4 de janeiro de 2015

Rescaldos d'esféricos: Formações a acompanhar em 2015

Após um 2014 recheado de investimentos (e desinvestimentos), o futebol não perdeu o seu encanto e o motor que leva milhares a frequentar semanalmente os estádios dos seus clubes perdura sem perder gás. A modalidade que fascina multidões regenera-se a cada ano que passa e este não foi exceção, com projetos revitalizadores e outros com investimentos colossais que arrecadaram de uma assentada talentos individuais de grande virtuosismo. 

Algumas das equipas que prometem causar sensação neste novo ano civil podem ser identificadas geograficamente. Por Portugal, é relevante mencionar a surpreendente campanha do Vitória SC (perceba melhor aqui), que militou por várias jornadas nos três primeiros postos da Liga Portuguesa. Com uma aposta assente na equipa B, oriunda do Campeonato Nacional de Seniores, e com reforços cirúrgicos provenientes dos escalões não-profissionais, os minhotos apenas perderam por duas vezes no campeonato e vêm valorizando talentos que futuramente prometem encher os cofres do clube, como Hernâni e Bernard (ver perfil aqui) nos setores ofensivos, o médio André André e a dupla de centrais Josué e João Afonso. São comandados por um treinador que já conquistou uma Taça de Portugal nesta formação e transforma em ouro os parcos recursos com os quais trabalha, de nome Rui Vitória, que sustenta a sua equipa num modelo tático 4x2x3x1, apostando na velocidade dos seus alas e na capacidade de combate das suas unidades centrais.

Em Espanha, o Valencia CF, treinado pelo português Nuno Espírito Santo, marcou o mercado de verão passado com contratações milionárias (entre estas, o médio português André Gomes e o extremo brasileiro Rodrigo, destaques da época 2013/14 do SL Benfica, bem como o avançado espanhol Álvaro Negredo). Entretanto, assegurou após a quadra natalícia o argentino Enzo Pérez, considerado como o dínamo do futebol encarnado no mesmo período que os seus companheiros supramencionados. Com um plantel bem apetrechado e aliado a algumas soluções provenientes da formação (destaque para o lateral esquerdo Gayá - ver perfil aqui), o clube "che" segue num expectante quarto posto, sendo apenas superado por Real Madrid CF, FC Barcelona e Atlético de Madrid. Como tal, é legítimo que almeje publicamente um lugar que possibilite o regresso à UEFA Champions League em 2015/2016. Tendo em conta as caraterísticas dos seus habituais flanqueadores (Sofiane Feghouli e Pablo Piatti), este Valencia CF atua num 4-3-3 que assenta sobretudo no processo defensivo, na capacidade de dobras por parte dos centrais e, ofensivamente, nas investidas pelas alas.

Por terras de sua majestade surge uma surpresa consolidada. O Southampton FC, agora treinado por Ronald Koeman, sofreu várias contrariedades no início da presente temporada, com o seu plantel a ficar desmembrado das figuras de proa da equipa da campanha predecessora (Dejan Lovren, Luke Shaw, Adam Lallana ou Rickie Lambert). Fazendo uso da receita obtida através das vendas desses elementos, o técnico contratou o avançado Graziano Pellé (ex-Feyenoord) que já leva oito tentos, e os extremos irreverentes Sadio Mané (ex-FC Red Bull Salzburg) e Dušan Tadić (ex-FC Twente). Através do sustento de futebolistas como o central luso e capitão José Fonte,  o lateral direito Nathaniel Clyne ou os médios Victor Wanyama e Morgan Schneiderlin, os "saints" mantém-se firmes no quarto lugar. Cultivando o habitual futebol de posse à holandesa, Koeman aposta num 4x3x3, que se prende muito à capacidade de ter bola por parte centrocampistas e à sua articulação tanto com os centrais como com os alas.

Na Alemanha, para além do campeoníssimo FC Bayern Münich, pontifica uma formação que vem consolidando o segundo posto de forma surpreendente e isolada. Com seis pontos de vantagem sobre o Bayer 04 Leverkusen, o VFL Wolfsburg, próximo adversário do Sporting CP na UEFA Europa League, demonstra desde já ter um plantel com soluções vastas e de qualidade idêntica entre si, formando um coletivo temível nas andanças germânicas. Com elementos como o guardião Diego Benaglio, o lateral Ricardo Rodríguez ou os médios Luís Gustavo e Kevin De Bruyne e Ivan Perišić, Dieter Hecking vem consolidando a sua aposta num 4-2-3-1, com um avançado mais posicional (por norma Ivica Olić) e uma linha mais recuada de jogadores ofensivos móveis, que possibilitem oportunidades ao homem mais avançado dos "Die Wölfe".

Em França, uma equipa que vem em crescendo é o Olympique Lyonnais (perceba melhor aqui), que já suplantou o PSG no segundo posto da Ligue 1 e promete causar sobressaltos ao líder Olympique de Marseille (detém vantagem no confronto direto sobre a turma de Bielsa). Alvo de um forte desinvestimento e já com uma cultura enraizada de potenciar os jovens oriundos da formação, a direção dos gauleses confiou a missão a Hubert Fournier, técnico gaulês que vem mostrando argumentos que possibilitam uma luta a três pelo ceptro francês. Destacam-se, em termos individuais, o guardião português Anthony Lopes, a ex-promessa francesa Yoann Gourcuff e o goleador Alexandre Lacazette, que possui já dezassete golos e cinco assistências em dezanove partidas e que se encontra já nas cogitações dos tubarões europeus. Num 4-1-3-2, todo o jogo do Lyon passa por Maxime Gonalons, um autêntico pêndulo e um elemento preponderante tanto na recuperação de bolas como na dinamização ofensiva da equipa É ele quem sustenta a segunda linha de construção em que se destacam três pupilos provenientes das camadas jovens, sendo eles Jordan Ferri, Nabil Fekir e Corentin Tolisso.

Por fim, em Itália, a formação da SS Lazio, apesar dos nove pontos que distam da sua arqui-rival local AS Roma, vem demonstrando deter soluções para alvejar os lugares condutores às competições europeias. Apesar do treinador que ingressou este verão nos "biancocelesti" possuir um currículo pouco convincente, marcado pela despromoção do Bologna FC, a verdade é que Stefano Pioli tem sabido orquestrar uma equipa muito rotinada, com destaques em Filip Đorđević, o artilheiro da equipa com seis golos, o alemão e campeão do mundo por seleções Miroslav Klose e os médios internacionais pela seleção transalpina Marco Parolo e Antonio Candreva. A tática que os romanos utilizam tem sido apanágio na Serie A, aseente num futebol pouco atrativo mas na demanda do golo de forma eficaz e na ocupação célere de espaços no processo defensivo, perdurando a máxima de não sofrer para obter êxitos.


Por Lucas Brandão

1 comentário:

  1. O Mauri tambem tem estado bastante bem na Lazio. Ainda assim, as equipas que seguirei com mais atençao em termos de "outsiders" sao os rivais de Genova, em especial o Genova. Tino Costa ira acrescentar ainda mais qualidade a uma equipa muito bem montada por Gasperini (fortissima nas bolas paradas) e que tem em Perrin (futuro guarda-redes da Squadra Azzurra), Antonelli, Burdisso, Bertolacci, Perotti e Matri algumas das suas grandes figuras.
    Em relaçao ao rival, impossivel nao prestar atençao ao "fenómeno" Gabbiadini, um jogador que tem crescido bastante esta temporada. Romero, Eder, Palombo e

    Destacar ainda em França a epoca do Lacazette que lhe devera proporcionar o salto para um grande clube no final da epoca ou ate ja em Janeiro.
    Em Portugal, o Vitória de Guimarães tem sido claramente a revelaçao (Hernani e Bernard sao craques, o Traoré foi um achado e a dupla de centrais está cada vez mais madura e coesa, sendo que tudo isto gira em torno do capitão André).
    Na Inglaterra, apesar de alguns altos e baixos, o Southampton continua de boa saúde e a realizar um belo campeonato, enquanto que em Espanha o Valencia continua na luta pelos 4 primeiros lugares, sendo que esta tarde obteve uma grande vitória sobre o Real Madrid. Gaya tem crescido bastante, Otamendi tem sido dos melhores centrais do futebol europeu (muito bem complementado pelo Mustafi), o André Gomes esta a "explodir" claramente, o Piatti foi reabilitado e, por fim, no ataque há boas soluções (Alcácer e Negredo). O Feghouli e outro jogador que entusiasma bastante, enquanto que o Enzo Perez será certamente uma grande ajuda para esta formação.

    Por fim, o Wolfsburgo, futuro adversario do Sporting na Liga Europa e capaz de provocar dissabores a muitas equipas. O poderio financeiro é imenso, a equipa tem muita qualidade, tanto colectiva como individual, pelo que apenas o melhor Sporting podera ter hipoteses frente aos alemaes. Ricardo Rodriguez, De Bruyne, Perisic ou Luiz Gustavo sao jogadores que poderiam perfeitamente estar a jogar num colosso europeu, sendo que complementados por uma boa dupla de centrais (o experiente Naldo e a jovem revelaçao Knoche) e por 2 avançados mortiferos (Dost e Olic) acabam por formar uma bela equipa. Destacar ainda a presença de Guilavogui e Malanda, dois monstros físicos no meio-campo, bem como de Vieirinha (tem sido mais lateral) e Bendtner (capaz do pior, mas tambem do melhor, sobretudo contra portugueses).

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