15 de outubro de 2014

Rescaldos d'esféricos: Pérolas lusitanas a destacar de trabalhos de casa a louvar

Com uma final no campeonato da Europa de sub-19 e com a qualificação de Portugal para o Europeu de 2015 em sub-21, existe uma clara aposta num trabalho sustentado e interligado entre todos os escalões por parte da Federação Portuguesa de Futebol. Apostando e rentabilizando o máximo destes jovens, os pupilos de Hélio Sousa, de Rui Jorge e outrora de Ilídio Vale tanto frequentam as equipas B em Portugal como disputam o campeonato português fora dos três grandes ou emigrantes que encontraram sucesso e estabilidade em terras forasteiras.

No setor defensivo, destacam-se Ricardo Esgaio, lateral direito do Sporting CP com grande propensão ofensiva e com um pecúlio de golos assinalável (33 golos em duas épocas na formação B dos leões), revelando ainda algumas debilidades defensivas mas que vêm sendo atenuadas. Com 21 anos, promete proporcionar dores de cabeça a Cédric Soares e ao seu técnico Marco Silva. Um dos seus companheiros de equipa é o central Paulo Oliveira, proveniente da formação do Vitória SC, que vem conquistando o seu espaço na equipa A de Alvalade e esgrime argumentos com Maurício e Naby Sarr, desencadeadores de várias críticas. Com uma sobriedade anormal para os seus tenros 22 anos, oferece segurança na circulação de bola e na primeira fase de construção, possui uma compleição física interessante no duelo de choque e um jogo aéreo sereno. Como características que necessitam de um upgrade são essencialmente o posicionamento diante de avançados virtuosos e a velocidade no acompanhamento destes. Por fim, o lateral-esquerdo do FC Lorient Bretagne Sud Raphael Guerreiro tem-se cimentado como titular indiscutível na formação gaulesa e nas seleções jovens. Destaca-se pela garra e pela entrega que concede em todas as partidas, nunca dando uma bola como perdida e com virtudes a subir no terreno. O lateral de 20 anos requer, contudo, algum cuidado tático ao nível do posicionamento e mais atitude na ocasião de intercetar o oponente.

Quanto ao setor intermédio, Rúben Neves surge logo à superfície. Considerado como a grande revelação do início da presente temporada no FC Porto, com uns tenros 17 anos de idade, é um elemento que demonstra já uma cultura tática e virtudes na transição e na construção de jogo prematuras e já bem refinadas, desnudando, contudo, algumas deficiências defensivas, especialmente contra centrocampistas mais possantes e experientes, tratando-se de uma circunstância normal para um atleta com uma enorme margem de progressão. Um cuja formação é também no clube portista mas que agora atua no FC Paços de Ferreira é Sérgio Oliveira. Um verdadeiro pulmão de 22 anos, revela-se fortíssimo nas transições defesa-ataque e, à imagem do arquétipo do português, é um gladiador que luta por cada bola até à última das suas forças, faltando somente algum critério no passe e mais rigor tático. Para este meio-campo se afigurar como perfeito, carece de um mágico, de um futebolista completo, com visão de jogo aprimorada, com perfume a transbordar em campo e a encantar os adeptos e com um critério de passe de louvar aos céus. É esta a possível descrição a Bernardo Silva, um génio técnico com 20 anos a ser delapidado. Emprestado pelo SL Benfica aos monegascos do AS Monaco FC, tem motivado gáudio por parte de Leonardo Jardim por poder contar com um dinamizador declarado e que faculta mais pragmatismo mas associando a este um requinte que se parece dissipar nos centrocampistas atuais, mais moldados para o combate e para a dimensão física.

Por fim, no ataque, destacam-se Ricardo Pereira, Carlos Mané e André Silva. Enquanto o primeiro, de 21 anos, é usado em toda a ala direita e pode até fazer a posição de defesa direito, tem sido a extremo destro que Rui Jorge tem apostado neste pupilo do FC Porto e também formado em Guimarães, sendo este um atleta com grande disponibilidade física e com uma entrega inexcedível, aliando a estas uma eficácia interessante. O segundo, de 20, pode atuar em todas as posições do ataque e é (mais) uma pérola de cariz ofensivo produzida pelo Sporting CP. Virtuoso, desequilibrador, por vezes genial, reúne todas as capacidades para ser futuro titular na seleção das quinas se permanecer a um nível altíssimo que tem apresentado, tanto numa perspetiva de presente como de futuro. Por fim, o ponta de lança portista, de 18 anos, escassamente utilizado na equipa B treinada por Luís Castro, mostrou no europeu de sub-19 que não é fogo de vista. Com um faro de golo impressionante, possui uma compleição física adequada e grande jogo aéreo, necessitando de melhorar o 1 para 1 e o controlo de bola, especialmente no seu transporte numa possível penetração pela área adversária.

Muitos mais talentos poderiam ser mencionados e dissecados (Ivo Rodrigues, Raphael Guzzo, Rúben Vezo, Gonçalo Guedes, Iuri Medeiros, etc.), mostrando a diversidade e a riqueza de uma geração de grande qualidade que derivou da formação de muitos clubes da própria nação, sustentados pela realização do trabalho de casa da formação em criar metodologias de treino e rotinas/processos de jogo transversais entre todos os escalões. Apesar de chegar relativamente tarde em relação a países como Alemanha ou Espanha, a seleção portuguesa vai bem a tempo de usufruir deste viveiro de talento e de se catapultar para lugares outrora “cantados” através destas unidades e de um trabalho que revela a competência dos formadores e a propensão futebolística da juventude dos nossos dias.

Artigo escrito por: Lucas Brandão
Imagens: maisfutebol.iol.pt / abola.pt / fpf.pt

2 comentários:

  1. Para além dos nomes acima referidos, é importante enaltecer outros elementos que, por diferentes razões, não estiveram presentes neste play-off (Bruma, William Carvalho, Rony Lopes, André Gomes, João Mário …).

    Quanto à análise individual que efetuaste, não posso concordar com certas apreciações feitas a Sérgio Oliveira. Como adepto assíduo dos jogos do Paços de Ferreira, reconheço francas melhorias do seu rendimento com o recuo no meio-campo, mas apesar de ser dotado em várias vertentes (remate, cruzamento, visão de jogo, pulmão) falta-lhe bastante mais consistência ao longo dos noventa minutos.

    Aliado à recuperação de algumas mais-valias “esquecidas” por Paulo Bento, esta fornada de jogadores dá garantia de procedermos à melhoria/renovação de alguns sectores da equipa AA de forma profícua e sustentada. A posição de defesa direito e de avançado são as que mais me preocupam, tanto no presente como no futuro, depositando ainda assim alguma esperança em jogadores como João Cancelo e André Silva.

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  2. Euro 2016

    Rui Patrício

    Sílvio
    Ricardo Carvalho
    Pepe
    Fábio Coentrão

    William Carvalho
    Tiago
    João Mário
    Danny

    Cristiano Ronaldo
    Nani


    Mundial 2018

    Rui Patrício

    João Cancelo
    Tiago Ilori
    Pepe
    Fábio Coentrão

    William Carvalho
    João Mário
    Bernardo Silva
    Rony Lopes
    Bruma
    Ronaldo

    João Dias

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