A quarta jornada da Barclays Premier League ditou, no
seu escalonamento, o encontro entre dois teóricos candidatos ao cetro do campeonato
inglês para o Emirates Stadium, em Londres. A equipa do Arsenal FC defrontou a do
Manchester City FC e o encontro não defraudou as expetativas iniciais: apesar do
resultado (2-2) beneficiar os seus rivais, o jogo fez as delícias dos adeptos
do futebol bem jogado, com o golo na mira do primeiro ao último minuto e com
duas equipas que nas transições causavam os maiores sobressaltos, abdicando da
posse e mostrando-se ávidas de êxito.
Com dois períodos de jogo bastante
repartidos e com momentos de grande intensidade incutidos pelas duas equipas
presentes, o empate revela-se justo, apesar do ascendente do Manchester City FC se
ter arrastado desde o tento do central argentino Martín Demichelis perto do
final até ao término. A primeira parte foi marcada por várias oportunidades de
golo, inclusive uma tentativa de chapéu que findou no poste por parte do
reforço "gunner" Danny Welbeck, que se exibiu a um nível bastante aceitável e que
causou mossa, especialmente nas transições ofensivas em que o poderio físico dos
centrais dos "citizens" não teve tanto impacto e mais a ausência de velocidade a
ser crucial em dois golos dos "gunners". Apesar de conseguir quebrar por algumas
ocasiões a organização defensiva do City, esta manteve-se sempre sóbria e
tentando não facilitar, especialmente com o belga Vincent Kompany a mostrar-se
disponível como sempre e sem permitir veleidades aos homens da casa. Quanto aos
restantes elementos, tanto Gaël Clichy como Pablo Zabaleta ou Martín Demichelis foram frequentemente superados pelos virtuosos e velocistas Alexis
Sánchez (que marcou um golo de belo efeito após um excelente cruzamento de Jack
Wilshere, que fez o seu melhor encontro da presente temporada) e Danny
Welbeck.
Quanto à batalha no meio-campo, tanto "citizens" como "gunners" iam controlando as operações consoante a realização
dos seus interesses no parcial e, por isso, com muita iniciativa do Arsenal
enquanto o resultado estava 1-1 e mais City após o 2-2, após o Emirates Stadium
ser ssurpreendido com o cabeceamento de Demichelis que colocou numa posição
delicada tanto para o guardião polaco Wojciech Szczesny como para o trinco
francês Mathieu Flamini, visto que estiveram perto de chocar na interceção da
bola e com o guarda-redes a ver-se obrigado a defender com dificuldade para o
lado mas acabando por entrar. Apesar da entrada fulgurante do Arsenal FC na
primeira parte e com numerosas oportunidades de golo, foi o Manchester City o primeiro a
abrir o marcador por
intermédio do avançado profícuo Sergio Agüero após uma primorosa assistência do
espanhol Jesús Navas a potenciar uma perda de bola por parte de Flamini e
alguma descoordenação defensiva da equipa visitada (Mathieu Debuchy não brilhou
e lesionou-se enquanto Nacho Monreal fez os adeptos "gunners" suspirar pelo célere regresso
de Kieran Gibbs), com a sensação de que Laurent Koscielny se deixou antecipar
por Agüero e denotando carência de agressividade na interpretação do lance. Até
ao intervalo foram os visitantes que, através dos centrocampistas Frank Lampard
e Fernandinho, pautavam as incidências de jogo e ocasionalmente apostavam na propensão atacante de Navas e Silva para servir de
suporte a Agüero.
O segundo período patenteou uma postura
inconformada dos "gunners" que procuravam rapidamente o empate, apesar de (mais uma) exibição apagada de Mesut Özil e de algumas debilidades físicas de
Aaron Ramsey. O Arsenal FC conseguiu por intermédio de Jack Wilshere, sendo seguido
pelo golaço de Alexis onze minutos depois. Com uma notória necessidade de
defender o resultado e apesar da incursão em campo do extremo Alex Oxlade-Chamberlain, o Arsenal baixou as linhas e foi o City, aproveitando as entradas de
Edin Džeko e Samir Nasri, que adquiriu frescura e alcançou o empate
numa bola parada onde se evidenciam lacunas de posicionamento e de marcação
eficaz dos elementos mais capazes de criar mossa no jogo aéreo, com o defesa
versátil Calum Chambers a ter responsabilidades pelo espaço concedido ao
marcador Martín Demichelis. Com o ímpeto do seu lado, foram os homens de
Manchester que carregaram no acelerador com os três pontos à vista mas sem
sucesso, apesar de um golo ter ocorrido mas antecedido de fora-de-jogo e de
outra bola ao poste.
As grandes ilações que podem ser retiradas
desta partida emanam na qualidade individual que ambas as equipas possuem e na
profundidade dos plantéis (apesar de se denotar lacunas nos
elementos titulares nas laterais dos "citizens", sendo facilmente explorados
neste capítulo, especialmente por equipas pequenas; e na ausência de um patrão
da defesa que consiga ser ao mesmo tempo destemido e agressivo na interpretação
de lances de perigo e também plácido na gestão da bola no pé e com velocidade
para suster as transições em que, por exemplo, o Chelsea FC é especialista e tão
perigoso). Este encontro serviu para atestar as capacidades de ambos os
emblemas marcarem o seu visto na luta pelo título e tanto Arsène Wenger como
Manuel Pellegrini têm argumentos para arregaçar as mangas, processos bem
sedimentados, elementos capazes de desbloquear partidas mais amorfas e disputar
o ceptro até ao final das suas forças, apesar da vinda de uma carga competitiva
mais acentuada, na companhia de Chelsea FC, Liverpool FC, Manchester United FC e quiçá
Everton FC ou Tottenham Hotspur FC, no que promete ser uma das Barclays Premier League mais
competitivas dos últimos anos.
Artigo escrito por: Lucas Brandão
Imagens: the18.com / bleacherreport.net / mirror.co.uk
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