Com
a maioria dos campeonatos do Velho Continente a já terem arrancado, a primeira
liga italiana, também conhecida como Calcio ou Serie A, será iniciada no último
fim-de-semana de Agosto e com o habitual formato de vinte formações que se debatem
em trinta e oito partidas. Com a Juventus FC a ser a grande favorita para dar seguimento ao
seu tricampeonato e consolidar um recorde, a AS Roma e o SSC Napoli aprumaram-se
tanto em quantidade como em qualidade individual e coletiva e prometem ser
fortes ameaças ao trono dos "bianconeri". Com a ACF Fiorentina (com Mário Gómez
pronto a exibir em pleno todos os predicados de goleador que lhe moldaram a
carreira) e as formações milanesas FC Internazionale Milano e AC Milan destinadas a competir por
um lugar europeu, não estarão isoladas pois tanto o Parma FC como a SS Lazio e o
Torino FC se mostram com argumentos de vulto para animar uma competição que tem
sido vista em quebra, com a fraca competitividade pelo primeiro lugar e pelos
desempenhos menos assinaláveis num panorama europeu a comprovarem esta teoria e
a urgir uma mudança de paradigma do estilo futebolístico imposto pela velha
escola transalpina.
Começando
por uma análise pormenorizada do defeso de cada formação, saluta-se
primeiramente a tricampeã Juventus FC, que sofreu uma debandada no comando
técnico, com o herói da casa Antonio Conte a não acordar com a direção na
política de contratações e a dar lugar ao fortemente contestado Massimiliano
Allegri, ex-técnico e campeão pelo AC Milan na época de 2010/2011. Mantendo-se
como a grande favorita para arrecadar o campeonato e, por conseguinte, o
inédito tetra nos pergaminhos do clube por manter a base da equipa da temporada
transata e por reforçar cirurgicamente algumas posições que careciam de menos
soluções, como com o lateral esquerdo Patrice Evra, os médios Rômulo e Roberto
Pereyra ou o avançado espanhol Alvaro Morata. Discutindo-se ainda mais
entradas, outro dos objetivos desta campanha trata-se de um registo mais
condizente com o historial dos turinenses na Liga dos Campeões.
Numa
segunda linha, seguem-se os restantes declarados candidatos ao título, com as
equipas da AS Roma e SSC Napoli. A primeira, treinada pelo francês Rudi Garcia,
mostrou surpreendentes níveis de consistência na temporada passada, acrescentou
soluções ao plantel, tanto irreverentes (Juan Manuel Iturbe, estrela no Hellas
Verona) como experientes (Ashley Cole ou Seydou Keita) e manteve as pedras
basilares do êxito da campanha transata, tendo mais argumentos para a disputa
vindoura. Quanto à formação do sul de Itália, o treinador Rafael Benítez possui
um leque de ótimas individualidades mas que foi adquirindo processos coletivos
consoante a época passada ia decorrendo, apesar de conquistar a Coppa Italia à
Fiorentina. A ameaça proveniente desta equipa intensificar-se-à na problemática
relativa ao título, apesar de ressentida com as saídas de Valon Behrami ou
Pablo Armero.
Nos
lugares relativos à qualificação para os lugares europeus, podemos integrar
clubes como os eternos rivais de Milão, FC Internazionale Milano e AC Milan, Parma FC,
TorinoFC , ACF Fiorentina ou SS Lazio. A equipa do AC Milan não garantiu a presença nas
competições europeias na passada temporada e foi vítima de uma remodelação ao
nível da equipa sénior. Saiu Clarence Seedorf e entrou outro menino pródigo da
casa dos rossoneri para o leme de uma estrutura com muitas caras novas, como
Jérémy Ménez, Pablo Armero ou o campeão europeu Diego López. Quanto ao Inter,
que já iniciou a sua época oficial na Liga Europa à semelhança do Torino,
conseguiu dotar, a partir do técnico Walter Mazzari, o seu plantel de mais
soluções, como o ingresso de Nemanja Vidic, de Daniel Osvaldo e outros
elementos que, maioritariamente, figuraram como destaques da Serie A. A
Fiorentina garantiu um posto na fase de grupos da Liga Europa após um
campeonato algo oscilante mas cumprido, com Vincenzo Montella a estrear-se no
comando de uma equipa profissional e a manter-se. Com Mario Gomez desta vez na
máxima força e a querer prolongar o seu pecúlio goleador, a formação viola
conseguiu uma pré-época praticamente imaculada e com vários registos
interessantes diante de equipas de qualidade.
Partido
um pouco atrás das formações acima expostas, o Torino, que beneficiou da
desqualificação do Parma da Liga Europa por incumprimento de prazos no
pagamento de taxas, ingressou nesta e reforçou-se com elementos de larga
experiência no futebol italiano como Cristian Molinaro, Antonio Nocerino ou Fabio
Quagliarella, terá uma palavra séria a dizer no que toca a estes postos, com o
veteraníssimo Giampiero Ventura a guiar esta equipa. O Parma, do central
português Pedro Mendes, parte com um plantel pouco mexido neste defeso e será
outra formação a ter em conta, assim como a Lazio, de Bruno Pereirinha, que
conta com uma equipa matura e disponível para estas andanças, apesar do
currículo do novo técnico Stefano Pioli deixar algo a desejar.
Quanto
às contas da permanência e com a Udinese do virtuoso Bruno Fernandes e do
veterano Di Natale (treinados agora pelo italiano Stramaccioni), o Hellas
Verona de Luca Toni e o Genoa um patamar acima das restantes; existem várias
formações que vão animar a luta por estes lugares, relembrando que Livorno,
Bolonha e Catania foram despromovidos ao inverso do Palermo, do Empoli e do
Cesena e afigurando-se as formações do Chievo de Verona, do Cagliari, do Empoli
e do Cesena como as mais propícias a acabarem na Serie B em Maio. Destacam-se
algumas individualidades nas coletividades que se englobam nesta questão, como
Domenico Berardi do Sassuolo a afirmar-se como um caso sério no ataque e
afigurando-se como uma futura mais-valia na Squadra Azzurra ou o experiente
Francesco Tavano, de 35 anos, que foi crucial na promoção do Empoli com 17
golos.
Sistematizando,
a Serie A dispõe de três grandes focos de interesse: a luta pelo título entre
Juventus FC, AS Roma e SSC Napoli; o embate para a conquista dos lugares europeus
entre FC Internazionale Milano, AC Milan, SS Lazio, Torino FC, ACF Fiorentina e
Parma FC; e a fuga à despromoção à Serie B, com as restantes formações
excluindo talvez a Udinese Calcio, o Hellas Verona FC e o Genoa CFC a fazerem
parte do lote de integrantes nesta luta. Apesar de uma nova geração de
treinadores emergir, as reformulações necessárias para se atingir voos outrora
tangíveis a nível continental tardam em surgir, com ideias expostas ainda de
forma tímida em equipas como a Fiorentina ou o Nápoles, que tentam jogar um
futebol de posse, atrativo e com golo. Com a Juventus FC a ser ainda a única
potência capaz de tanto dominar a nível nacional como imiscuir-se na competição
por êxitos europeus, as teorias enraizadas da década de 90 vindas dos
apologistas do Catenaccio ainda estão bem vincadas e a evolução, apesar de contar
com algumas iniciativas, ainda requer alguma consistência e tempo para ser
definitivamente estabelecida e sedimentada. Até lá, algumas faíscas vão
iluminando um futebol ainda obsoleto e sem grandes noções práticas de ataque
continuado, organizado e dinâmico.
Artigo escrito por: Lucas Brandão
Imagens: sportefun.com / ansa.it / goal.com / forzaitalianfootball.com
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