Reflexão: Reiquejavique, geograficamente a capital mais setentrional do planeta, apresenta particularidades interessantes. No verão as noites praticamente não existem. Já os invernos são bastante rigorosos dado que alguns dias possuem somente quatro horas. Englobando mais de 60% da população do país, a capital da Islândia concentra em si um significativo centro comercial, político, industrial e cultural. À sua volta surge uma série de manifestações de natureza vulcânica, aspeto que tão bem caracteriza o país mais jovem do continente europeu (em termos geológicos). Mas nem só de fenómenos naturais vive o povo islandês.
Nos passado recente a confiança dos adeptos em torno da seleção islandesa de futebol tem crescido largamente. Tracemos então a atual conjuntura. O país nórdico chegou ineditamente aos play-offs de apuramento para o Mundial 2014, tendo sido afastado pela congénere croata. Apesar de não ter logrado a presença no certame disputado em solo brasileiro, o treinador Lars Lagerbäck renovou por mais dois anos o seu vínculo com a Knattspyrnusamband Íslands (KSÍ). Recorde-se que o técnico natural de Katrineholm dirigiu a Suécia entre 1998 e 2009 (construiu uma sólida dupla com Tommy Söderberg nos seis primeiros anos), apurando-se para cinco fases finais consecutivas (três Europeus e dois Mundiais). Adicionalmente juntou a presença no Campeonato do Mundo de 2010 como selecionador nigeriano. Ao formar uma parceria com Heimir Hallfrímsson (treinador-adjunto que assumirá o cargo de selecionador dentro de dois anos), o aproveitamento não podia ser mais profícuo até à data. A Islândia lidera (conjuntamente com a República Checa) o grupo A de qualificação para o Europeu 2016, tendo já derrotado categoricamente Turquia, Letónia e Holanda. São três vitórias em outros tantos encontros e um saldo de golos extremamente positivo (oito golos marcados e zero sofridos). Vale a pena sublinhar que no passado mês de setembro a Islândia subiu doze posições no ranking FIFA/Coca-Cola, passando a ocupar a trigésima quarta posição a nível mundial (vigésima segunda a nível europeu).
A equipa tem revelado união, capacidade de trabalho, concentração e uma enorme vontade em levar o nome da Islândia a uma grande competição internacional pela primeira vez no seu historial. Utilizando preferencialmente o 4-2-3-1 (com esporádicas variações para 4-4-2) Lagerbäck pretende combinar poderio físico com qualidade técnica numa obra tática voltada para a imposição de alguma disciplina tática e de marcações muito bem definidas na zona intermédia. Este é um conjunto que gosta de apresentar fluidez e dinamismo, redimensionando o seu jogo para outro patamar quando o esférico chega aos pés do mago Gylfi Sigurðsson (médio tecnicista que atualmente representa o Swansea City AFC, depois de não ter vingado em White Hart Lane). Outras referências que brilham no Laugardalsvöllur passam pelos nomes de Emil Hallfreðsson (médio bastante combativo que tem estabilizado a sua carreira na Serie A), Aron Gunnarsson (médio de características defensivas que temporiza o jogo e encontra-se há quatro anos em Cardiff), Kolbeinn Sigþórsson (ponta de lança eficiente no jogo aéreo e com créditos firmados no AFC Ajax) e Alfreð Finnbogason (melhor marcador da pretérita edição da Eredivisie). Refira-se ainda que os médios Helgi Daníelsson e Eggert Jónsson passaram na temproada transata pelo CF «Os Belenenses» e costumam ser convocados. No fundo, são estes os craques que têm liderado a geração de ouro do futebol islandês e alimentam a concretização de um sonho que certamente já esteve mais distante. Mas a grande questão que se poderá colocar é a seguinte: como é que um país com uma população estimada em 325 mil habitantes e que se caracteriza por condições climatéricas nada propícias à prática do futebol consegue em poucos anos elevar os seus níveis competitivos e produzir bastantes talentos?
A resposta passou naturalmente por uma profunda mudança paradigmática. Longe vão os tempos em que Eiður Guðjohnsen era o grande representante do futebol islandês no estrangeiro e a seleção daquele país nórdico apresentava resultados negativos. Entre 2000 e 2002 a KSÍ lançou um projeto que visava reformular todos os quadrantes relacionados com o desporto mais praticado na Islândia. Foram então oferecidas condições que favorecessem uma prática mais regular e permitissem aproveitar o talento existente. Assim, o número de futebolistas registados aumentou consideravelmente ao longo dos anos. Os quadros competitivos foram transformados (a primeira liga passou a incluir doze clubes), estendendo-se de maio a setembro. Paralelamente, as instalações sofreram igualmente um considerável 'upgrade', com destaque para o aumento massivo de campos com relvado sintético e dos pavilhões indoor (cujos campos seguem as dimensões de um relvado normal). Com o auxílio da federação e das câmaras municipais foram ainda construídos mini campos desportivos ao lado da maioria das escolas. Isto permitiu elevar a quantidade de treinos por semana e rentabilizar sobretudo o aproveitamento do período invernal.
A resposta passou naturalmente por uma profunda mudança paradigmática. Longe vão os tempos em que Eiður Guðjohnsen era o grande representante do futebol islandês no estrangeiro e a seleção daquele país nórdico apresentava resultados negativos. Entre 2000 e 2002 a KSÍ lançou um projeto que visava reformular todos os quadrantes relacionados com o desporto mais praticado na Islândia. Foram então oferecidas condições que favorecessem uma prática mais regular e permitissem aproveitar o talento existente. Assim, o número de futebolistas registados aumentou consideravelmente ao longo dos anos. Os quadros competitivos foram transformados (a primeira liga passou a incluir doze clubes), estendendo-se de maio a setembro. Paralelamente, as instalações sofreram igualmente um considerável 'upgrade', com destaque para o aumento massivo de campos com relvado sintético e dos pavilhões indoor (cujos campos seguem as dimensões de um relvado normal). Com o auxílio da federação e das câmaras municipais foram ainda construídos mini campos desportivos ao lado da maioria das escolas. Isto permitiu elevar a quantidade de treinos por semana e rentabilizar sobretudo o aproveitamento do período invernal.
Paulatinamente tem-se assistido a algumas consequências das modificações introduzidas há aproximadamente uma quinzena de anos. Em primeiro lugar, é cada vez mais frequente a emigração de jogadores para campeonatos de outra dimensão (nomeadamente Dinamarca, Holanda, Inglaterra, Itália, Noruega e Suécia). Este facto permite que seja cada vez mais raro encontrar um executante convocado para a seleção principal que atue no principal escalão do futebol islandês. Em segundo lugar, o exímio trabalho realizado ao nível das camadas jovens levou os U21 a atingir a fase final do Campeonato da Europa em 2011 (muitos dos jogadores que estiveram na Dinamarca são atualmente parte integrante das escolhas de Lagerbäck) e a augurar um interessnate futuro a médio/longo prazo. Por fim, é comum ver cada vez mais equipas islandesas a entrar nas eliminatórias iniciais das competições europeias. Neste aspeto, é importante referir o caso recente do Stjarnan (campeão da Pepsi-Deildin 2014). A formação oriunda da cidade de Gardabaer afastou Bangor City FC, Motherwell FC e KKS Lech Poznań antes de ser eliminada pelos transalpinos do FC Internazionale Milano nos play-offs da UEFA Europa League 2014/15. Em suma, nada acontece por acaso e a Islândia é um belo exmeplo que prova que o futebol pode esconder-se nos locais teoricamente mais inesperados. Mesmo atrás de vulcões adormecidos que se encontram ávidos para retomar a sua atividade.
Jovem Promessa: Ayoze Pérez Gutiérrez. Nascido a vinte e três de julho de 1993 em Santa Cruz de Tenerife este jogador espanhol foi uma das aquisições mais sonantes do Newcastle United FC para o presente exercício. Originário de uma família do bairro Maíra Jímenez que acompanha intensamente o fenómeno futebolístico, Pérez deu os seus primeiros passos na modalidade ao ingressar no CD San Andrés com apenas cinco anos. No seu primeiro ano de infantil passou a integrar as escolas do CD Tenerife. De resto, foi pelo conjunto insular que atravessou todas as etapas da formação. No decurso da temporada 2011/12 foi chamado com idade de júnior à equipa secundária dos "blanquiazules". Desta forma, foi na Tercera División Española que o dianteiro começou a demonstrar potencial e argumentos para singrar futuramente ao mais alto nível. Numa fase naturalmente marcada pelo aumento da sua maturidade competitiva, o espanhol registaria seis tentos em dezoito encontros. A época seguinte abriria ainda mais os horizontes para o jogador natural de Santa Cruz. Pérez ascendeu à formação principal do CD Tenerife e, embora não tenha sido uma opção regular nas contas do técnico Álvaro Cervera (foi alternando constantemente entre a equipa B e os seniores), somou dezasseis jogos e um golo com apenas dezanove anos. Para além disso arrecadou o título da Segunda Divisón B (o único que até ao momento consta no seu currículo), ajudando o clube "blanquiazul" a regressar ao segundo escalão do futebol espanhol. 2013/14 constituiu o ano da plena afirmação do jovem de vinte e um anos. Ayoze conquistou o seu espaço e em pouco tempo tornou-se na principal referência do CD Tenerife. Em agosto de 2013 estreou-se na Liga Adelante com uma derrota no terreno do AD Alcorcón. Finalizou a temporada com dezasseis golos e sete assistências em trinta e cinco partidas (dados repartidos por duas competições), tendo feito parte da equipa ideal da segunda divisão espanhola. O sucesso obtido na temporada transata fez despertar o interesse de alguns dos maiores emblemas europeus. Apesar do interesse do FC Porto, foram os ingleses do Newcastle United FC que se anteciparam à concorrência e garantiram em julho de 2014 o concurso de Pérez por uma verba a rondar os dois milhões de euros. No plano internacional, Ayoze conta apenas com duas internacionalizações pela seleção U21 espanhola. No passado mês de setembro entrou nas contas do treinador Albert Celades e defrontou as congéneres magiar e austríaca. Dado adquirido é que não estará presente no Campeonato da Europa da categoria em 2015, visto que a Espanha acabou por ser afastada pela Sérvia no play-off. Avançado centro (pode atuar na faixa direita ou nas costas do ponta de lança), Ayoze Pérez destaca-se pela sua mobilidade, velocidade e qualidade técnica. Dono de um drible desconcertante para os adversários, Pérez evidencia enorme faro pelo golo e uma interessante capacidade de remate com os dois pés (apesar de ser destro). Ágil, disciplinado e trabalhador, gosta de descair para os flancos, por forma a arrastar marcações contrárias e permitir a entrada de companheiros em zonas de decisão. Os "magpies" detêm no seu plantel uma jovem promessa com enorme margem de progressão e com algumas arestas para limar. Até ao momento tem sido opção regular de Alan Pardew e um dos rostos do paupérrimo início de época 2014/15 do clube de St. James Park (ainda não concretizou qualquer tento). Proveniente de um campeonato secundário, Ayoze Pérez mostra que o talento não se esgota em tal patamar competitivo. No fundo, mais um belo exemplo do excelente trabalho que vem sendo realizado nas camadas jovens dos clubes espanhóis.
Facto: Cerca de trinta e seis mil pessoas encheram na passada sexta-feira o Rentschler Field em East-Hartford, no estado de Connecticut, para assistir ao derradeiro jogo internacional de Landon Donovan com a camisola dos EUA. O atual jogador dos LA Galaxy disputou quarenta e um minutos frente ao Equador, antes de ser substituído por Joe Corona (o jogo terminaria com um empate a uma bola). Recorde-se que o médio não fez parte das escolhas de Jürgen Klinsmannn para a fase final do Mundial 2014, tendo contabilizado cinquenta e sete golos em cento e cinquenta e sete internacionalizações. Sem margem para dúvidas um jogador que constituiu uma das grandes referências do futebol norte-americano.
Facto: Cerca de trinta e seis mil pessoas encheram na passada sexta-feira o Rentschler Field em East-Hartford, no estado de Connecticut, para assistir ao derradeiro jogo internacional de Landon Donovan com a camisola dos EUA. O atual jogador dos LA Galaxy disputou quarenta e um minutos frente ao Equador, antes de ser substituído por Joe Corona (o jogo terminaria com um empate a uma bola). Recorde-se que o médio não fez parte das escolhas de Jürgen Klinsmannn para a fase final do Mundial 2014, tendo contabilizado cinquenta e sete golos em cento e cinquenta e sete internacionalizações. Sem margem para dúvidas um jogador que constituiu uma das grandes referências do futebol norte-americano.
Equipa
da Semana (3-5-2): Wojciech Szczęsny (Polónia); Giorgio Chiellini
(Itália), Yuriy Logvinenko (Cazaquistão) e Tomáš Sivok
(República Checa); Gylfi Sigurðsson (Islândia), Kevin De Bruyne
(Bélgica), David Silva (Espanha), Marek Hamšík (Eslováquia) e Ivan
Perišić (Croácia); Robbie Keane (República da Irlanda) e Omer Damari
(Israel)
Frase: «Jogar ao
seu lado é uma honra, é o melhor do mundo, um craque. De Messi impressiona-me
tudo o que faz no campo. As suas assistências, as suas jogadas, os seus golos.
Vamo-nos entendendo cada vez mais e melhor, creio que podemos crescer para
ajudar o Barcelona» - Neymar,
extremo do FC Barcelona, em declarações ao site brasileiro
"Globoesporte" sobre o seu companheiro Lionel Messi.
Artigo escrito por: Ricardo Ferreira
Imagens: icelandreview.com / dailyrecord.co.uk / skysports.com / ksi.is / nufc.co.uk
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