30 de setembro de 2014

Liga Portuguesa 2014/15 (6ª Jornada): Um duelo de contrastes

Sporting CP vs FC Porto (1-1)
Jonathan Silva 2'; Mouhamadou-Naby Sarr (ag) 56'

A jornada seis trouxe-nos como cabeça-de-cartaz um escaldante Sporting CP vs FC Porto, partida marcada por uma grande intensidade, ocasiões parte-a-parte mas com o resultado a não agradar especialmente nenhuma das equipas intervenientes (o FC Porto somou o terceiro empate consecutivo enquanto o Sporting CP averba apenas duas vitórias em seis partidas). Os "leoninos" fizeram uma grande primeira parte, com muita fluidez na circulação de bola e com os extremos muito ativos no jogo, mas na segunda metade os "dragões" equilibraram as operações, com as entradas de Óliver Torres e de Cristian Tello a terem forte impacto na mudança no cariz de jogo (as debilidades defensivas do Sporting também ajudaram). André Carrillo fez uma partida fantástica (um dos melhores jogos de leão ao peito), João Mário voltou a acrescentar qualidade no miolo e Patrício segurou o empate nos derradeiros minutos da partida. Nos "dragões", destacar a boa partida da dupla de centrais (exímia no jogo aéreo) e as entradas de Óliver Torres e Cristian Tello. Duas notas finais: no Sporting CP, fica a ideia que apesar dos resultados menos positivos, a equipa até tem exibido um futebol mais atrativo e exercido um maior caudal atacante, mas para se obter outro tipo de resultados aspetos como a finalização (podiam ter sentenciado o jogo na primeira parte, já para não falar de outras partidas onde o desperdício foi evidente) e a linha defensiva (com Sarr-Maurício será complicado ambicionar títulos) terão que forçosamente melhorar. Já no FC Porto, apesar da qualidade do plantel e de bons momentos já protagonizados pela equipa, fica a ideia que o futebol é por vezes bastante “mastigado”, com várias trocas de passes na linha defensiva, que para além de não ser objetiva ofensivamente, ainda põe a equipa em maior perigo defensivo.

GD Estoril Praia vs SL Benfica (2-3)
Diogo Amado 38’ e Kléber 53’; Anderson Talisca 3’ e 8’ e Lima 70’

O grande beneficiado do desfecho do clássico foi indubitavelmente o SL Benfica, que conseguiu trazer os três pontos da Amoreira. Tal como têm acontecido em outras partidas, o SL Benfica entrou bastante pressionante na partida e acabou por chegar rapidamente a uma vantagem de dois golos (com muita passividade do GD Estoril Praia à mistura). Porém, o jogo estava longe de estar resolvido: com o crescimento de Kuca e principalmente Kléber, os canarinhos criaram boas ocasiões de golo e acabaram por chegar ao empate, e não fosse a expulsão de Cabrera os"encarnados" teriam bastantes dificuldades em levar de vencida a partida. De notar a seriedade com que as "águias" têm encarado todas as partidas, fato essencial no bom momento de forma da equipa. Agora, é um fato que apesar da maior organização colectiva se tivermos em termo de comparação igual período da época passada, é evidente que quando se passa de Garay para Jardel ou mesmo Siqueira para Eliseu (defensivamente falando) é natural que a equipa se ressinta, ainda para mais quando Júlio César tem atravessado problemas físicos (Artur já comprometeu novamente esta época) e Samaris ainda não está devidamente entrosado na equipa. Destaque para mais uma exibição positiva de Talisca e para nova entrada positiva de Derley no jogo. Nos "canarinhos", a partida deixou indícios que a equipa tem potencial para augurar o primeiro terço da tabela classificativa. Curiosamente, a linha defensiva – setor que menos se alterou em relação à época passada – é o que tem estado em pior nível, com falhas constantes de passes e falta de agressividade na abordagem dos lances. 

Lado B: Nos restantes jogos, o SC Braga deu seguimento ao registo 100% vitorioso em seu território, com Danilo (um médio defensivo com capacidade construtiva acima da média), Pedro Tiba (a denotar-se como melhor jogador da equipa até ao momento) e Zé Luís (poderá ter ganho a titularidade, com mais uma prestação positiva) a destacarem-se, num jogo marcado pela expulsão precoce (e exagerada) de Emmanuel Boateng, que complicou bastante o jogo aos vilacondenses (de notar ainda assim a boa prestação de Cássio e a boa organização defensiva até ao primeiro golo sofrido). No Bessa, mais uma vitória do crer, da ambição e da raça de um conjunto que tem surpreendido, face à qualidade dos executantes (provavelmente o pior plantel da liga) e ao pouco entrosamento dos jogadores (a equipa foi construída quase a partir do zero). Anderson Carvalho e Mika foram novamente as duas figuras do encontro, marcado também pelo regresso do “histórico” Fary (que ainda esteve no lance decisivo do encontro). No Gil Vicente FC, destaque para a exibição de Simy Nwankwo (ao nível do que tinha feito no Portimonense SC) que contrastou com a maioria dos seus companheiros. 

Na Madeira, num duelo que se adivinhava equilibrado, o CS Marítimo cilindrou o Vitória SC com uma primeira parte imaculada. Danilo foi o pêndulo de uma equipa que contou com os endiabrados Rúben Ferreira, Fransérgio e Maazou, enquanto nos vimaranenses, Nii Plange foi o rosto de uma exibição horrível, e que coloca a nu bastantes fragilidades defensivas da equipa. Os comandados de Leonel Pontes massacraram autenticamente aquela que vinha sendo até à data uma das boas surpresas do campeonato. Notável a rapidez com que os jogadores assimilaram as ideias de um novo treinador e de um novo sistema! Equipa muito compacta, que gosta de assumir o jogo e que protagoniza momentos de grande futebol. Num duelo entre equipas instáveis, levou a melhor o Vitória FC que soma assim uma vitória importante (num período onde Domingos Paciência já começava a ser contestado) frente a um irreconhecível CD Nacional (Kiko, Lupeta e Zequinha destacaram-se pela positiva). Está a ser um começo dececionante da equipa madeirense. Com a manutenção da equipa técnica, do grosso da equipa base do ano passado e até com a chegada de algumas mais-valias, esperava-se que os pupilos de Manuel Machado produzissem outro tipo de futebol e estivessem bastante acima da tabela classificativa (até porque ainda não jogaram com nenhum dos “grandes” neste arranque de temporada). Defesa desequilibrada, poucas ideias na criação ofensiva, displicência na abordagem das bolas paradas defensivas etc.etc. Um inicio para esquecer por parte do Nacional. 

A Académica estreou-se a vencer em Arouca, com o inevitável Rui Pedro a assumir o papel principal, enquanto FC Penafiel e Moreirense FC anularam-se num duelo marcado pelo pragmatismo dos treinadores, que resultou num futebol bastante calculista e muito disputado a meio-campo. No fecho da jornada, o FC Paços de Ferreira privilegiou sempre um futebol positivo e alcançou a sua primeira vitória caseira, com um jogo bastante conseguido coletivamente (Urreta e Hélder Lopes destacaram-se) frente a um Belenenses que raramente colocou em causa a superioridade pacense.

Equipa da Semana (4-4-2): Mika (Boavista FC); Jaílson (FCPaços de Ferreira), Rúben Ferreira (CS Marítimo), Ricardo (FC Paços de Ferreira) e André Pinto (SC Braga); Danilo Pereira (CS Marítimo), Fransérgio (CS Marítimo), Jonathan Urretavizcaya (FC Paços de Ferreira) e Rui Pedro (Académica); Anderson Talisca (SL Benfica) e Jucie Lupeta (Vitória FC)

Artigo escrito por: Tiago Martins
Imagens: zerozero.pt / tvi.iol.pt

29 de setembro de 2014

Rescaldos d'esféricos: FC Schalke 04 e Borussia Dortmund - Um triunfo esforçado perante um Dortmund frustrado

Veltins Arena, Gelsenkirchen. Sexta jornada da 1. Bundesliga. O FC Schalke 04, vindo de um triunfo por 3-0 em Bremen, recebeu o seu maior rival Borussia Dortmund, que empatara na jornada anterior diante do VfB Stuttgart. O histórico Revierderby permitia, em caso de vitória, à equipa da casa ultrapassar na tabela classificativa o seu oponente. Numa primeira parte eficiente por parte do adversário do Sporting CP na fase de grupos da UEFA Champions League, a formação orientada por Jens Keller soube também sofrer (Ralf Fährmann protagonizou uma exibição fantástica) e conquistou os três pontos, vencendo por 2-1 e fazendo uso dos lances de bola parada para arrecadar o triunfo.

Os "mineiros" entraram com muita iniciativa e vontade de resolver cedo a contenda. Dispuseram de várias oportunidades para construir um resultado volumoso e concretizaram dois lances de bola parada. Klaas-Jan Huntelaar não esteve nos seus dias aquando do enquadramento com a baliza defendida pelo veterano Roman Weidenfeller, enquanto Max Meyer, Eric Choupo-Moting e Kevin-Prince Boateng colocaram a defesa dos visitantes em sobressaltoOs pupilos de Jürgen Klopp foram surpreendidos com a postura encetada pelo adversário e tentaram empregar desequilíbrios pelos flancos (de onde surgiu o golo, por parte do inconformado Pierre-Emerick Aubameyang, apesar de acarretar responsabilidades no segundo tento dos homens de Gelsenkirchen), conseguindo equilibrar as forças a partir do primeiro e único remate certeiro e impondo de forma mais assertiva o seu jogo.

Com o parcial a registar uma desvantagem de duas bolas a uma no interlúdio da partida, o irreverente técnico alemão Klopp incutiu uma atitude mais positiva e atrevida dos seus homens e, perante a exibição inspirada da linha defensiva dos visitados (em especial do seu guardião), não perdeu pela demora e refrescou a sua equipa com as entradas das peças ofensivas Shinji Kagawa e Miloš Jojić, abdicando do goleador Ciro Immobile e de Kevin Grosskreutz. Assim, o segundo classificado da passada edição da liga germânica tentava conferir mais bola no processo ofensivo e criar perigo de forma mais sustentada e racional para chegar ao empate com sucesso. Apesar da notória influência e do alto pendor ofensivo da equipa de Dortmund, a sorte não sorriu aos "borussers", que tiveram pela frente um grupo de jogadores extremamente bem organizado, sem permitir veleidades de maior e fechando espaços com grande regularidade. Os avançados Adrián Ramos e Ciro Immobile dispuseram de poucas oportunidades evidentes, apesar de Aubameyang dar água pela barba através do seu vigor e virtuosismo, parecendo estar omnipresente nos momentos decisivos. Mas quase sempre o Borussia esbarrou na muralha de Fährmann, guarda-redes que comemorou o seu vigésimo sexto aniversário no dia da partida e que, motivado, disse presente em mais um jogo decisivo, prendendo nas suas luvas os tão desejados três pontos.

Com este desfecho, o FC Schalke 04 ascende à décima posição, após um arranque frustrado e uma série de quatro encontros sem vencer, enquanto o Borussia Dortmund cai para o décimo segundo e acresce para três o número de partidas em que não vence para a 1. Bundesliga. Com equipas como o VfL Borussia Mönchengladbach ou o Bayer 04 Leverkusen em crescendo, e com o já crónico FC Bayern Münich a liderar de forma isolada, esta foi uma partida decisiva em que urgia a necessidade de vencer para qualquer uma das equipas. O toque de fortuna esteve nesta partida com a formação do FC Schalke 04, que podia muito bem ter repartido os pontos com o seu oponente ou mesmo ter ficado sem qualquer um dos amealhados. Os jovens treinados por Jens Keller mantêm-se solventes por mais uma jornada, apesar de não convencerem veementemente em jogo jogado. Já o Borussia Dortmund atravessa um momento mais delicado, mascarado na soberba partida diante do Arsenal na primeira ronda da fase de grupos da UEFA Champions League. Ainda a suspirar por Robert Lewandowski, a massa associativa "borusser" começa a exibir alguma impaciência com a tardia afirmação dos novos homens destacados para o golo: Ciro Immobile (vindo do Torino CF) e de Adrián Ramos (assegurado desde a segunda metade da temporada transata). O Dortmund necessita de refinar alguns dos seus mecanismos de jogo, especialmente no que toca ao posicionamento defensivo em lances de bola parada, à eficácia e ao fornecimento da maior rigor e critério na construção ofensiva (Kagawa é o reforço ideal para garantir esses tempos e momentos)Uma questão para conferir, numa 1. Bundesliga que promete ser bastante intrigante. 

Artigo escrito por: Lucas Brandão
Imagens: dw.de / rediff.com

24 de setembro de 2014

Futebol Global 2014/15: A escolha mais acertada (análise de 17 a 23 de setembro)

Reflexão: Decisão oficializada. Fernando Santos é o novo selecionador nacional, substituindo assim Paulo Bento no cargo deixado em vago após a derrota consentida frente à Albânia. Em conferência de imprensa realizada na sede da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes afirmou que Ilídio Vale, até então coordenador técnico das seleções de formação nacionais, irá assumir o cargo de treinador da "equipa das quinas" até que o castigo de oito jogos aplicado ao ex-selecionador da Grécia seja cumprido na totalidade. Numa clara distinção de posições, Santos será o selecionador. Porém, em termos práticos, a suspensão supracitada (cujo recurso foi rejeitado pelo Comité de Apelo da FIFA) só impede que o técnico natural de Lisboa se sente no banco em toda a fase de grupos de qualificação para o Europeu 2016, salvo uma decisão favorável por parte do Tribunal Arbitral do Desporto. Ricardo Santos, Fernando Justino e João Carlos Costa completam a restante equipa técnica. Aos cinquenta e nove anos o "engenheiro" alcança  um feito que até então pertencia somente ao brasileiro Otto Glória: liderar os plantéis de SL Benfica, Sporting CP e FC Porto, bem como a seleção principal portuguesa. 

22 de setembro de 2014

Rescaldos d'esféricos: PSG e Olympique Lyonnais - Um golpe que desnuda as feridas de um gigante milionário

Parc des Princes, sétima jornada da Ligue 1. O alinhamento ditava um encontro tradicionalmente grande mas presentemente mais desnivelado. A formação do PSG, assumida como a mais evidente candidata ao título e com um plantel bastante apetrechado, recebeu o Olympique Lyonnais, uma equipa que contraria o seu prestigiado histórico no início do presente século e que não se apresenta com o mesmo tipo de recursos. A igualdade de 1-1 não só expôs algumas debilidades do técnico parisiense Laurent Blanc mas também uma ponta de sorte que resultou numa ebulição emocional da equipa visitada após um domínio em termos de posse (63% após níveis próximos a 75% na primeira parte) a seu bel-prazer.

Com um primeiro período totalmente controlado pelo PSG e à procura de uma vantagem suficiente para garantir o triunfo, o golo foi conseguido por Edinson Cavani após um grande cruzamento do lateral esquerdo Lucas Digne e que perturbou o guardião português Anthony Lopes (que teve algumas hesitações durante o encontro) e os restantes companheiros. As individualidades faziam naturalmente a diferença aliadas a um coletivo já bem rotinado, com somente Yohan Cabaye a ter menos de um ano na formação da capital francesa, com Marco Verratti e Blaise Matuidi a conferir os equilíbrios devidos e a circulação de bola segura e pela certa e com Ezequiel Lavezzi e Edinson Cavani a colocar grandes sobressaltos aos laterais de Lyon, apesar do sueco Zlatan Ibrahimovic não conseguir colocar os seus argumentos de irreverência em campo, tendo sido algo incerto na finalização.

O momento chave que mudou o rumo da partida e que gerou algumas críticas às opções de Laurent Blanc foi abdicar da possibilidade de cimentar a curta vantagem e de trocar elementos de maior virtuosismo por outros de maior contenção e de menor capacidade de desequilíbrio (Yohan Cabaye deu o seu lugar a Thiago Motta e Ezequiel Lavezzi e Edinson Cavani foram poupados em detrimento de Lucas Moura e Javier Pastore. O PSG baixou os seus níveis de posse e baixou mais as linhas, dando azo a esperanças de alcançar o empate por parte dos pupilos de Hubert Fournier. As entradas do internacional camaronês Henri Bedimo e da eterna promessa do futebol francês Yohan Gourcuff deram outra dimensão ao futebol dos forasteiros, com estes a criar mais perigo e sobressaltos à linha defensiva da casa, com o guardião italiano Salvatore Sirigu a realizar duas intervenções de vulto. O golo dos visitantes acabaria por surgir por intermédio do defesa-central Samuel Umtiti, com a ajuda de um desvio do também central brasileiro Marquinhos, onde foi evidente alguma incoerência posicional e falhas ao nível da agressividade e da interpretação do lance.

A partida terminou com um evidente ascendente do Olympique Lyonnais, mostrando que abortar de consolidar o resultado por parte do PSG foi uma fatura bem cara de ser paga e esfumou-se a oportunidade dos parisienses de se destacarem na classificação. Com o segundo empate consecutivo, os atletas treinados por Blanc encontram-se no cinco posto, enquanto os de Fournier militam no 12º. Com um resultado que agrada mais aqueles que visitaram o reduto do Parc des Princes, o PSG ainda não encontrou o antídoto para atenuar lapsos que foram escassos na época passada, onde se exibiu de forma arrasadora época passada. Com uma regularidade inicial patenteada por parte de candidatos diretos como Olympique de Marseille (quatro vitórias consecutivas) ou FC Girondins de Bordeaux, esta Ligue 1 promete ser mais aliciante do que inicialmente se previa.

Artigo escrito por: Lucas Brandão
Imagens: sports.terra.com / uk.eurosport.yahoo.com

17 de setembro de 2014

Futebol Global 2014/15: Combater poderio bávaro é missão à altura de Klopp (análise de 10 a 16 de setembro)

Reflexão: Nova época, desafios renovados. Jürgen Klopp parte para o oitavo ano ao leme do Borussia Dortmund (é já o treinador que mais tempo ocupou no comando técnico do conjunto alemão), clube que ultimamente tem constituído a principal ameaça ao domínio interno do FC Bayern Münich. Os "Die Schwarzgelben" transitam de uma temporada atípica (tendo em conta o seu passado recente), dado que apenas conquistaram a DFL Supercup e muito precocemente ficaram arredados da luta pelo cetro germânico. À saída de Mario Götze (uma das principais referências dentro e fora das quatro linhas) para o rival de Munique juntou-se uma vasta lista de lesionados, o que provocou imensas dificuldades em termos de gestão do plantel, resultando numa anormal instabilidade defensiva (recorde-se que Manuel Friedrich teve de ser recrutado em novembro de 2013 para suprir as ausências dos defesas centrais Subotić e Hummels). Os objetivos foram revistos e a aposta passou a concentrar-se exclusivamente na UEFA Champions League e na DFB Pokal. Se na prova europeia o Borussia alcançou os quartos-de-final (tendo sido eliminado pelos atuais campeões europeus numa eliminatória emocionante), na Taça da Alemanha acabou por perder no prolongamento frente ao FC Bayern Münich. A época terminou em moldes de desilusão (apesar de toda a conjuntura) e com Robert Lewandowski (profícuo ponta de lança de nacionalidade polaca) a ingressar a custo zero na formação bávara.

16 de setembro de 2014

A família Hazard

Apelidado de desporto-rei, o futebol é, sem margem para dúvidas, o passatempo favorito de milhões e milhões de pessoas espalhadas por todo o mundo. Em países dominados pela modalidade, é sonho de qualquer criança vir a tornar-se jogador profissional. Como não poderia deixar de ser, alguns, entre milhares, conseguem-no. Questão genética ou não, surgem por vezes, na alta-roda do futebol, duplas de irmãos. Inevitavelmente, sobretudo por serem tão poucas as vagas disponíveis, qualquer uma delas é motivo de espanto e admiração. Casos não faltam. E há para todos os gostos. Vejamos, então, alguns exemplos. 

15 de setembro de 2014

Rescaldos d'esféricos: Arsenal FC e Manchester City FC - A chamada de dois candidatos

   A quarta jornada da Barclays Premier League ditou, no seu escalonamento, o encontro entre dois teóricos candidatos ao cetro do campeonato inglês para o Emirates Stadium, em Londres. A equipa do Arsenal FC defrontou a do Manchester City  FC e o encontro não defraudou as expetativas iniciais: apesar do resultado (2-2) beneficiar os seus rivais, o jogo fez as delícias dos adeptos do futebol bem jogado, com o golo na mira do primeiro ao último minuto e com duas equipas que nas transições causavam os maiores sobressaltos, abdicando da posse e mostrando-se ávidas de êxito.

   Com dois períodos de jogo bastante repartidos e com momentos de grande intensidade incutidos pelas duas equipas presentes, o empate revela-se justo, apesar do ascendente do Manchester City FC se ter arrastado desde o tento do central argentino Martín Demichelis perto do final até ao término. A primeira parte foi marcada por várias oportunidades de golo, inclusive uma tentativa de chapéu que findou no poste por parte do reforço "gunner" Danny Welbeck, que se exibiu a um nível bastante aceitável e que causou mossa, especialmente nas transições ofensivas em que o poderio físico dos centrais dos "citizens" não teve tanto impacto e mais a ausência de velocidade a ser crucial em dois golos dos "gunners". Apesar de conseguir quebrar por algumas ocasiões a organização defensiva do City, esta manteve-se sempre sóbria e tentando não facilitar, especialmente com o belga Vincent Kompany a mostrar-se disponível como sempre e sem permitir veleidades aos homens da casa. Quanto aos restantes elementos, tanto Gaël Clichy como Pablo Zabaleta ou Martín Demichelis foram frequentemente superados pelos virtuosos e velocistas Alexis Sánchez (que marcou um golo de belo efeito após um excelente cruzamento de Jack Wilshere, que fez o seu melhor encontro da presente temporada) e Danny Welbeck.

   Quanto à batalha no meio-campo, tanto "citizens" como "gunners" iam controlando as operações consoante a realização dos seus interesses no parcial e, por isso, com muita iniciativa do Arsenal enquanto o resultado estava 1-1 e mais City após o 2-2, após o Emirates Stadium ser ssurpreendido com o cabeceamento de Demichelis que colocou numa posição delicada tanto para o guardião polaco Wojciech Szczesny como para o trinco francês Mathieu Flamini, visto que estiveram perto de chocar na interceção da bola e com o guarda-redes a ver-se obrigado a defender com dificuldade para o lado mas acabando por entrar. Apesar da entrada fulgurante do Arsenal FC na primeira parte e com numerosas oportunidades de golo, foi o Manchester City o primeiro a abrir o marcador  por intermédio do avançado profícuo Sergio Agüero após uma primorosa assistência do espanhol Jesús Navas a potenciar uma perda de bola por parte de Flamini e alguma descoordenação defensiva da equipa visitada (Mathieu Debuchy não brilhou e lesionou-se enquanto Nacho Monreal fez os adeptos "gunners" suspirar pelo célere regresso de Kieran Gibbs), com a sensação de que Laurent Koscielny se deixou antecipar por Agüero e denotando carência de agressividade na interpretação do lance. Até ao intervalo foram os visitantes que, através dos centrocampistas Frank Lampard e Fernandinho, pautavam as incidências de jogo e ocasionalmente apostavam na propensão atacante de Navas e Silva para servir de suporte a Agüero.

   O segundo período patenteou uma postura inconformada dos "gunners" que procuravam rapidamente o empate, apesar de (mais uma) exibição apagada de Mesut Özil e de algumas debilidades físicas de Aaron Ramsey. O Arsenal FC conseguiu por intermédio de Jack Wilshere, sendo seguido pelo golaço de Alexis onze minutos depois. Com uma notória necessidade de defender o resultado e apesar da incursão em campo do extremo Alex Oxlade-Chamberlain, o Arsenal baixou as linhas e foi o City, aproveitando as entradas de Edin Džeko e Samir Nasri, que adquiriu frescura e alcançou o empate numa bola parada onde se evidenciam lacunas de posicionamento e de marcação eficaz dos elementos mais capazes de criar mossa no jogo aéreo, com o defesa versátil Calum Chambers a ter responsabilidades pelo espaço concedido ao marcador Martín Demichelis. Com o ímpeto do seu lado, foram os homens de Manchester que carregaram no acelerador com os três pontos à vista mas sem sucesso, apesar de um golo ter ocorrido mas antecedido de fora-de-jogo e de outra bola ao poste.

   As grandes ilações que podem ser retiradas desta partida emanam na qualidade individual que ambas as equipas possuem e na profundidade dos plantéis (apesar de se denotar lacunas nos elementos titulares nas laterais dos "citizens", sendo facilmente explorados neste capítulo, especialmente por equipas pequenas; e na ausência de um patrão da defesa que consiga ser ao mesmo tempo destemido e agressivo na interpretação de lances de perigo e também plácido na gestão da bola no pé e com velocidade para suster as transições em que, por exemplo, o Chelsea FC é especialista e tão perigoso). Este encontro serviu para atestar as capacidades de ambos os emblemas marcarem o seu visto na luta pelo título e tanto Arsène Wenger como Manuel Pellegrini têm argumentos para arregaçar as mangas, processos bem sedimentados, elementos capazes de desbloquear partidas mais amorfas e disputar o ceptro até ao final das suas forças, apesar da vinda de uma carga competitiva mais acentuada, na companhia de Chelsea FC, Liverpool FC, Manchester United FC e quiçá Everton FC ou Tottenham Hotspur FC, no que promete ser uma das Barclays Premier League mais competitivas dos últimos anos.

Artigo escrito por: Lucas Brandão
Imagens: the18.com / bleacherreport.net / mirror.co.uk 

13 de setembro de 2014

Espaço Entrelinhas: Ventos de mudança...

   Esta semana todas as atenções estiveram concentradas na Seleção Nacional. Se nos AA’s o destaque vai para Paulo Bento já não ser o selecionador nacional, nos sub-21 Portugal qualificou-se para o playoff de apuramento para a fase de grupos do Europeu de 2015 que se irá realizar na República Checa (e neste caso o playoff é mesmo o melhor que se pode atingir), realizando uma campanha 100% vitoriosa. Fomos a única seleção que apenas conheceu o doce sabor da vitória em 8 jogos realizados, o que por si só muito diz acerca do trabalho que Rui Jorge tem vindo a realizar com as esperanças lusas. É necessário recuar até ao ano de 2006 para encontrarmos semelhante percurso, tendo sido alcançado apenas pela segunda vez no historial da categoria.

   Começando pela saída de Paulo Bento foi por mim encarada como uma inevitabilidade que apenas pecou por tardia. À imagem de outros selecionadores cujas seleções desiludiram no Mundial do Brasil, Paulo Bento deveria ter saído logo ali. Há cerca de quatro anos, em outubro de 2010, este estreou-se como novo timoneiro da seleção das quinas. Ganhámos à Dinamarca por 3-1 no Estádio do Dragão. Recordo que vínhamos de um vexatório empate caseiro ante o Chipre (4-4!) e uma derrota na Noruega (0-1). Nos jogos que se seguiram sentiu-se aquele hype do novo selecionador nos jogadores e no público que voltou a apoiar em massa a nossa seleção. Lá nos conseguimos apurar novamente recorrendo ao playoff e mais uma vez ultrapassamos a Bósnia-Herzegovina. Conseguido o passaporte para a Polónia e a Ucrânia, fizemos uma fase final de Europeu brilhante em 2012. Apenas caímos nas meias-finais perante a então toda poderosa Espanha, que viria a vencer o certame, e apenas através da conversão de pontapés da marca de grandes penalidades. A partir daí  a qualidade exibicional apresentada foi sempre decaindo. Na qualificação para o Mundial do Brasil tivemos muitas dificuldades num grupo que estaria sempre ao nosso alcance e, repetindo a sina das recentes qualificações, foi necessário um novo playoff de apuramento. Valeu-nos um capitão em grande forma. Ronaldo quase carregando um país às costas levou-nos ao Brasil. Porém, ainda antes de lá chegarmos, já se pressentia que algo ia correr mal. Enquanto outras seleções já estagiavam no local, treinando para suportar o intenso calor e a humidade previstas, a nossa passeava em festas no Jamor e em rumaria por terras do Tio Sam. Um péssimo planeamento – aqui apontam-se responsabilidades sobretudo à FPF – ditou uma prestação sofrível da nossa seleção. Derrotados com estrondo na estreia com a Alemanha por 4-0 e depois com… os Estados Unidos da América (ironia do destino).

   Viemos mais cedo que o esperado para casa. Ficamos muito aquém das expectativas numa competição onde para além da incompetência revelada a nível da preparação e dos métodos de treino (Portugal nunca conseguiu adaptar-se às condições atmosféricas e climatéricas nem ao fuso horário que variava conforme as partidas) e das más exibições, os jogadores apresentaram uma estranha apetência para as lesões. Por incrível que pareça os três guarda-redes convocados tiveram tempo de jogo e este não foi concedido meramente por opção técnica. Saímos sem honra nem glória, muito se falou na necessidade de repensar a Seleção Nacional, de a renovar, inclusive foi muito badalado na praça pública o exemplo da nova campeã mundial, a Alemanha, que em 2000 bateu no fundo e posteriormente os dirigentes federativos fizeram uma renovação estrutural que agora começa a dar frutos.

   O que aconteceu? Passamos a ter uma nova equipa médica. Henrique Jones foi afastado e Carlos Noronha, o ortopedista que em janeiro operou Radamel Falcao passou a dirigir a recém criada unidade de saúde e performance da federação. Foi criado igualmente um gabinete técnico para as seleções nacionais coordenado por Paulo Bento, que assim estaria mais próximo da formação, do qual também faziam parte Rui Jorge, selecionador dos sub-21 e Ilídio Vale, selecionador dos sub-20 que levou, em 2011, a seleção à final do Mundial da categoria.

   No primeiro jogo após a desilusão que foi a participação portuguesa no Brasil e depois de tanto se falar numa renovação da Seleção Nacional, Paulo Bento apenas apresentou uma cara nova no onze inicial contra a congénere albanesa, André Gomes. Numa partida que se pensava ser um ponto de viragem rumo a um futuro mais risonho, eis que a Albânia venceu Portugal por 0-1. E o pior de tudo nem foi o resultado, que foi histórico e talvez a maior humilhação sofrida pela seleção nacional. O pior foi a apatia, a falta de criatividade, o pouco brio exibicional. Ronaldo, mesmo ausente devido a lesão, foi recordado. Era o ponto final na ligação de Paulo Bento à Seleção Nacional e um terrível arranque da qualificação para o Europeu de 2016 em França.

   Analisando o percurso do selecionador à frente dos destinos da seleção das quinas, ressalta também a sua teimosia em diversas convocatórias, a insistência em determinados jogadores, os diversos casos disciplinares e afastamento de atletas. Os casos mais flagrantes foram os de Ricardo Carvalho, Bosingwa e Danny. Relativamente ao primeiro nome, considero ser quase unânime que aí Paulo Bento agiu corretamente, em prol de todo o grupo e que o referido atleta nunca mais poderá vestir a camisola das quinas. O seu comportamento de «desertor» foi demasiado grave. Quanto aos restantes, custa a entender até porque nem foram dadas muitas explicações a não ser que seriam «espectadores» dos jogos de Portugal. Todas estas ocorrências foram desgastando a imagem pública de Bento. Não conseguindo obter a consistência exibicional que se exige a uma seleção como a nossa e também os resultados esperados acabou, naturalmente, por sair.

  A Seleção Nacional nunca poderá ser vista como uma equipa do treinador ou de um qualquer empresário ou agente desportivo. A uma seleção devem ser chamados os melhores no momento e não aqueles que, embora joguem pouco ou por terem um determinado empresário ou por atuarem por determinado clube são sempre convocados. Esta mentalidade é, a meu ver, errada, e urge ser modificada.

   Quanto aos potenciais sucessores, nos últimos dias têm sido insistentemente apontados os nomes de Jesualdo Ferreira, Vítor Pereira, Fernando Santos e José Peseiro. Todos eles têm em comum o facto de estarem livres, no entanto têm perfis diferentes. Jesualdo Ferreira e Fernando Santos são treinadores já muito experientes, nacional e internacionalmente, que contam no seu curriculum com passagens pelos chamados três grandes do futebol nacional. Jesualdo foi tricampeão no FC Porto, Fernando Santos ainda hoje é conhecido como o “Engenheiro do Penta” por ter conquistado, ao serviço dos «dragões», um campeonato, a fechar uma série de cinco títulos conseguidos pelo clube, tendo ainda alcançado, na Grécia, quase um estatuto divino pelos resultados conseguidos tanto em clubes importantes como ao serviço da seleção helénica. Ambos reúnem consenso. Porém, o segundo tem como handicap o facto de ter sido punido com oito jogos de suspensão após a eliminação da Grécia nos oitavos de final do último Mundial. Vítor Pereira foi bicampeão nacional ao serviço do FC Porto, conquistou quase tudo quando era adjunto de André Villas-Boas no clube e tem como principal pro o facto de destes nomes, ser talvez o mais evoluído técnica e taticamente. Contra está ainda a sua pouca experiência como treinador principal, sobretudo quando sendo aventado como hipótese para suceder a Paulo Bento que antes de ser selecionador nacional tinha apenas treinado o Sporting CP. José Peseiro é um treinador já com alguma experiência, tendo trabalhado, inclusive, no Real Madrid. A nível interno destacam-se as suas passagens por CD Nacional, Sporting CP e SC Braga. As suas equipas apresentam sempre um futebol ofensivo, esteticamente agradável para os espectadores. Esse é um ponto forte. Como ponto negativo está o facto de Peseiro ser muitas vezes apelidado de «pé frio», de não ser um vencedor. Recorda-se a sua passagem pelo Sporting CP em 2005, na qual o clube de Alvalade foi derrotado em casa na final da Taça UEFA e deixou escapar o título de campeão nacional ao ser derrotado pelo SL Benfica já bem perto do final do campeonato. Lembra-se igualmente uma derrota na final da Taça do Golfo em 2010 quando orientava a seleção da Arábia Saudita. Nesse jogo o Kuwait venceu por 1-0 com um golo já perto do final do prolongamento. Todavia, o mesmo treinador já viveu momentos felizes. Recordo a vitória do Sporting CP na Holanda frente ao AZ Alkmaar com um golo “milagroso” de Miguel Garcia e que valeu ao clube a passagem à histórica e inédita final da Taça UEFA. Foi também José Peseiro que ao serviço do SC Braga conquistou a Taça da Liga, vencendo na final o FC Porto naquele que foi o primeiro e até ao momento único título dos «arsenalistas» na era António Salvador.

  A aposta num treinador estrangeiro, a acontecer, parece-me descabida de sentido. Portugal é um dos maiores exportadores de treinadores do futebol contemporâneo. A qualidade do treinador português é valorizada e apreciada a nível mundial. Temos treinadores de elite de grande qualidade e que são muito cobiçados internacionalmente. A título exemplificativo a atual edição da Liga dos Campeões da UEFA, a maior montra do futebol mundial, contará com a participação de seis treinadores portugueses. José Mourinho, André Villas-Boas, Paulo Sousa, Leonardo Jardim, Jorge Jesus e Marco Silva são os representantes lusos, sendo Portugal o país mais representado na competição a este nível.

   Na minha opinião e tendo em conta os nomes apontados e as últimas notícias via em Jesualdo Ferreira a melhor solução para a Seleção Nacional. É um homem muito experiente, com passagens por SL Benfica, FC Porto, Sporting CP e SC Braga, os chamados três grandes de Portugal e um clube que, também devido ao contributo do professor, muito tem crescido nos últimos anos. Teve experiências no estrangeiro, as mais recentes em Espanha, no Málaga, e na Grécia, com o Panathinaikos. Apresenta um passado ao serviço das seleções jovens e é um excelente formador e condutor de homens. Vivemos uma época em que uma geração que deu tanto ao futebol português está a chegar ao fim. É necessária uma renovação num momento em que, paulatinamente, temos vindo a assistir a um decréscimo da qualidade em quantidade do jogador português. Neste aspeto o professor Jesualdo Ferreira, com a sua experiência, qualidade e capacidade formativa, poderia dar um contributo importante ao futuro da seleção das quinas.

   É o momento ideal para que também o grande público da seleção se consciencialize que nos próximos anos o nível médio de Portugal vai baixar na mesma medida em que tem baixado a qualidade do nosso campo de recrutamento, já curto e com tendência para encurtar ainda mais. Num passado recente tivemos nomes como Rui Costa, Pedro Pauleta, Nuno Gomes, Luís Figo, Deco, Fernando Couto, Jorge Costa, João Vieira Pinto, Simão Sabrosa, entre muitos outros. Atletas de gabarito internacional e com créditos firmados nos melhores clubes da Europa. Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do Mundo, fez parte desse lote e continua a fazer parte da nossa seleção. Porém, o nível dos atletas que perfilam no onze inicial juntamente com o capitão está em decréscimo. Temos Bruno Alves, Pepe, João Pereira, Raúl Meireles e Hélder Postiga, todos habituais titulares, a entrarem no ocaso das suas carreiras. Patrício, Coentrão, Moutinho e Nani são jogadores que juntamente com o capitão Ronaldo irão fazer a ponte intergeracional. William Carvalho, que parece ir ganhando estatuto na seleção, poderá ser um dos símbolos desta nova geração. Os mais recentes resultados das nossas seleções jovens até têm sido positivos. No escalão de sub-19 ainda à bem pouco tempo, fomos à final do Europeu da categoria. Tal como destaquei inicialmente os sub-21 vão defrontar a Holanda no playoff de acesso à fase final do Europeu após uma campanha triunfal de oito jogos vitoriosos. O problema é a continuidade, ou melhor, a falta dela, que é dada destes jovens jogadores.

   Atualmente o jovem internacional português, salvo raras exceções, não tem no principal escalão do campeonato nacional espaço para a sua afirmação progressiva e sustentável. Para este facto, do meu ponto de vista, contribuem fundamentalmente três fatores: a pressão de ganhar existente nos principais clubes, o facto de terem que ganhar num curto prazo leva a uma aposta noutros mercados em jogadores já feitos; a pouca paciência dos adeptos,  ávidos de conquistas não dá muita margem aos jovens da formação até pela mentalidade que ainda perdura de que «santos da casa não fazem milagres»; os empresários desde cedo “capturam” os jovens talentos e muitas vezes, movidos por interesses estritamente pessoais, levam os seus jogadores a abandonarem o país, aliciando-os com um sonho de uma grande carreira e projeção a nível internacional, prometendo-lhes mundos e fundos o que na maioria das vezes acaba por não acontecer.

   É verdade que a criação das equipas bês foi uma medida importante no sentido de dar tempo de jogo a estes jovens. No entanto, nem todos os clubes têm capacidade para manterem equipas secundárias e mesmo os que têm não resistem à contratação de mais uma promessa estrangeira que irá retirar espaço a um jovem português, da casa. Diga-se também que a continuidade de um jovem com potencial na segunda liga nacional por demasiado tempo também não é benéfica para a sua afirmação no panorama futebolístico.

  Um pouco à semelhança do que acontece noutros campeonatos deveriam criar-se limitações para os extracomunitários de modo a, em condições normais, haver mais espaço para o jovem jogador luso que atualmente encontra tempo de jogo em campeonatos periféricos, menos apelativos e vistos, em países como a Polónia, a Roménia ou o Chipre. Não quero com isto afirmar que não deveriam haver futebolistas estrangeiros a atuar em Portugal. Pelo contrário, a limitação de extracomunitários permitiria uma melhor seleção e uma escolha criteriosa no mercado internacional, o que levaria ao recrutamento de melhores atletas, reais mais valias para as diversas equipas, que assim projetariam ainda mais o nosso futebol além-fronteiras.

   Atualmente assiste-se à contratação em massa de jogadores de outras nacionalidades e depois espera-se para «ver no que dá». Basta um ter efetivamente qualidade para o investimento ser pago. É uma política que prejudica o produto nacional e é também a saída mais fácil.

   Na nossa Primeira Liga de futebol há exceções como o Sporting CP e o Vitória SC que ano após ano lançam jovens da formação na primeira equipa, mas este é um fenómeno que se deve em boa parte às dificuldades económico-financeiras que ambos os clubes atravessam. Em termos práticos esta aposta trouxe poucos títulos, principalmente no que diz respeito aos «leões» que são um clube com uma maior responsabilidade a esse nível. Esta ausência de conquistas da parte de um clube que aposta nos seus jovens pode contribuir para a retração e o desincentivo dessa mesma aposta da parte de clubes com as mesmas ambições que, tendo estratégias diferentes, nomeadamente a aposta no mercado internacional conseguem atingir os objetivos propostos.

   É urgente que a estrutura federativa que gere o futebol português tome mais medidas no sentido de devolver aos jovens portugueses o seu espaço de afirmação. Para bem do futuro da Seleção Nacional. Neste aspeto o novo selecionador nacional terá, nas suas ações, uma importância fundamental.

Artigo escrito por: Adolfo Serrão
Imagens: maisfutebol.iol.pt/diariodigital.sapo.pt

10 de setembro de 2014

Futebol Global 2014/15: Diego Costa, um verdadeiro corpo estranho na seleção espanhola (análise de 3 a 9 de setembro)

Reflexão: O futebol é um jogo coletivo. Ponto assente e indiscutível. Alguns jogadores fazem-no parecer demasiado simples através da sua vasta qualidade individual e, na maior parte das vezes, conseguem facilmente desbloquear uma partidaNo entanto, esses mesmos executantes necessitam de uma equipa que os ajude a atingir a excelência. Umas formações optam por fazer uso constante da posse de bola para criar situações de finalização, outras gostam de imprimir rápidas transições para em poucos toques chegar à área contrária. Duas filosofias baseadas no mesmo: a criação de um sistema de jogo e  rotinas/dinâmicas (no fundo, o modelo de jogo). Foquemos esta reflexão no caso espanhol. 

9 de setembro de 2014

Rescaldos d'esféricos: Suíça e Inglaterra - Dois projetos com vontade de triunfar

   Saint Jakob Park, Basileia, Suíça. 8 de setembro de 2014, fase de grupos relativo ao apuramento para o Europeu de futebol de 2016, previsto para ser disputado em França. Nas contas relativas ao grupo E e na primeira jornada de encontros relativo a esta contenda, surgiu um apetitoso Suíça vs. Inglaterra no horizonte que despertou as curiosidades dos analistas futebolísticos, tratando-se de dois projetos em construção e com ambição de afirmação no contexto continental. Apesar do resultado de 2-0 que beneficiou a Inglaterra, a Suíça mostrou-se de forma aguerrida e com capacidade de perturbar e equilibrar as forças e desnudando a irrealidade do marcador, não demonstrando qualquer receio perante uma formação cujos pergaminhos são bem mais valiosos que os da seleção do centro da Europa.

   Começando pela formação da casa, a seleção helvética possui grandes individualidades na frente do ataque e membros no miolo com grandes rotinas entre eles (dois deles jogam em Nápoles juntos) mas possui algumas fragilidades na circulação de bola no seu meio-campo quando é submetida a elevados níveis de pressing (como neste encontro) e debilidades evidentes na antecipação posicional em contra-ataques rápidos. Enumerando algumas das suas estrelas, evidenciam-se o avançado do Bayern de Munique Xherdan Shaqiri, a grande promessa e já estrela deste grupo; o lateral-direito da Juventus Stephan Lichtsteiner, um elemento experiente e com grande propensão ofensiva; e os futebolistas pertencentes ao meio-campo, com Gokhan Inler e Valon Behrami a fornecer a serenidade na construção e a disponibilidade defensiva, apesar do primeiro ter responsabilidades no primeiro tento britânico; e com Granit Xhaka a exibir os seus recursos ofensivos, sendo capaz de criar ruturas e linhas de passe e servir com grande eficiência os dianteiros Aaron Mehmedi e Haris Seferovic. Concluindo, o que não falta é matéria prima para que o selecionador Vladimir Petkovic consiga colocar as suas ideias em prática, tentando incutir uma mentalidade ofensiva e de ataque frequente, servindo-se da verticalidade dos seus laterais para conseguir criar mossa com vários cruzamentos e com presença na área de vários indivíduos; afigurando-se a Suíça como um projeto a seguir nos próximos encontros e que promete dar cartas no futuro, apesar de contar com muitos recursos de grande maturidade tática e em campeonatos de grande competitividade.

   Passando à análise da seleção dos três leões, guiada pelo também experiente técnico Roy Hodgson, a Inglaterra conta com uma nova fornada de jogadores de grande irreverência e de inconformismo constante no que toca à procura do golo. Com uma renovação evidenciada no onze da partida (sem qualquer trintão no onze inicial), a equipa baseia-se num Premier League All-Star de nacionalidade inglesa mas que ainda necessita de algumas rotinas como equipa e de mais disciplina tática, particularmente na construção de jogo e na ação defensiva (transmitiu alguma comodidade no seu meio-campo à formação oponente, apesar da forte pressão dos elementos da frente). Dispondo de um ataque bastante profícuo, com o novo capitão Wayne Rooney a ser sinónimo de golos, Raheem Sterling, do Liverpool, de talento e com um Danny Welbeck, renovado com uma transferência para o Arsenal onde vê mais chances de ser titular, que mostra ser capaz de resolver jogos; ainda há Daniel Sturridge e Ricky Lambert, ambos dos "reds", que oferecem as mesmas garantias dos supramencionados. Apesar do meio-campo não dispor de brilho e de ser o setor em que urge mais sofisticação, a verdade é que apresenta valores de alta consistência, como Jordan Henderson ou Jack Wilshere, mas que dão a sensação de ainda não terem explodido e de poderem render bastante mais no curto a médio prazo. A defesa apresenta-se minimamente coesa e com ações por vezes providenciais mas que não transmite a agressividade anteriormente concedida por ícones como Rio Ferdinand, John Terry ou Sol Campbell; sendo que aqui Gary Cahill, do Chelsea, e Leighton Baines, do Everton, surgem como os líderes desta linha. O jogo da Inglaterra carateriza-se por ser bastante verticalizado, com muita visão de baliza e com processos simples e pragmáticos que apanhem no contrapé o seu oponente e favoreça a velocidade e juventude do ataque britânico. O trabalho do meio-campo e o processo defensivos requerem uma assimilação mais demorada e que requerem mais dias de concentração e trabalho.

   Estamos perante dois dos projetos mais aliciantes e sedutores em termos de seleções de futebol a nível europeu, apostando ambas em unidades bastante audazes e virtuosas na frente do ataque para causarem estragos aos seus opositores. Com processos bem apoiados e suportados por treinadores com muita tarimba em competições intracontinentais, são equipas que, a par de uma Espanha renovada e de cara lavada, de uma Alemanha com uma fartura de soluções que não oscilam muito umas das outras e de uma França que promete encantar com a qualidade técnica das suas estrelas, entre outras, certamente terão uma palavra a dizer nesta campanha rumo ao Euro 2016 e que revelarão novos alvos para os tubarões do Velho Continente.

Artigo escrito por: Lucas Brandão
Imagens: globoesporte.globo.com / tvi24.iol.pt

7 de setembro de 2014

Espaço Entrelinhas: Destaques de Primeira

   Completadas as primeiras três jornadas da Primeira Liga, estando o campeonato nacional interrompido em virtude dos compromissos das seleções nacionais, é tempo de fazer um balanço sobre o arranque da temporada 2014/2015.

   Em primeiro lugar merece destaque o Rio Ave FC. A equipa vilacondense tem sido um dos principais animadores deste início de época. Com 9 pontos no campeonato, a turma de Pedro Martins lidera a competição, dando mostras de querer dar continuidade ao bom trabalho que tem sido efetuado ao longo das temporadas anteriores. Até ao momento tem sobressaído a sua capacidade de finalização expressa indelevelmente nas goleadas por 1-5 perante o GD Estoril-Praia na Amoreira e o 4-0 numa partida frente ao Boavista FC no Estádio dos Arcos. A principal arma rioavista é o sentido coletivo e o espírito de equipa. No entanto realço alguns nomes. O defesa central Marcelo é o «patrão» do quarteto defensivo. Sereno nas suas ações, sóbrio, transmite muita tranquilidade aos seus companheiros de setor. A sua continuidade em Vila do Conde permaneceu envolta em dúvidas até ao fecho do mercado de transferências. Muito cobiçado, a sua permanência é sem dúvida uma boa notícia para Pedro Martins. Para além da segurança e estabilidade que confere a toda a equipa, tem-se revelado importante nas bolas paradas ofensivas e defensivas uma vez que o brasileiro tem no jogo aéreo outra das suas virtudes. Com 25 anos é um dos defesas centrais com mais classe e qualidade do nosso campeonato. Um valor seguro para acompanharem com atenção. Tarantini é o «arquiteto» da equipa. Todo o jogo do Rio Ave passa pelos seus pés. Muito experiente, é o capitão e a voz de comando. Um médio trabalhador, jogador de equipa que a equilibra, impedindo descompensações. Seja a atacar ou a defender é um porto seguro. Sempre que tem oportunidade visa a baliza contrário, fazendo uso do seu potente remate. Muito do jogo ofensivo da equipa está dependente da velocidade e capacidade de desequilíbrio de Ukra e Diego Lopes. O segundo, brasileiro que passou pela formação do SL Benfica, tem sido uma agradável surpresa. É um dos jogadores mais tecnicistas ao dispor de Pedro Martins e tem tido um arranque de campeonato muito bom. É um jovem bastante criativo que vem crescendo no seio da equipa, contribuindo com golos e assistências para os companheiros. Por fim, destaco um jovem de apenas 18 anos que me tem entusiasmado particularmente. Trata-se de Boateng. O ganês surgiu como um ilustre desconhecido mas pouco a pouco, como que em pezinhos de lã, vai conquistando um lugar nas escolhas do treinador. É um avançado muito móvel, dotado de um bom poder de arranque e aceleração. Irrequieto, nunca dá uma bola por perdida. Quer seja lançado de início ou a partir do banco, tem o condão de mexer com o jogo. Impressionam-me a sua velocidade e o seu poder de impulsão. Um jovem para seguir atentamente.

  A acompanhar o bom arranque de campeonato salienta-se ainda a histórica e inédita presença do Rio Ave na fase de grupos da Liga Europa. Ainda está fresco na minha memória aquele golo de Esmael Gonçalves, como que caído do céu, e que carimbou o passaporte dos vilacondenses para a Europa do futebol. Há um novo herói em Vila do Conde e até ver a temporada vai correndo de vento em popa para o Rio Ave FC.

   O meu próximo destaque situa-se igualmente no norte do país. Refiro-me ao Vitória SC que soma igualmente por vitórias todos os jogos já disputados na Primeira Liga. As gentes de Guimarães só podem estar orgulhosas do trajeto do clube da sua cidade. Um clube histórico que fruto dos condicionalismos económico-financeiros que imperam na nossa sociedade se vê forçado a reinventar-se época após época. A aposta na prata da casa tem dado frutos e é para continuar. Tal como Guimarães, a cidade, é o berço da Nação, também o Estádio D. Afonso Henriques é o berço ou a incubadora de jovens talentos, portugueses, que devido aos condicionalismos já referidos têm na primeira equipa do Vitória um espaço de crescimento e desenvolvimento sustentável, no mais alto patamar do futebol português. A afirmação destes jovens da formação deve-se muito ao técnico Rui Vitória. É impossível ficar indiferente ao trabalho e à carreira deste jovem treinador português. Começou no Vilafranquense, passou pelas camadas jovens do SL Benfica e deu nas vistas no FC Paços de Ferreira até se assumir como o “dono do castelo” em Guimarães. Está a cumprir a sua quarta temporada no Minho e ao longo desses anos enfrentou sempre dificuldades. Sem muito dinheiro para investir em reforços apostou destemido nos jovens da formação vimaranense. Tiago Rodrigues e Ricardo Pereira, hoje em dia no FC Porto, foram dois dos jovens que sob a orientação de Vitória foram peças importantes para a conquista da Taça de Portugal na temporada de 2012/2013, o ponto mais alto de Vitória no Vitória. A cada conquista, a cada temporada melhor conseguida, Rui Vitória perde as suas jovens pérolas. A mais recente foi o central Paulo Oliveira que rumou ao Sporting CP. O que mais admiro no técnico é a sua capacidade de superação. Ano após ano é forçado a reconstruir o seu plantel e no final consegue sempre alcançar os seus objetivos. A sua competência e capacidade para retirar o melhor dos jovens ao seu dispor, a sua determinação e resiliência para superar os mais variados obstáculos são de louvar. É por isso que ao comentar o Vitória SC tenho que fazer este elogio ao seu treinador. Um dos melhores e com mais provas dadas no panorama nacional.

   Para esta temporada perdeu a sua referência ofensiva (Maâzou partiu para o CS Marítimo) e um dos seus principais desequilibradores, Marco Matias, que é reforço do CD Nacional, mas mesmo assim não deixou de apresentar um futebol ofensivo, positivo, sempre na busca pelos 3 pontos. André André é o dínamo do Vitória, um jogador que joga e faz jogar. Doulgas, o guarda-redes, oferece segurança à equipa e os jovens Hernâni, Bernard (poderá conhecer um pouco melhor o perfil deste jovem ganês aqui) e Tomané animam as partidas no último terço do terreno. O objetivo será a realização de uma época tranquila. Nas três primeiras jornadas alcançarem 9 pontos é um feito notável para uma equipa que pretende assegurar a manutenção o mais rapidamente possível. Um bom presságio para os «conquistadores»… Estamos na presença de uma equipa especial, apoiada por uma massa associativa muito exigente mas incansável no apoio ao seu clube. A mística do Vitória SC, o facto de as pessoas de Guimarães apoiarem exclusivamente o clube local é também um impulso e um incentivo. O plantel pode não ter nomes sonantes, o clube pode não ter muita capacidade para colmatar, no mercado de transferências, as lacunas de um plantel muito jovem e pouco experiente, mas toda a envolvência em torno do Vitória e a capacidade e qualidade de Rui Vitória, que contraria a lógica de «jogar para o pontinho» podem levar esta equipa a cumprir com sucesso os objetivos delineados.

   Não poderia deixar de referir o renovado FC Porto de Julen Lopetegui. Neste espaço já tive a oportunidade de fazer algumas considerações em relação ao plantel dos «dragões» (ver aqui). O início de campeonato protagonizado pelos azuis e brancos veio ao encontro das minhas expectativas. O que mais me surpreendeu foi mesmo o técnico espanhol, pese embora a qualidade do plantel ao dispor de Lopetegui no qual, refira-se, ele próprio teve muita liberdade nas escolhas para a sua composição. Encarado inicialmente com alguma desconfiança, o basco desde cedo se impôs. A gestão que fez em relação a Quaresma e a forma como solucionou o “filme” gerado à volta do atleta, a aposta num jovem de 17 anos como Rúben Neves, uma das surpresas deste arranque de campeonato – apresenta muita maturidade, qualidade e tem desde já a oportunidade para crescer e jogar na primeira equipa – e a afirmação de que «não há titulares» são uma clara demonstração da força de Lopetegui. A famosa «gestão de egos» que traiu o seu antecessor Paulo Fonseca parece estar a ser gerida de uma melhor forma pelo treinador espanhol. É, portanto, merecedor deste destaque. Dentro de campo nada que não se esperasse: um FC Porto dominador, com muita posse de bola faltando, porém, um melhor critério na definição dos lances. A permanência de Jackson Martínez pode ser benéfica nesse aspeto. Por vezes a equipa parece mastigar demasiado o jogo com muita posse, todavia, inconsequente, na zona intermediária.

   Pela negativa devo salientar o Gil Vicente FC, o Boavista FC e o Penafiel FC. Estas três equipas são, talvez, as mais frágeis do principal escalão do futebol nacional. Ainda sem qualquer ponto amealhado apresentam um futebol muito pobre, que em nada contribui para a competitividade do futebol nacional. No caso dos gilistas o mau arranque motivou, inclusive, a primeira chicotada psicológica em 2014/2015 com José Mota a substituir João de Deus.

Artigo escrito por: Adolfo Serrão
Imagens: zerozero.pt / lusogolo.com / ojogo.pt / abola.pt