A Bundesliga sofreu uma rápida ascensão no
panorama europeu na presente década com a regularidade de presenças de equipas
alemãs nas fases adiantadas das competições europeias e com alguns dos melhores
futebolistas da atualidade a ingressarem em emblemas germânicos, com maior
pendor para Bayern de Munique e Borussia de Dortmund. Contudo, outros clubes como
Werder Bremen ou Stuttgart perderam bastante fulgor face aos primeiramente
mencionados, estando num momento de crise desportiva, sem conseguir ombrear com
esses emblemas e lutam por objetivos bem menos auspiciosos (permanência ou um
playoff de acesso à Liga Europa). Contudo, existe um caso peculiar de um clube
com presença consistente em provas europeias e nos lugares cimeiros do
campeonato mas que apenas apresenta 3 troféus no seu palmarés e com o último a
ser conquistado há… 21 épocas (Supertaça Alemã). Sem qualquer campeonato no
mesmo, o Bayer 04 Leverkusen, treinado pelo finlandês Sami Hyypiä… até ao
passado dia 5 de abril, onde foi demitido para dar lugar ao técnico da época
passada Sascha Lewandowski; apresenta (mais) uma estranha particularidade exibida
na presente época: apenas uma vitória nos últimos 9 encontros para a Bundesliga
cavam um fosso ainda maior entre os lugares que classificam diretamente para a
fase de grupos da Liga dos Campeões, obrigando a disputa de um playoff para
sucessiva qualificação. Este Leverkusen apresenta um número de derrotas (11) que
é elevado face aos objetivos pretendidos e é ameaçado por Wolfsburg e Mainz na
manutenção do posto europeu que conduziria a formação de Sascha Lewandowski à
Liga Europa.
Com algumas saídas comprometedoras (a
estrela da equipa André Schürrle foi transferido para o Chelsea e os defesas
Michal Kadlec deslocou-se para o Fenerbahçe e Andre Carvajal para o Real
Madrid), os alemães reforçaram-se especialmente internamente com as
contratações de, entre outros, Robbie Kruse ao Fortuna Dusseldorf ou de Emre
Can ao Bayern de Munique. Os primeiros três meses revelaram-se prometedores
(apenas duas derrotas em deslocações teoricamente difíceis a Manchester (2-4) e
a Gelsenkirchen (0-2)). Contudo, a fase
conturbada viria a partir da viragem do ano. Mesmo mantendo um lugar no trio da
frente da Bundesliga e passar em segundo lugar a fase de grupos da Liga dos
Campeões que disputava com os ingleses do Manchester United, os espanhóis da
Real Sociedad e os ucranianos do Shakhtar de Donetsk, três derrotas diante de
Eintracht de Frankfurt, Freiburg e Werder Bremen pronunciavam um 2014
desastroso. Somando apenas 3 vitórias em 14 partidas disputadas neste período (englobando
eliminações na Taça interna e na Liga dos Campeões, diante de uma equipa do
segundo escalão do Kaiserslautern e dos franceses do Paris Saint-Germain
respetivamente), esses êxitos foram conquistados perante formações como o
Stuttgart, o Borussia Monchengladbach (que destronou depois a formação de
Leverkusen do 4º posto) e o FC Augsburg.
A anomalia exposta por esta equipa não é
resultante da ausência de qualidade do plantel, que demonstrou já, bem no
início da temporada, que possuía argumentos para se debater pelos postos
condutores à fase de grupos da Liga dos Campeões. Enveredando normalmente por
um sistema tático 4x3x3 e seguindo a filosofia da maioria dos clubes
compatriotas, o Bayer aposta em elementos jovens e com nacionalidade alemã,
abrindo algumas exceções. Na baliza pontifica o titularíssimo Bernd Leno,
alemão proveniente da mais recente fornada de jovens guardiões germânicos que
transmitem bastante segurança e agilidade. A linha defensiva que se posiciona à
frente do guarda-redes é maioritariamente estrangeira e constituída por uma dupla
de centrais (o bósnio Emir Spahic e o turco Omer Toprak) com os laterais a
serem o polaco Sebastian Boenisch e o turco naturalizado alemão Emre Can, sendo
uma que exibe virtudes como a coesão e solidariedade intra-elementos e que não
se atreve em larga escala na dinâmica ofensiva, à exceção do último mencionado
que contribui na construção ofensiva tendo em conta a sua posição de origem. O
miolo possui dois jogadores de propensão ofensiva e de construção dinâmica de
processos e outro de estanque defensivo e participando na primeira fase de
construção, sendo esta mais paciente e trabalhada. Sendo uma função talhada
para um jogador experiente, é comummente ocupada pelo alemão Simon Rolfes, um
dos elementos com mais temporadas de casa e sendo um símbolo do clube. As
restantes missões ficam encarregues de dois jovens alemães com grande predisposição física e
virtuosismo, sendo eles Lars Bender e Sidney Sam (dos melhores marcadores da
equipa com 12 golos e que já assinou contrato com o Schalke 04 por 4 épocas,
passando a representar o clube de Gelsenkirchen na próxima época) e com outras
soluções de grande valia no banco de suplentes, sendo eles os frutos da
formação Gonzalo Castro (também ele já um ícone da massa associativa), Stefan
Reinartz e Jens Hegeler. O ataque, que se organiza com dois flanqueadores e um
avançado referência, conta com duas estrelas de seleções da confederação AFC,
sendo eles os alas sul-coreano Son Heung-min (uma das grandes esperanças do
futebol asiático e vindo a confirmar todo o potencial preconizado pela imprensa
com 10 golos) e o australiano Robbie Kruse; já o ponta-de-lança é o
internacional alemão Stefan Kiessling, que, com 30 anos e 14 golos somados, se
assume como a grande estrela da equipa e como o “menino bonito” da massa adepta
e que, temporada após temporada, é fortemente seduzido por outros clubes
europeus mas com a direção do clube a conseguir fazê-lo permanecer.
Com um plantel que dá bastantes garantias
para a prossecução dos objetivos propostos no início da época, o rendimento
apresentado neste ano civil não correspondeu às expectativas e as razões são
várias, passando pela inconsistência e juventude do técnico finlandês até
inícios do presente mês que não conseguiu encontrar soluções para o estado
letárgico em que a formação subitamente se encontrou e, tendo em conta a
relativa idade precoce da generalidade do plantel, uma sucessão de maus
resultados fez o Bayer 04 Leverkusen entrar numa recessão ainda maior e numa
crise de resultados com uma componente mental bem saliente. Com uma vitória nos
últimos 9 encontros relativos à Bundesliga, exige-se à equipa e ao técnico da
transata temporada que reabilite os níveis anímicos da formação germânica de
modo a garantir, pelo menos, um posto europeu.
Artigo escrito por: Lucas Brandão
Imagens: squawka.com / enelareachica.com / media.zenfs.com
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