30 de setembro de 2014

Liga Portuguesa 2014/15 (6ª Jornada): Um duelo de contrastes

Sporting CP vs FC Porto (1-1)
Jonathan Silva 2'; Mouhamadou-Naby Sarr (ag) 56'

A jornada seis trouxe-nos como cabeça-de-cartaz um escaldante Sporting CP vs FC Porto, partida marcada por uma grande intensidade, ocasiões parte-a-parte mas com o resultado a não agradar especialmente nenhuma das equipas intervenientes (o FC Porto somou o terceiro empate consecutivo enquanto o Sporting CP averba apenas duas vitórias em seis partidas). Os "leoninos" fizeram uma grande primeira parte, com muita fluidez na circulação de bola e com os extremos muito ativos no jogo, mas na segunda metade os "dragões" equilibraram as operações, com as entradas de Óliver Torres e de Cristian Tello a terem forte impacto na mudança no cariz de jogo (as debilidades defensivas do Sporting também ajudaram). André Carrillo fez uma partida fantástica (um dos melhores jogos de leão ao peito), João Mário voltou a acrescentar qualidade no miolo e Patrício segurou o empate nos derradeiros minutos da partida. Nos "dragões", destacar a boa partida da dupla de centrais (exímia no jogo aéreo) e as entradas de Óliver Torres e Cristian Tello. Duas notas finais: no Sporting CP, fica a ideia que apesar dos resultados menos positivos, a equipa até tem exibido um futebol mais atrativo e exercido um maior caudal atacante, mas para se obter outro tipo de resultados aspetos como a finalização (podiam ter sentenciado o jogo na primeira parte, já para não falar de outras partidas onde o desperdício foi evidente) e a linha defensiva (com Sarr-Maurício será complicado ambicionar títulos) terão que forçosamente melhorar. Já no FC Porto, apesar da qualidade do plantel e de bons momentos já protagonizados pela equipa, fica a ideia que o futebol é por vezes bastante “mastigado”, com várias trocas de passes na linha defensiva, que para além de não ser objetiva ofensivamente, ainda põe a equipa em maior perigo defensivo.

GD Estoril Praia vs SL Benfica (2-3)
Diogo Amado 38’ e Kléber 53’; Anderson Talisca 3’ e 8’ e Lima 70’

O grande beneficiado do desfecho do clássico foi indubitavelmente o SL Benfica, que conseguiu trazer os três pontos da Amoreira. Tal como têm acontecido em outras partidas, o SL Benfica entrou bastante pressionante na partida e acabou por chegar rapidamente a uma vantagem de dois golos (com muita passividade do GD Estoril Praia à mistura). Porém, o jogo estava longe de estar resolvido: com o crescimento de Kuca e principalmente Kléber, os canarinhos criaram boas ocasiões de golo e acabaram por chegar ao empate, e não fosse a expulsão de Cabrera os"encarnados" teriam bastantes dificuldades em levar de vencida a partida. De notar a seriedade com que as "águias" têm encarado todas as partidas, fato essencial no bom momento de forma da equipa. Agora, é um fato que apesar da maior organização colectiva se tivermos em termo de comparação igual período da época passada, é evidente que quando se passa de Garay para Jardel ou mesmo Siqueira para Eliseu (defensivamente falando) é natural que a equipa se ressinta, ainda para mais quando Júlio César tem atravessado problemas físicos (Artur já comprometeu novamente esta época) e Samaris ainda não está devidamente entrosado na equipa. Destaque para mais uma exibição positiva de Talisca e para nova entrada positiva de Derley no jogo. Nos "canarinhos", a partida deixou indícios que a equipa tem potencial para augurar o primeiro terço da tabela classificativa. Curiosamente, a linha defensiva – setor que menos se alterou em relação à época passada – é o que tem estado em pior nível, com falhas constantes de passes e falta de agressividade na abordagem dos lances. 

Lado B: Nos restantes jogos, o SC Braga deu seguimento ao registo 100% vitorioso em seu território, com Danilo (um médio defensivo com capacidade construtiva acima da média), Pedro Tiba (a denotar-se como melhor jogador da equipa até ao momento) e Zé Luís (poderá ter ganho a titularidade, com mais uma prestação positiva) a destacarem-se, num jogo marcado pela expulsão precoce (e exagerada) de Emmanuel Boateng, que complicou bastante o jogo aos vilacondenses (de notar ainda assim a boa prestação de Cássio e a boa organização defensiva até ao primeiro golo sofrido). No Bessa, mais uma vitória do crer, da ambição e da raça de um conjunto que tem surpreendido, face à qualidade dos executantes (provavelmente o pior plantel da liga) e ao pouco entrosamento dos jogadores (a equipa foi construída quase a partir do zero). Anderson Carvalho e Mika foram novamente as duas figuras do encontro, marcado também pelo regresso do “histórico” Fary (que ainda esteve no lance decisivo do encontro). No Gil Vicente FC, destaque para a exibição de Simy Nwankwo (ao nível do que tinha feito no Portimonense SC) que contrastou com a maioria dos seus companheiros. 

Na Madeira, num duelo que se adivinhava equilibrado, o CS Marítimo cilindrou o Vitória SC com uma primeira parte imaculada. Danilo foi o pêndulo de uma equipa que contou com os endiabrados Rúben Ferreira, Fransérgio e Maazou, enquanto nos vimaranenses, Nii Plange foi o rosto de uma exibição horrível, e que coloca a nu bastantes fragilidades defensivas da equipa. Os comandados de Leonel Pontes massacraram autenticamente aquela que vinha sendo até à data uma das boas surpresas do campeonato. Notável a rapidez com que os jogadores assimilaram as ideias de um novo treinador e de um novo sistema! Equipa muito compacta, que gosta de assumir o jogo e que protagoniza momentos de grande futebol. Num duelo entre equipas instáveis, levou a melhor o Vitória FC que soma assim uma vitória importante (num período onde Domingos Paciência já começava a ser contestado) frente a um irreconhecível CD Nacional (Kiko, Lupeta e Zequinha destacaram-se pela positiva). Está a ser um começo dececionante da equipa madeirense. Com a manutenção da equipa técnica, do grosso da equipa base do ano passado e até com a chegada de algumas mais-valias, esperava-se que os pupilos de Manuel Machado produzissem outro tipo de futebol e estivessem bastante acima da tabela classificativa (até porque ainda não jogaram com nenhum dos “grandes” neste arranque de temporada). Defesa desequilibrada, poucas ideias na criação ofensiva, displicência na abordagem das bolas paradas defensivas etc.etc. Um inicio para esquecer por parte do Nacional. 

A Académica estreou-se a vencer em Arouca, com o inevitável Rui Pedro a assumir o papel principal, enquanto FC Penafiel e Moreirense FC anularam-se num duelo marcado pelo pragmatismo dos treinadores, que resultou num futebol bastante calculista e muito disputado a meio-campo. No fecho da jornada, o FC Paços de Ferreira privilegiou sempre um futebol positivo e alcançou a sua primeira vitória caseira, com um jogo bastante conseguido coletivamente (Urreta e Hélder Lopes destacaram-se) frente a um Belenenses que raramente colocou em causa a superioridade pacense.

Equipa da Semana (4-4-2): Mika (Boavista FC); Jaílson (FCPaços de Ferreira), Rúben Ferreira (CS Marítimo), Ricardo (FC Paços de Ferreira) e André Pinto (SC Braga); Danilo Pereira (CS Marítimo), Fransérgio (CS Marítimo), Jonathan Urretavizcaya (FC Paços de Ferreira) e Rui Pedro (Académica); Anderson Talisca (SL Benfica) e Jucie Lupeta (Vitória FC)

Artigo escrito por: Tiago Martins
Imagens: zerozero.pt / tvi.iol.pt

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