir na equipa b portista. Aos 20 anos terá a sua primeira experiência na Europa, após a sua formação no Universidad de Chile. Será o quarto central da equipa principal, deverá ter minutos nas taças, jogando regularmente pela formação secundária do FC Porto, sob as ordens de Luís Castro. Abdoulaye regressou de empréstimo em janeiro e surpreendeu-me ao ser titular no campeonato. É um jogador que apesar da sua grande envergadura e estampa física, não consegue disfarçar as suas debilidades técnicas. Será muito provavelmente dispensado. É outro jogador que, tal como Licá e até Josué, não têm qualidade técnica para um clube destas dimensões.
Na
baliza reside o principal mistério do FC Porto versão 2014/15. Helton encontra-se
ainda a recuperar da grave lesão contraída em Alvalade e inclusive especula-se
sobre o facto de poder ter colocado um ponto final na sua carreira. Fabiano tem
sido titular na pré-época mas parece não ter a confiança de Lopetegui. Muito
forte dentro dos postes, tem lugar assegurado no plantel mas provavelmente será
suplente novamente. Ricardo, contratado à Académica, parte atrás de
Fabiano na corrida à titularidade. Lopetegui deseja um homem da sua confiança a
guardar as redes dos “dragões”. Os nomes citados parecem não satisfazer o
técnico basco, pelo que o FC Porto está no mercado por um novo guarda-redes.
Andrés Fernández, guardião espanhol do Osasuna, bem conhecido por Lopetegui,
tem sido colocado insistentemente pela generalidade da imprensa desportiva como
estando muito próximo de assinar pelos “dragões”.
Feita
esta análise ao plantel do FC Porto, pela objetividade com que os “dragões” se
estão a reforçar neste mercado de transferências parecem-me ocupar a pole
position na candidatura ao título em 2014/2015. Negativamente destaco
a política de empréstimos que tem sido seguida pelos azuis e brancos. Casimiro,
Torres e Tello são algumas das caras novas para esta temporada, jovens
potenciais titulares, emprestados, respetivamente, por Real Madrid, Atlético de
Madrid e Barcelona. Sou da opinião que os clubes portugueses devem apostar na
formação de jogadores ou, alternativamente, na compra de jovens a um preço
acessível para que os potenciem e posteriormente os possam vender para os
grandes “tubarões” europeus por valores elevados, compensando deste modo o
investimento na formação ou na compra do jovem atleta. Porém, esta opção do FC
Porto, pontual (eu pelo menos não tenho memória de tantos reforços que chegaram
a título de empréstimo em épocas transatas), demonstra a enorme vontade
manifestada em voltar a ser campeão no imediato. Face à crise económica e
financeira que atravessamos o FC Porto tem, deste modo, acesso a jogadores que
de outra forma não os conseguiria obter.
Face a
um SL Benfica que está a ser dilacerado perante o ataque dos clubes mais ricos
e poderosos da Europa aos principais obreiros do título do ano passado e um
Sporting CP que está limitado por um orçamento reduzido, o FC Porto parte à
frente na corrida ao título. Porém, importa salientar que nos encontramos ainda
em fase de preparação da época desportiva, o mercado está aberto e as próximas
semanas prometem novidades. Ainda muita coisa pode acontecer e só em meados de
maio se conhecerá o campeão. Por agora resta esperar que a bola comece a rolar.
Artigo escrito por: Adolfo Serrão
Imagens: abola.pt /
record.xl.pt
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