16 de maio de 2014

A causa não mencionada do desastre

Um fracasso. É desta forma simples que se pode descrever a época 2013/14 do FC Porto. Orientados primeiro por Paulo Fonseca e mais tarde por Luís Castro, os dragões não foram além do terceiro lugar no campeonato, deixando-se ultrapassar pelos rivais da capital, apesar de terem chegado a estar no primeiro posto, com mais cinco pontos do que o segundo classificado. Ao longo do ano, mutas foram as tentativas de explicação por parte da imprensa para os maus resultados da equipa principal dos azuis e brancos: "Paulo Fonseca deu o salto para um grande demasiado cedo na sua carreira"; "houve evidentes lacunas no plantel, logo desde a pré-temporada"; "João Moutinho e James, que juntos fizeram entrar 70 milhões de euros nos cofres portistas, não foram devidamente substituídos"; "Benfica esteve a um nível muito superior aos adversários e Sporting superou todas as expectativas"; "nota-se a falta de desequilibradores natos neste FC Porto"... 

4 de maio de 2014

Crónica Saturnina: a hesitação de afirmação do Galatasaray SK

   Um dos projetos das periferias europeias com mais expectativas depositadas no início da presente temporada por parte da imprensa desportiva era o do Galatasaray SK, um clube turco que tinha dado nas vistas na época transata após vencer inapelavelmente o campeonato nacional e de morder os calcanhares ao Real Madrid CF, na altura treinado por José Mourinho, nos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Com um plantel bem apetrechado de vastas soluções e alicerçado com elementos com traquejo continental e com um técnico de nacionalidade turca e já um profundo conhecedor da realidade deste emblema (Fatih Terim), tudo parecia indicar para um sucesso interno sem grande contestação e para voos europeus de maior travessia. Contudo, apesar da 5ª Supertaça Turca conquistada, Terim acumulou resultados negativos internos e uma goleada em casa precisamente diante do Real Madrid a contar para a fase de grupos da Liga dos Campeões ditou a chicotada por parte da direção. O sucessor foi nada mais nada menos que o italiano Roberto Mancini, que, após uma campanha relativamente bem-sucedida ao leme do Manchester City, foi o escolhido para levar o Galatasaray aos objetivos propostos.

   Ainda com Fatih Terim ao leme da equipa otomana, o Galatasaray garantiu a contratação de alguns elementos com vasta experiência europeia como Felipe Melo, Aurelien Chejdou e Umut Bulut mas, já com Mancini, esse leque foi alargado através de jogadores como Izet Hajrovic ou Koray Günter, sendo reembolsado através de empréstimos de outros com um rendimento abaixo do esperado, como o português Bruma (maior investimento da época, 10M proveniente do Sporting CP) e como o camaronês Dany Nounkeu. A chegada de Mancini a 30 de setembro trouxe uma renovada confiança à equipa mas nunca conseguiu os resultados esperados na Liga (o Fenerbahçe já mantinha uma vantagem interessante sobre o 2º posto). 13 vitórias, 1 empate e 4 derrotas foi o melhor conseguido pelo italiano, que, mesmo após 3 meses internamente invencível e de manter um registo de apenas vitórias no seu terreno até à humilhante derrota por 0-4 diante do Kasimpasa, ainda não consegue cumprir com as expectativas internas e externas e sobrando apenas a Taça para poder acrescentar ao seu palmarés (jogará esta quarta-feira diante do Eskisehirspor).  Na componente internacional, a formação turca conseguiu ultrapassar a fase de grupos, eliminando a Juventus após um jogo disputado à tarde num terreno bastante danificado climatericamente, mas caiu perante o Chelsea após empatar em casa a 1 e uma derrota em Stamford Bridge por 2-0, não garantindo, assim, a meia-final que permitiria a Mancini arrecadar 7 milhões de euros como firmava uma das cláusulas expostas no seu contrato.

   O plantel, como apontado acima, apresenta uma mescla de elementos oriundos do país turco e de outros com vasta experiência nas principais ligas europeias e as nuances táticas presentes representam um 4x4x2 com muito pendor de posse de bola, com uma construção apoiada e paciente assente na maturidade dos seus jogadores e com uma linha defensiva que ocupa espaços adiantados no terreno e que utiliza um sistema de pressão alta. Na baliza, encontra-se o guardião titular da seleção uruguaia Fernando Muslera, um dos elementos preponderantes da equipa, com a solução de banco a ser o jovem promissor de 1,97m Eray Iscan. A linha defensiva conta com dois experientes laterais em Hakan Balta e Emmanuel Eboué e com dois centrais de créditos firmados em Semih Kaya e Aurelien Chedjou, alicerçados em duas outras soluções de banco em Dany Nounkeu , o jovem potencial Koray Gunter e Gokhan Zan que oferecem suficientes garantias a Mancini. O setor intermédio é constituído por dois futebolistas mais fixos e de transmissão de equilíbrio à equipa que costumam ser Felipe Melo e Selçuk Inan (Yekta Kurtulus é um recurso a recorrer em caso de ausência) e outros dois que ofensivamente causam mais apoquentações às defesas oponentes em Sabri Sarioglu e Wesley Sneijder (Izet Hajrovic e Emre Çolak afirmam-se como duas soluções de futuro). O ataque tem armas letais e profícuas de nacionalidade turca (Umut Bulut e Burak Yilmaz possuem faros de golo bastante reforçados) e consolidadas pela grande figura internacional da equipa que é o costa-marfinense Didier Drogba, que permanece com atração magnética à baliza.

   Apesar de todos os atributos reconhecidos a esta formação do Galatasaray SK e da presença na final da taça na próxima quarta, esta equipa turca desapontou interna e externamente tendo em conta a qualidade dos recursos ao dispor de um treinador experiente internacionalmente e com um vasto palmarés na sua bagagem, pelo que o projeto mostrou algumas debilidades e não conseguiu arrecadar o bicampeonato nacional e garante apenas a qualificação para a fase de grupos da Liga dos Campeões pela punição efetuada ao Fenerbahçe por duas épocas que determina a ausência deste clube das competições europeias. Tudo aponta para que a falta de know-how do técnico em relação ao futebol turco e a carência de tempo para que a equipa assimile os métodos pretendidos pelo italiano sejam as causas deste fracasso, pelo que a próxima época pode atenuar estes efeitos.

Artigo escrito por: Lucas Brandão
Imagens: squawka.com / redditmedia.com /uefa.com

3 de maio de 2014

Futebol Global: Frank de Boer, o devorador da Eredivisie (análise de 15 a 30 de abril)

Reflexão: A temporada 2013/14 chega este fim-de-semana ao seu término na Holanda, depois da coroação do AFC Ajax como tetracampeão da Eredivisie. Com a melhor defesa do campeonato (vinte e seis golos sofridos) e apenas três derrotas, a formação oriunda de Amesterdão dominou o campeonato, ocupando a primeira posição somente desde a jornada dezoito. Um título que permite reforçar cada vez mais a liderança no número de ligas conquistadas (trinta e três, contra vinte e uma do PSV Eindhoven e catorze do Feyenoord). Além disso, Frank de Boer conquista pelo quarto ano consecutivo esta competição como treinador principal dos "De Ajacieden". Olhando para as taças, o AFC Ajax conquistou igualmente a Holland Supercup em julho passado, ao bater o AZ Alkmaar por 3-2 após prolongamento. Pior sorte teve na KNVB-beker, uma vez que perdeu de forma copiosa a final frente ao modesto PEC Zwolle por 5-1. Em baixo segue-se uma análise detalhada às principais formações do país das tulipas.