Terceiro lugar na atual edição da Ligue 1, a cinco pontos do líder, após inferir a este a sua primeira derrota. O primeiro heptacampeão na história das competições oficiais francesas. Refiro-me, claro está, ao Olympique Lyonnais. Outrora munido com Grégory Coupet, Cris, Caçapa, Juninho Pernambucano, Sylvain Wiltord e, juntando a estes pupilos, pérolas da formação como Karim Benzema, Bafétimbi Gomis ou Sidney Govou. Hoje despojado de argumentos de valia tão declarada mas competindo contra uma corrente de fortes investimentos de concorrentes diretos como PSG e na passada época do AS Monaco FC, apostando na sua frutífera formação para dotar o seu plantel de soluções financeiramente saudáveis e de crescimento acompanhado.
Com mudança de estádio prevista para a próxima época, do velhinho e nostálgico Stade de Gerland para o moderno e renovador Stade des Lumières ou OL Land, o paradigma de formação deste clube com pergaminhos neste século vem ganhando força esta época, através da estratégia de Hubert Fournier. O ex-técnico do Stade de Reims apostou num 4-4-2 em losango, potenciando a mescla de juventude e de experiência de algumas figuras já consolidadas do clube, como o médio francês e eterna promessa do futebol gaulês Yoann Gourcuff, o centrocampista Steed Malbranque e o central Milan Bisevac. Contratando somente o antigo lateral direito do PSG e agora titular indiscutível Christophe Jallet e o defesa central e vinte e dois anos Lindsay Rose, construiu uma máquina fiável de futebol que, já afastada da UEFA Europa League, embalou numa série de sete encontros sem perder. Como elementos-chave, o Olympique Lyonnais conta com o português Anthony Lopes, que vem consolidando o posto de guardião de presente e futuro do clube; o lateral-esquerdo Henri Bedimo, seguro tanto a defender como possante e expedito no ataque; o médio Arnold Mvuemba, especialista em definir os ritmos da partida, encontrar linhas de passe viáveis e com uma arguta visão de jogo; e produtos da formação, começando pelo centrocampista versátil Clément Grenier, que pode atuar igualmente no flanco como atrás do ponta de lança, e passando pelo central Samuel Umtiti, pelos médios Jordan Ferri, Correntin Tolisso e Nabil Fekir e pelo dianteiro matador Alexandre Lacazette (oito golos em dez jogos).
Com uma política bem assente na aposta de jovens provenientes das camadas jovens do clube, o Olympique Lyonnais dispensa apresentações no seu país e adquiriu um estatuto de respeito após o rendimento registado nas competições internacionais nos últimos anos. Porém, agora destaca-se pela resposta positiva dada ao alerta despertado pela crise económica que se abateu e alastrou por toda a Europa, chegando ao desporto rei e obrigando os clubes a apertar o cinto e a desvendar estratégias de sucesso com poucos recursos económicos. A aposta na formação é uma das mais viáveis e é neste contexto que clubes como o Lyon se veem destacando, com um trabalho que começa desde os infantis, acompanhando o crescimento das suas pérolas até alcançar um lugar de destaque na primeira equipa e rendendo, no futuro, uns bons milhões a outras equipas com mais poderio financeiro. Sendo um processo cíclico, o surgimento de jovens talentosos origina receitas crescentes e faz ver pelo mundo fora.
Artigo escrito por: Lucas Brandão
Imagens: www.skysports.com / melty.fr
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