27 de agosto de 2013

Deco: uma carreira para a história do futebol mundial

Anderson Luís de Sousa, conhecido no mundo do futebol por Deco, nasceu em São Bernardo do Campo, no Brasil, corria o ano de 1977. Despertou para o futebol no Nacional Atlético Clube em 1995, continuou a sua formação no SC Corinthians Paulista e em 1997 chegou ao SC Corinthians Alagoano.

A sua qualidade técnica despertou o interesse do SL Benfica, que avançou para a sua contratação. Porém, o menino, que aos 20 anos atravessou o Atlântico, nunca chegou a vestir a camisola encarnada das “águias”. Foi emprestado ao FC Alverca, desvinculando-se de seguida do clube da Luz. Bastou-lhe uma época no SC Salgueiros para rumar à cidade Invicta.

No FC Porto, Deco espalhou magia. Dotado de uma grande qualidade técnica, o número 10, que os portistas diziam ser “melhor que o Pelé”, conquistou o país, a Europa e o Mundo! Muito elegante na saída de bola, era o organizador de jogo dos “dragões”. Tinha um forte pontapé e era um marcador exímio de bolas paradas. A sua visão de jogo apurada, o recorte fino e a classe que imprimia ao jogo do FC Porto deliciaram os adeptos de futebol em geral. De dragão ao peito conquistou três campeonatos (em 1998/1999, 2002/2003 e 2003/2004), três Taças de Portugal (em 1999/2000, 2000/2001 e 2002/2003), duas Supertaças Cândido de Oliveira (em 2001 e 2003). Treinado por José Mourinho, entrou para a elite do futebol mundial ao conquistar a Taça UEFA em 2002/2003, num jogo “de loucos” em Sevilha, ante o Celtic FC e a Liga dos Campeões da UEFA na época seguinte, numa final disputada em Gelsenkirchen frente ao AS Mónaco FC. O FC Porto venceu por 3-0 e o “Mágico”, apontou um dos golos. Entre 2002 e 2004 Deco foi uma das principais figuras dos anos dourados do FC Porto. Esse sucesso coletivo, aliado ao seu perfume individual fizeram do “Mágico” o melhor jogador da UEFA em 2003/2004, o melhor médio da UEFA nesse mesmo ano e a distinção da conceituada revista France Football que lhe atribuiu o 2º lugar na corrida à Bola de Ouro.

A 29 de março de 2003 Luiz Felipe Scolari convoca-o pela primeira vez à Seleção Nacional. Uma convocatória envolta em polémica que Deco tratou de dissipar logo nesse dia, ao apontar o golo da vitória, através de uma execução perfeita de um livre direto, frente à sua pátria natal, o Brasil. Com Deco, a seleção das quinas viveu um dos seus períodos mais áureos. Foi finalista no Euro 2004, realizado em Portugal, quarta classificada no Mundial da Alemanha em 2006, chegou aos quartos-de-final na Áustria e na Suíça no Euro 2008 e no Mundial da África do Sul em 2010. Durante 7 anos, Deco foi o motor da Seleção Nacional, ainda mais depois do abandono de Rui Costa. A sua saída deixou a seleção órfã de um médio criativo com uma boa chegada à área, lacuna que ainda hoje está por colmatar. O “Mágico” realizou 75 jogos pela seleção de todos nós, apontou 5 golos e exibiu-se com brilhantismo.

O ano de 2004 marcou definitivamente a carreira de Deco. Depois de conquistar tudo o que havia pelo FC Porto e chegar à final do Europeu pela seleção portuguesa, Portugal tornou-se demasiado pequeno para o enorme talento do “Mágico”. Assinou pelo todo-poderoso FC Barcelona e não defraudou as expectativas dos culés. Ao lado de nomes como Xavi, Iniesta, Ronaldinho, Eto’o acrescentou virtuosismo a uma equipa que conquistou a Europa. Na Catalunha venceu duas ligas espanholas (em 2004/2005 e 2005/2006), duas Supercopas de España (em 2005 e 2006) e a Liga dos Campeões da UEFA (em 2005/2006). A magia que espalhou no Nou Camp fez dele uma das principais figuras de uma equipa blaugrana recheada de estrelas. Entre elas, encontrava-se um jovem talentoso chamado… Lionel Messi. A sua qualidade técnica e tática não passaram despercebidas aos júris da UEFA que em 2005/2006 o distinguiram (novamente) como o melhor médio a atuar na Europa.

Em 2008, nova aventura para o “artista”. Ruma a Londres, chamado por Luiz Felipe Scolari, o técnico que tão bem o conhecia da seleção portuguesa. A passagem de Felipão pelo Chelsea FC foi efémera. Porém, Deco permaneceu em Stamford Bridge por duas temporadas. Ao lado de companheiros de seleção como Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira ou Bosingwa e de jogadores de classe mundial como Didier Drogba, Petr Čech, Ashley Cole, John Terry ou Frank Lampard, Deco conquistou uma liga inglesa (em 2009/2010), duas FA Cups (em 2008/2009 e 2009/2010) e uma Supertaça (em 2009).

Em 2010, após participar pela Seleção Portuguesa no Mundial da África do Sul, Deco retirou-se da seleção e regressou ao seu país natal para o seu clube do coração, o Fluminense FC. Ajudou o clube do Rio de Janeiro a conquistar o Brasileirão (em 2010 e 2012) e o Campeonato Carioca (em 2012).

Hoje, 27 de agosto de 2013, Anderson Luís de Sousa, imortalizado no mundo do futebol como Deco, completa 36 anos de vida. Ontem decidiu colocar um ponto final na sua carreira futebolística devido às lesões que o atormentavam. Para a história, fica um jogador com uma qualidade soberba, um distribuidor de jogo com uma técnica muito acima da média, que conquistou títulos no Brasil, em Portugal, Espanha e Inglaterra. Recordar o jogador Deco é lembrar um período glorioso do futebol português. Deco, o “Mágico”, quatro letras que os adeptos de futebol jamais esquecerão. Finalizo com uma palavra de agradecimento, pela magia, pelas alegrias, pelo espetáculo, pelos momentos… Obrigado Deco!


Por Adolfo Serrão

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