Com
uma final no campeonato da Europa de sub-19 e com a qualificação de Portugal
para o Europeu de 2015 em sub-21, existe uma clara aposta num trabalho
sustentado e interligado entre todos os escalões por parte da Federação
Portuguesa de Futebol. Apostando e rentabilizando o máximo destes jovens, os
pupilos de Hélio Sousa, de Rui Jorge e outrora de Ilídio Vale tanto frequentam
as equipas B em Portugal como disputam o campeonato português fora dos três
grandes ou emigrantes que encontraram sucesso e estabilidade em terras
forasteiras.
No setor defensivo, destacam-se Ricardo
Esgaio, lateral direito do Sporting CP com grande propensão ofensiva e com um
pecúlio de golos assinalável (33 golos em duas épocas na formação B dos leões),
revelando ainda algumas debilidades defensivas mas que vêm sendo atenuadas. Com
21 anos, promete proporcionar dores de cabeça a Cédric Soares e ao seu técnico
Marco Silva. Um dos seus companheiros de equipa é o central Paulo Oliveira,
proveniente da formação do Vitória SC, que vem conquistando o seu
espaço na equipa A de Alvalade e esgrime argumentos com Maurício e Naby Sarr,
desencadeadores de várias críticas. Com uma sobriedade anormal para os seus
tenros 22 anos, oferece segurança na circulação de bola e na primeira fase de
construção, possui uma compleição física interessante no duelo de choque e um
jogo aéreo sereno. Como características que necessitam de um upgrade são
essencialmente o posicionamento diante de avançados virtuosos e a velocidade no
acompanhamento destes. Por fim, o lateral-esquerdo do FC Lorient Bretagne Sud Raphael
Guerreiro tem-se cimentado como titular indiscutível na formação gaulesa e nas
seleções jovens. Destaca-se pela garra e pela entrega que concede em todas as
partidas, nunca dando uma bola como perdida e com virtudes a subir no terreno.
O lateral de 20 anos requer, contudo, algum cuidado tático ao nível do
posicionamento e mais atitude na ocasião de intercetar o oponente.
Quanto ao setor intermédio, Rúben Neves
surge logo à superfície. Considerado como a grande revelação do início da
presente temporada no FC Porto, com uns tenros 17 anos de idade, é um elemento
que demonstra já uma cultura tática e virtudes na transição e na construção de
jogo prematuras e já bem refinadas, desnudando, contudo, algumas deficiências
defensivas, especialmente contra centrocampistas mais possantes e experientes,
tratando-se de uma circunstância normal para um atleta com uma enorme margem de
progressão. Um cuja formação é também no clube portista mas que agora atua no FC Paços de Ferreira é Sérgio Oliveira. Um verdadeiro pulmão de 22 anos, revela-se
fortíssimo nas transições defesa-ataque e, à imagem do arquétipo do português,
é um gladiador que luta por cada bola até à última das suas forças, faltando
somente algum critério no passe e mais rigor tático. Para este meio-campo se
afigurar como perfeito, carece de um mágico, de um futebolista completo, com
visão de jogo aprimorada, com perfume a transbordar em campo e a encantar os
adeptos e com um critério de passe de louvar aos céus. É esta a possível
descrição a Bernardo Silva, um génio técnico com 20 anos a ser delapidado.
Emprestado pelo SL Benfica aos monegascos do AS Monaco FC, tem motivado gáudio por
parte de Leonardo Jardim por poder contar com um dinamizador declarado e que
faculta mais pragmatismo mas associando a este um requinte que se parece
dissipar nos centrocampistas atuais, mais moldados para o combate e para a
dimensão física.
Por fim, no ataque, destacam-se Ricardo
Pereira, Carlos Mané e André Silva. Enquanto o primeiro, de 21 anos, é usado em
toda a ala direita e pode até fazer a posição de defesa direito, tem sido a
extremo destro que Rui Jorge tem apostado neste pupilo do FC Porto e também
formado em Guimarães, sendo este um atleta com grande disponibilidade física e
com uma entrega inexcedível, aliando a estas uma eficácia interessante. O
segundo, de 20, pode atuar em todas as posições do ataque e é (mais) uma pérola
de cariz ofensivo produzida pelo Sporting CP. Virtuoso, desequilibrador, por
vezes genial, reúne todas as capacidades para ser futuro titular na seleção das
quinas se permanecer a um nível altíssimo que tem apresentado, tanto numa
perspetiva de presente como de futuro. Por fim, o ponta de lança portista, de
18 anos, escassamente utilizado na equipa B treinada por Luís Castro, mostrou
no europeu de sub-19 que não é fogo de vista. Com um faro de golo
impressionante, possui uma compleição física adequada e grande jogo aéreo,
necessitando de melhorar o 1 para 1 e o controlo de bola, especialmente no seu
transporte numa possível penetração pela área adversária.
Muitos mais talentos poderiam ser
mencionados e dissecados (Ivo Rodrigues, Raphael Guzzo, Rúben Vezo, Gonçalo
Guedes, Iuri Medeiros, etc.), mostrando a diversidade e a riqueza de uma
geração de grande qualidade que derivou da formação de muitos clubes da própria
nação, sustentados pela realização do trabalho de casa da formação em criar
metodologias de treino e rotinas/processos de jogo transversais entre todos os
escalões. Apesar de chegar relativamente tarde em relação a países como
Alemanha ou Espanha, a seleção portuguesa vai bem a tempo de usufruir deste
viveiro de talento e de se catapultar para lugares outrora “cantados” através
destas unidades e de um trabalho que revela a competência dos formadores e a
propensão futebolística da juventude dos nossos dias.
Artigo escrito por: Lucas Brandão
Imagens: maisfutebol.iol.pt / abola.pt / fpf.pt
Para além dos nomes acima referidos, é importante enaltecer outros elementos que, por diferentes razões, não estiveram presentes neste play-off (Bruma, William Carvalho, Rony Lopes, André Gomes, João Mário …).
ResponderEliminarQuanto à análise individual que efetuaste, não posso concordar com certas apreciações feitas a Sérgio Oliveira. Como adepto assíduo dos jogos do Paços de Ferreira, reconheço francas melhorias do seu rendimento com o recuo no meio-campo, mas apesar de ser dotado em várias vertentes (remate, cruzamento, visão de jogo, pulmão) falta-lhe bastante mais consistência ao longo dos noventa minutos.
Aliado à recuperação de algumas mais-valias “esquecidas” por Paulo Bento, esta fornada de jogadores dá garantia de procedermos à melhoria/renovação de alguns sectores da equipa AA de forma profícua e sustentada. A posição de defesa direito e de avançado são as que mais me preocupam, tanto no presente como no futuro, depositando ainda assim alguma esperança em jogadores como João Cancelo e André Silva.
Euro 2016
ResponderEliminarRui Patrício
Sílvio
Ricardo Carvalho
Pepe
Fábio Coentrão
William Carvalho
Tiago
João Mário
Danny
Cristiano Ronaldo
Nani
Mundial 2018
Rui Patrício
João Cancelo
Tiago Ilori
Pepe
Fábio Coentrão
William Carvalho
João Mário
Bernardo Silva
Rony Lopes
Bruma
Ronaldo
João Dias