24 de janeiro de 2014

Jovens Promessas: Michy Batshuayi

A Jupiler Pro League 2013/14 está a ser marcada, entre outros aspetos, pela excelente prestação do Standard de Liège até à data. A formação comandada pelo israelita Guy Luzon lidera o campeonato belga, somando mais sete pontos que o bicampeão RSC Anderlecht ao fim de vinte e dois jogos. O grande objetivo passa por tentar chegar a um título que foge desde a longínqua época 2008/09. De resto, a Cofidis Cup (a taça da Bélgica) foi a última conquista dos Les Rouches, na temporada 2010/11. Na equipa de Liège tem-se destacado um ponta de lança belga chamado Michy Batshuayi, que é somente o melhor marcador da liga, com quinze golos apontados (tem também três assistências). Esta semana traçamos o perfil deste jogador que ultimamente tem sido apontado como um dos alvos do SL Benfica para este mercado de inverno

Uma formação carregada de experiências

Michy Batshuayi Tunga nasceu a dois de outubro de 1993 em Bruxelas, a capital da Bélgica. De ascendência congolesa, este jogador acabou por adquirir dupla-nacionalidade. Aos dez anos de idade ingressa nas escolas do RFC Evere. De resto, a época 2003/04 marcou o primeiro contato entre Batshuayi e os relvados. Na época seguinte, o RUSA Schaerbeek acolhe o jogador belga, ingressando-o na equipa de infantis. Há que afirmar que os priemiros anos de Batshuayi no futebol foram marcados por várias mundaças de ano para ano. Desta forma, em 2005/06, o avançado passa a representar o FC Brussels, uma coletividade que na altura participava na primeira liga belga (atualmente encontra-se Belgacom League, o segundo escalão do futebol na Bélgica).  Nova época, nova equipa. Os progressos nas qualidades de Michy começavam a ser notados e quem se apercebeu disso foi o RSC Anderlecht, aquele que provavelmente é o clube mais popular em termos de futebol belga. 

2006/07 poderia muito bem marcar o salto definitivo na carreira deste jogador. Pura mentira. Devido ao seu mau comportamento, Michy fez poucos jogos e regressou ao seu clube anterior, o FC Brussels. Neste clube, Batshuayi voltou a reencontrar-se com a boa conduta e, com isso, apresentou registos interessantes. Quem aproveitou foi o Standard de Liège, que em pleno verão de 2008 adquiriu o concurso deste ponta de lança. Batshuayi chegava então ao clube que um dia mais tarde o iria lançar no futebol ao mais alto nível.

Ascenção ao futebol profissional 

Os anos passavam e Michy ia amadurecendo as suas capacidades futebolísticas e psicológicas. Alguns meses depois de cumprir dezassete primaveras, o belga estreou-se pela mão do treinador Dominique D'Onofrio na equipa sénior do Standard (Sérgio Conceição era um dos técnicos adjuntos). O jogo foi frente ao KAA Gent, numa derrota bastante pesada para os Les Rouches (4-1), sendo que Michy entrou aos 82' para render Franck Berrier. Na turma de Liège atuavam jogadores bem conhecidos do futebol português, como Bolat, Mangala, Defour ou Witsel. Durante essa temporada (2010/11), a sua primeira como jogador profissional, Michy somou dois jogos como suplente utilizado. Coletivamente, o Standard ficou em igualdade pontual com o KRC Genk na Jupiler League, perdendo o título devido ao facto de a equipa azul ter feito mais pontos na fase regular. Ainda assim, sucedeu a conquista da Beker van België (a taça da Bélgica), frente ao KVC Westerlo. 


A época seguinte prometia evolução, trabalho, tentativa de garantir um posto no onze titular e alguns golos. E assim aconteceu. Depois de uma pré-temporada algo interessante, Batshuayi estreou-se nas pré-eliminatórias da UEFA Champions League. Porém, a sua equipa (já sob a orientação de José Riga) acabou relegada para a UEFA Europa League. Nesta competição, a turma de Liège foi até aos oitavos de final, sendo afastada pelos germânicos do Hannover 96. O seu primeiro golo com a camisola encarnada ocorreu na Dinamarca, numa vitória pela margem mínima sobre o FC København, em jogo a contar para o grupo B desta competição. Na verdade, Michy só começou a ser aposta regular sensivelmente a partir da segunda metade da temporada, terminando esta com nove tentos em trinta e três jogos. A concorrência pela vaga no centro do ataque era enorme, com Batshuayi a disputar o lugar com nomes conhecidos do futebol internacional, como Mohammed Tchité, Christian Benteke e Gohi Bi Cyriac. Mas a verdade é que o Standard acabou por não conquistar nada em 2011/12, tendo terminado o campeonato na quinta posição e perdido a final da taça frente ao KRC Genk. 

Depois de um início algo conturbado e com pouco tempo de jogo, Michy encarava a temporada 2012/13 com o sentimento de querer alcançar bons registos em termos de golos, de modo a transferir-se no final da época para uma equipa com outras aspirações. O Standard somou a segunda época consecutiva sem qualquer título, mas Michy cada vez mais se assumia como um jogador com características de goleador. Juntando todas as competições, foram doze golos e cinco assistências em trinta e seis partidas. Batshuayi chegou a partilhar o balneário com Yohan Tavares, antes deste central português ser emprestado ao Estoril Praia. A época do Standard ficou marcada pela instabilidade em termos de treinadores. O holandês Ron Jans esteve no comando até outubro de 2012, sendo mais tarde substituído pelo romeno Mircea Rednić. E talvez foi essa mudança que possibilitou que Michy conquistasse cada vez mais o seu espaço até se tornar uma das referências dos Les Rouches, como se verifica atualmente.

À procura de integrar a excelente geração dos Diabos Vermelhos


Michy Batshuayi soma internacionalizações apenas pela seleção de esperanças da Bélgica. Só em setembro de 2012 é que este jogador se estreou pelo seu país de origem, marcando três golos nos dois últimos jogos a contar para a fase de apuramento do Europeu U21 2013. A seleção dos Diabos Vermelhos terminou em terceiro lugar no seu grupo, atrás da Noruega e da Inglaterra.  Desde essa dupla-jornada, Michy tem sido aposta recorrente do selecionador Johan Walem. Atualmente, a seleção U21 belga está inserida no grupo 9 de qualificação para o Europeu do próximo ano. A quatro jogos do fim, o país do chocolate encontra-se com treze pontos, ocupando a primeira posição do seu agrupamento. Michy tem dois golos marcados (ambos à Irlanda do Norte) em cinco partidas. 

A cerca de cinco meses do início do Mundial 2014, a Bélgica é apontada como uma das seleções mais atrativas da competição que vai ocorrer em terras brasileiras. O nosso blog já retratou e analisou ao detalhe esta geração de talentos que promete confirmar todas as suas credenciais em junho e julho próximos (ver artigo aqui). Batshuayi tem legítimas condições de aspirar a um lugar na equipa de Marc Wilmots. Fazer parte dos vinte e três convocados para o campeonato do mundo será improvável por duas razões essenciais: Michy ainda não se estreou pela seleção AA e existe uma enorme variedade de possíveis selecionáveis para a frente de ataque: Lukaku, Benteke, Vossen ou de Camargo. Michy Batshuayi e Igor Vetokele são habitualmente os dois pontas de lança titulares na seleção U21 belga e, como tal, muito do futuro dos Diabos Vermelhos passa também por estes dois atacantes. 

Um verdadeiro "Balotelli belga"

Dotado de uma condição física que o caracteriza como um jogador possante (186 cm e 78 kg), Batshuayi atua preferencialmente no eixo do ataque, sendo tanto a referência ofensiva da sua equipa, como uma espécie de segundo avançado (pode ainda atuar nas alas). Tecnicamente evoluído, é um jogador de rutura, que consegue criar desequilíbrios, participa no processo de construção e joga muito bem com os dois pés (principalmente com o direito). É bastante inteligente na forma como explora o espaço e os erros dos adversários, apresentando igualmente uma excelente visão de jogo e muita velocidade. É um jogador algo dinâmico no ataque, tendo um autêntico faro para o golo e uma boa impulsão, um aspeto que (além da estatura) lhe permite alguns golos de cabeça. É um avançado completo, procurando sempre a bola e controlando-a muito bem. No clube de Liège, Michy é apelidado como o "Balotelli belga" em virtude de algumas atitudes evitáveis que têm fora do campo e que explicam a sua personalidade fortíssima. É uma das grandes promessas do futebol belga na atualidade, apresentando uma boa margem para crescer e aprimorar os seus predicados. 

Um jogador pronto a dar o salto 

O campeonato belga é prolífero em jovens promessas com aspirações para chegar ao estrelato. As boas exibições do belga não têm passado despercebidas aos grandes clubes europeus. O Standard tem sido abordado nestes últimos dias por vários clubes como Arsenal, Swansea City, Everton, Hannover 96 e SL Benfica. De resto, para o clube português seria um excelente negócio, caso se confirme a saída de Rodrigo. No fundo, Michy apresenta aspetos coincidentes com o jogo de Rodrigo e Lima, quer ao nível do aproveitamento dos espaços entrelinhas, quer na capacidade para segurar a bola.  Além disso, o sucesso com Axel Witsel poderá ser uma fonte de inspiração para apostar na aquisição deste craque. Caso a equipa encarnada pretenda os serviços de Michy, muito possivelmente irá ter de desembolsar cerca de uma dezena de milhões de euros. 

Segundo o site transfermarkt.co.uk, Batshuayi está atualmente avaliado em cinco milhões de euros. Por vontade dos seus progenitores, Michy deixou recentemente de ser representado por José de Medina, sendo este substituído por Christophe Henrotay. O contrato do jovem avançado com o Standard é válido até 2018, estando a cláusula de rescisão fixada nos oito milhões de euros. Face à imensa procura, Michy abriu um conflito com o presidente do seu atual clube, Roland Duchâtelet. Em causa estão algumas declarações proferidas por este último, afirmando que terá a intenção de acabar a ligação entre jogador e o seu atual empresário. Seja como for, Michy vai continuando a demonstrar golos e classe pura a cada fim de semana que passa. No Stade Maurice Dufrasne, há quem já se comece a despedir deste jogador.


Artigo escrito por: Ricardo Ferreira
Imagens: worldfootball.net / africatopsports.com / uefa.com / sporza.be
Vídeo: youtube.com

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