1 de fevereiro de 2014

Mundial 2014: Brasil - À procura do "hexa"

Esta semana iniciaremos uma análise detalhada das trinta e duas equipas que estarão no próximo verão em terras brasileiras para disputar o Mundial 2014. Contendo uma variedade de histórias, momentos marcantes e recordes, esta competição encaminha-se para a sua vigésima edição. Será a segunda vez que o Brasil se estabelece como o país organizador do campeonato do mundo, depois de 1950. O torneio volta ao país do samba e do futebol, aquele que foi descoberto pelo navegador português Pedro Álvares Cabral em 1500.

Grupo A: Brasil

Calendário de Jogos:

Jornada 1: 12 de junho
Brasil vs Croácia (17h00 - São Paulo)

Jornada 2: 17 de junho
Brasil vs México (16h00 - Fortaleza)

Jornada 3: 23 de junho
Camarões vs Brasil (17h00 - Brasília)

Nota: os horários apresentados correspondem ao horário do início das partidas nas diferentes cidades brasileiras.

Análise da Seleção:

Brasil: Nome: Confederação Brasileira de Futebol
Confederação: CONMEBOL (América do Sul)
Participações em Campeonatos do Mundo: 19 (1930, 1934, 1938, 1950, 1954, 1958, 1962, 1966, 1970, 1974, 1978, 1982, 1986, 1990, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010) - é o único país totalista
Melhor Classificação: vencedor em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002
Jogador com mais internacionalizações: Cafu (148)
Jogador com mais golos: Pelé (95)
Ranking FIFA/Coca-Cola: 10º (segundo a atualização de dezasseis de janeiro)

Quando se fala em Brasil, dois aspetos ficam logo associados entre si: futebol e samba. Todo o futebol é caracterizado por técnica, primeiro toque e talento. Com cinco Mundiais conquistados, pela canarinha destacaram-se jogadores como Garrincha, Nilton Santos e Pelé (décadas de cinquenta e sessenta) ou Zico, Sócrates, Carlos Alberto e Rivelino (anos setenta e oitenta) ou ainda Cafu, Ronaldinho, Romário e Ronaldo (na viragem do século). Motivada pela recente conquista da Taça das Confederações em sua própria casa, a seleção brasileira parte para o Mundial 2014 com o objetivo claro de conquistar o hexacampeonato. Há bastante confiança, expetativa e alguma ansiedade em redor da equipa sul-americana. É que tudo o que não seja um triunfo perante os seus adeptos será considerado um autêntico fracasso. Deste modo, o Brasil será provavelmente a seleção que entrará mais pressionada em junho, tentando simultaneamente esquecer o famoso "Maracanazo" (derrota em pleno Macaranã frente ao Uruguai na final do campeonato do mundo de 1950).  Sem ter de atravessar uma fase de qualificação (por ser o país anfitrião do Mundial 2014), o Brasil remete os seus jogos oficiais nos últimos três anos à Copa América 2011, ao torneio masculino dos Jogos Olímpicos 2012 e à Taça das Confederações 2013 (descontando a imensa quantidade de particulares). 

Em termos de sorteio, o Brasil ficou num grupo algo acessível, mas não fácil de todo. A exigência prende-se com a obtenção das três vitórias em outros tantos jogos e a conquista do primeiro lugar do grupo. As dificuldades começarão a sentir-se mais nas eliminatórias finais. O primeiro classificado deste grupo A irá medir forças com o segundo do grupo B, pelo que Espanha, Holanda ou Chile poderão calhar em sorte (ou azar, se preferirem) à formação canarinha. Nenhum destes três possíveis encontros será apenas mera formalidade. Mas sempre se disse que os campeões são aqueles que se superam perante as dificuldades. A última vez que um país anfitrião venceu o campeonato do mundo remonta a 1998, em que a França derrotou no jogo decisivo o Brasil por 3-0. Este dado poderá constituir um bom mote para encarar cada partida até à final.

A estrela da companhia: Nome: Neymar da Silva Santos Júnior 
Data de Nascimento: cinco de fevereiro de 1992 (21 anos)
Naturalidade: Mogi das Cruzes, Brasil
Internacionalizações (Golos): 46 (27)
Carreira: Santos FC (2003-2013) e FC Barcelona (desde 2013)
Títulos: 3 Campeonatos Paulistas (2010, 2011 e 2012), Copa do Brasil (2010), Recopa Sudamericana (2010), Sudamericano U20 (2011), Copa Libertadores (2011), Taça das Confederações (2013) e Supercopa de España (2013)

O craque culé tem neste torneio o grande momento para se afirmar cada vez mais ao mais alto nível em termos de panorama futebolístico mundial. A jogar em casa, o extremo esquerdo do FC Barcelona será naturalmente a grande atração dos seus adeptos, prometendo magia, dribles desconcertantes, mudanças vertiginosas de velocidade e alguns golos (à semelhança do que acabou por demonstrar na Taça das Confederações). É um jogador que devido à sua capacidade para criar desequilíbrios transforma lances de aparente inferioridade numérica em oportunidades de golo para os seus companheiros. A temporada que está a fazer ao serviço dos blaugranas tem servido para esclarecer todas as questões que se levantavam em torno do jovem formado no Santos FC. Muito do sucesso do conjunto brasileiro dependerá obviamente daquele que é considerado por muitos o próximo a lutar com Messi e CR7 pela conquista da Bola de Ouro.

Treinador: Após a saída de Mano Menezes, Luiz Felipe Scolari foi convidado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para voltar a ocupar o posto de treinador da seleção canarinha. Com um passado naturalmente marcado pela conquista do Mundial 2002 e pelas boas campanhas que foi protagonizando com a seleção portuguesa, Felipão chegará a junho próximo com um objetivo bem traçado: vencer. O seu estilo autoritário e carismático poderão acrescentar alguma experiência aos muitos jovens que certamente irão compor o plantel final, proporcionando um ambiente calmo e tranquilo que afaste alguma pressão imposta pela comunicação social. O início da nova era do Sargentão não correu da melhor maneira (apenas uma vitória nos seis primeiros jogos), mas o sucesso com a conquista convincente da Taça das Confederações transformaram o estado de espírito do povo brasileiro em relação à sua seleção. De repente, uma equipa sem muitas definições e com pouca crença nas suas capacidades passou a ser uma equipa candidata a ganhar o título. Scolari contribuiu imenso para que a relação entre os jogadores e a bancada tivesse outra intensidade, outra união. 

Lista de selecionáveis: Guarda redes: Júlio César (QPR), Jefferson (Botafogo FR), Diego Cavalieri (Fluminense FC) e Victor (Atlético Mineiro)

Defesas: Daniel Alves (FC Barcelona), Maicon (AS Roma), Thiago Silva (PSG), David Luiz (Chelsea FC), Dante (FC Bayern Munich), Marquinhos (PSG), Marcelo (Real Madrid CF), Maxwell (PSG) e Filipe Luís (Atlético de Madrid)

Médios: Luiz Gustavo (VfL Wolfsburg), Lucas Leiva (Liverpool FC), Paulinho (Tottenham Hotspur FC), Fernando (FC Shakhtar Donetsk), Fernandinho (Manchester City FC), Ramires (Chelsea FC), Lucas Moura (PSG), Hernanes (SS Lazio), Oscar (Chelsea FC), Philippe Coutinho (Liverpool FC) e Kaká (AC Milan)

Avançados: Hulk (FC Zenit St. Petersburg), Bernard (FC Shakhtar Donetsk), Robinho (AC Milan), Willian (Chelsea FC), Neymar (FC Barcelona), Fred (Fluminense FC) e Jô (Atlético Mineiro)

Formação Tática: Scolari utiliza preferencialmente o 4-2-3-1, embora recorra por vezes ao 4-3-3 que marcou a época de Mano Menezes. O futebol apoiado, assente na circulação de bola e algo lento que caracterizou o período do atual técnico do timão foi substituído por um estilo mais objetivo, vertical e eficaz. 

Em organização defensiva, quando os adversários são de maior calibre, o Brasil mostra consistência e linhas baixas Nestes casos, o trio composto por Hulk, Oscar e Neymar surge à frente da dupla do meio-campo, com Fred a tentar cobrir as linhas de passe mais recuadas ao adversário. Em transição defensiva, há duas reações possíveis. Por um lado, quando em ataque rápido, existe uma reação rápida e bastante forte à perda da bola, sendo postos enormes níveis de pressão e agressividade. Por outro lado, quando em ataque organizado do adversário, o Brasil apresenta algumas debilidades que terão de ser corrigidas. A equipa montada por Scolari apresenta um grande pendor ofensivo, algo que poderá comprometer aquando das saídas do adversário para ao ataque. 

Com a saída de Mano Menezes e posterior entrada do Sargentão, o Brasil substituiu o seu jogo de posse, algo lento e com alguns erros sob o ponto de vista defensivo por um futebol mais alegre, vertical e objetivo. Como tal, existe uma preferência clara pelas transições rápidas em detrimento do jogo posicional e com um ataque contínuo. No processo de organização ofensiva, os laterais têm liberdade para subir nas faixas, oferecendo profundidade e largura. David Luiz costuma iniciar o processo de construção, avançando algumas vezes no terreno de jogo com a bola controlada, correndo riscos desnecessários. Na zona intermédia, Luiz Gustavo e Paulinho formam uma dupla que impõe alguma intensidade, proteção e segurança. O primeiro é um médio de características mais defensivas, equilibrando a sua equipa. Já o segundo e bastante forte nas transições e consegue faturar algumas vezes. Scolari pede a Hulk, Oscar e Neymar que tirem proveito da sua capacidade para criar desequilíbrios. Uma curiosidade interessante: o Brasil joga com um destro (Neymar) à esquerda  e um canhoto (Hulk) na extrema direita, procurando claramente as suas diagonais para terrenos mais interiores, de modo a procurar o remate com o pé mais forte. Oscar atua nas costas do ponta de lança, apoiando frequentemente os dois médios interiores e ocupando as faixas aquando da realização de deslocamentos dos extremos para o miolo. Já Fred fez uma Taça das Confederações bastante interessante (cinco golos em outros tantos jogos), pelo que deverá continuar a assumir a batuta na frente de ataque brasileira. 

Scolari tem várias alternativas à sua disposição. Terá nas suas mãos uma equipa que apresenta bons índices físicos, que tentará ganhar um jogo de cada vez rumo à grande final a realizar no Maracanã. 

Artigo escrito por: Ricardo Ferreira
Imagens: swide.com / chinlandtoday.info /fifa.com

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