31 de janeiro de 2015

Futebol Global 2014/15: Complementaridades suportam interessante campanha (16 a 31 de janeiro)

Reflexão: A cada esquina, Londres respira de forma intensa o fenómeno futebolístico. No fundo, trata-se de um conglomerado de diversas preferências clubísticas, que comunga na sua totalidade uma enorme emoção e paixão pelo futebol. Através dos diversos escalões do futebol britânico é possível encontrar uma vasta panóplia de clubes oriundos da capital da Inglaterra. Focando na edição 2014/15 da Barclays Premier League, são seis os clubes estabelecidos em Londres: Arsenal FC, Chelsea FC, Crystal Palace FC, QPR FC, Tottenham Hotspur FC e West Ham United FC. Nesta edição, as atenções viram-se para a positiva campanha realizada até ao momento pelos hammers.

Desde 2010, o galês David Sullivan e o inglês David Gold estabelecem-se enquanto proprietários do West Ham United FC. Perante o descalabro do israelita Avram Grant (deteve a pior percentagem de vitórias em toda a história do clube) e o último posto alcançado na liga em 2010/11, os dois "chairman" tentaram renovar o plano estratégico então implementado. Ao cair no Championship, Sam Allardyce foi o homem designado para tentar recolocar os hammers no lote das equipas pertencentes ao primeiro escalão do futebol britânico. De resto, a permanência do West Ham na segunda liga foi efémera. Em apenas um ano a meta inicialmente traçada foi cumprida. Seguiram-se duas épocas marcadas por particularidades distintas: se 2012/13 superou as expetativas iniciais (décimo posto alcançado), o exercício transato gerou algumas performances menos conseguidas (incluindo oito derrotas nos últimos onze encontros) e dúvidas sobre a continuidade de "Big Sam" à frente dos destinos do clube londrino.

Importa frisar que Allardyce é bastante fiel ao enraizado ADN britânico. O "Kick and Rush", uma ideologia que espelha a forma como o jogo se molda no berço do futebol moderno. Portanto, conserva uma natural apetência pela força, resistência física, jogo direto e exploração de lances aéreos. Apesar de legítimas hesitações, Sullivan e Gold deram um voto de confiança ao britânico de sessenta anos. Porém, esta medida acumulava uma condição: a de implementar princípios contrários à genuína filosofia do técnico, procurando um futebol mais atrativo e executado à flor do relvado. No fundo, uma posição que visava obter resultados mais vistosos e, quiçá, o regresso às competições europeias. Para tal, vários reforços chegaram no passado verão ao Upton Park. Os resultados estão à vista. Ao fim de vinte e dois jogos, o West Ham United FC soma trinta e seis pontos e ocupa o sétimo posto da Barclays Premier League. É o sexto melhor ataque (trinta e cinco golos concretizados) e a sexta melhor defesa (vinte e cinco tentos sofridos), a par do Aston Villa FC. Afastado da segunda eliminatória da Capital One Cup pelo Sheffield United FC, os hammers preparam-se para jogar com o West Bromwich Albion FC para os oitavos-de-final da FA Cup. 

Sam Allardyce criou um compromisso com as novas tendências do futebol moderno, em detrimento de um estilo que imperou em larga escala durante grande parte do século passado. Tratam-se de dois modos de jogar que se acabam por se complementar, guiando o West Ham a uma campanha, no mínimo, mais atrativa que as anteriores. Apesar da manutenção da filosofia adotada, o sistema tático tem variado consoante a conjuntura competitiva (4-2-3-1, 4-4-2 ou 4-3-1-2). Adrián tem-se revelado cada vez mais como uma barreira bastante difícil de ultrapassar. Ágil, destemido, regular e com fantásticos reflexos, o guardião espanhol de vinte e sete anos assume-se como um dos melhores guarda-redes da primeira liga inglesa. No quarteto defensivo, destaque para a ascensão de Aaron Cresswell (lateral canhoto muito equilibrado), a afirmação do neozelandês Winston Reid (uma das principais atrações do mercado invernal) e a subida de produção de James Tomkins (produto da formação) e Carl Jenkinson (defesa direito emprestado pelo Arsenal FC). Na zona intermediária, nomes como Stewart Downing (médio ala puro, deslocou-se para terrenos mais interiores para explorar, nas costas dos homens mais avançados, os seus atributos), Cheikhou Kouyaté, Alex Song (emprestado pelo FC Barcelona, tem sido um dos principais esteios), Mark Noble (outro produto da "The Academy of Football"), Kevin Nolan (o capitão) e Morgan Amalfitano vão ganhando cada vez maior notoriedade no seio do plantel hammer. Na frente de ataque, à alta estatura e temível jogo aéreo de Andy Carroll (o melhor seguidor da genuína cultura de "Big Sam") junta-se a velocidade móvel do franco-senegalês Diafra Sakho (melhor marcador da equipa, com oito golos em catorze encontros) e as mudanças de velocidade do equatoriano Enner Valencia. Com a profícua adaptação das principais caras novas, alguns jogadores que já se encontravam anteriormente no este de Londres subiram de produção. Provavelmente um fenómeno originado pela construção de um modelo de jogo que, independentemente do sistema, potencia os principais atributos dos jogadores supracitados.

Num campeonato extremamente competitivo, alcançar as competições europeias é uma meta ambiciosa para uma equipa que, ao contrário de outros oponentes, não despende grandes quantias monetárias. Mesmo que as expetativas sejam defraudadas em maio próximo, a consolidação de uma equipa e uma forma de jogar cresce paulatinamente. A bem de "Big Sam" e da própria massa adepta, ansiosa por conhecer os detalhes do reformulado Olympic Stadium, a nova casa do West Ham United FC a partir da temporada 2016/17. Até lá, o objetivo passa por continuar a escrever história em Upton Park, a casa dos hammers desde 1904.

Jovem Promessa: Arkadiusz Milik. Nascido a vinte e oito de fevereiro de 1994 em Tychy, uma cidade polaca situada na região da Silesia. Com seis anos, ingressa nas camadas jovens do modesto KS Rozwój Katowice. Dez anos mais tarde, estreia-se no escalão sénior com dois tentos, numa vitória sobre o KS Krasiejów por 4-0. Milik encerrou 2010/11 com quatro tentos em dez partidas, despertando a cobiça de emblemas como Legia Warszawa, Reading FC ou Tottenham Hotspur FC. Optando por uma subida progressiva em termos desportivos, Milik acabaria por assinar com o KS Górnik Zabrze, num negócio que rendeu meio milhão de złotys ao clube formador. A estreia na T-Mobile Ekstraklasa, com dezassete anos, cinco meses e três dias, resultou num empate a uma bola frente ao futuro campeão WKS Slask Wroclaw. Quatro golos e duas assistências em vinte e cinco encontros correspondeu ao registo individual de Arkadiusz em 2011/12. Nova temporada, ambições redobradas. A primeira metade da temporada revelou um jogador mais maduro e concretizador. Oito golos e três assistências em quinze jogos foram números suficientes para atrair os interesses do Bayer 04 Leverkusen. 

Assim, no final de 2012, alemães e polacos chegaram a acordo para a transferência de Milik, num negócio estimado em dois milhões e seiscentos mil euros. Com contrato até 2018, o ponta de lança dava um passo significativo na sua carreira. Porém, a afirmação nos werkself tem tardado. De resto, a segunda metade de 2012/13 resultou em apenas seis jogos (mais dois na UEFA Europa League, frente ao SL Benfica), intercalados com algumas prestações positivas na equipa de reservas dos farmacêuticos. Apesar de ajudar o Bayer Leverkusen a alcançar um meritório terceiro posto na 1. Bundesliga, o sexto melhor jogador polaco de 2012 foi cedido ao FC Augsburg na temporada transata. Depois de um período inicial marcado por algumas lesões, o dianteiro de Tychy contabilizou dois golos em vinte encontros. Não conseguiu replicar as boas prestações evidenciadas no seu país-natal, apesar de ser parte integrante da atrativa campanha protagonizada pelo conjunto de Markus Weinzierl (quedou-se a apenas um ponto das eliminatórias de acesso à fase de grupos da UEFA Europa League). Neste quadro, novo empréstimo voltou a ser equacionado para 2014/15. Desta feita ao tetracampeão holandês AFC Ajax. Apesar de dividir a titularidade com o islandês Kolbeinn Sigþórsson, Milik soma atualmente dezassete golos e nove assistências em vinte e duas partidas (dados repartidos por Eredivisie, KNVB beker, Jupiler League e UEFA Champions League). Números que evidenciam a capacidade goleadora tão característica do dianteiro de vinte anos.

No plano internacional, Milik tem atravessado as diversas seleções polacas desde os U17. Esteve presente nas fases de qualificação para os Europeus U21 de 2013 e 2015. Pelo meio, estreou-se com dezoito anos, sete meses e catorze dias pela seleção principal dos Biało-czerwoni, num particular frente à África do Sul (vitória por 1-0 em Varsóvia). Atualmente soma catorze internacionalizações e seis golos pelo seu país, tendo participado nas campanhas de apuramento para o Mundial 2014 e Euro 2016 (leva quatro golos e duas assistências em quatro encontros). De resto, possui o legítimo sonho de estar presente no certame francês, sob orientação de Adam Nawałka (o seu técnico na passagem por Zabrze). Ponta de lança, Arkadiusz Milik destaca-se pela sua estatura (186 cm), jogo aéreo (momento em que costuma ser letal) e remate fácil. Imponente do ponto de vista físico (80 kg), desgasta de forma progressiva as defesas contrárias, através da sua mobilidade, passada larga e inteligente exploração dos espaços entrelinhas. O jovem de vinte anos é um 'número nove' puro, canhoto (embora exiba qualidade com o pé contrário) e oportuno, conjugando velocidade com qualidade técnica. Encontra-se em fase de maturação e lapidação um belo jogador. A afirmação no futebol germânico e, particularmente, no Bayer 04 Leverkusen, poderá futuramente catapultá-lo para um patamar ainda mais elevado no panorama futebolístico europeu. Pelas semelhanças de nacionalidade e de posição, as comparações com Robert Lewandowski são naturais. Afinal, Milik é considerado o jogador polaco mais promissor da atualidade e, portanto, o sucessor natural do avançado do FC Bayern Münich enquanto principal referência atacante dos Biało-czerwoni. Só o tempo esclarecerá a veracidade dessa proposição.

Facto: Chelsea FC e Tottenham Hotspur FC vão disputar em Wembley a final da Capital One Cup. Nas meias-finais, os blues superiorizaram-se ao Liverpool FC (2-1 no conjunto das duas mãos), ao passo que os spurs derrotaram o Sheffield United FC da Sky Bet League One (3-2 no agregado). Repete-se, portanto, a final disputada na temporada 2007/08. Na tarde de vinte e quatro de fevereiro de 2008, Didier Drogba adiantou o Chelsea FC no marcador. Porém, o búlgaro Dimitar Berbatov (na conversão de uma grande penalidade) e o inglês Jonathan Woodgate (já no prolongamento) selaram a vitória à formação então orientada pelo espanhol Juande Ramos.

Frase: «Que fique registado para memória futura, um século de hostilidade da federação e dos seus dirigentes não impediu o FC Porto de ser o clube português com mais troféus e, de longe, o clube português com mais troféus internacionais. Desde José Maria Pedroto que os adeptos do FC Porto sabem bem que é assim e que assim continuará a ser, mas todos nós permaneceremos vigilantes e prontos para denunciar estes branqueamentos da história. Ou como dizia um dos premiados, “é preciso varrer a porcaria que há na federação» - Excerto de um comunicado publicado pelo FC Porto, no qual lança críticas à FPF por ter esquecido José Maria Pedroto na Gala "Quinas de Ouro".

Por Ricardo Ferreira

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