8 de julho de 2014

Futebol Global 2014/15: "El Bandido" quase roubava o sonho brasileiro (análise de 1 a 8 de julho)

Reflexão: Por muito que se discuta as opções tomadas por José Pekerman (treinador que incutiu uma mentalidade mais ambiciosa e ganhadora) ou até mesmo a enorme falta que Radamel Falcao fez, a Colômbia saiu do Mundial 2014 de forma digna e com o estatuto de uma das grandes sensações da prova. Basta olhar para o registo histórico dos "cafeteros" para se perceber que em cinco participações do país sul-americano na competição, a chegada aos quartos-de-final constituiu a melhor prestação. 

O futebol apresentando foi vibrante e com alguns momentos de classe, à semelhança de algumas congéneres sul-americanas. Não é totalmente perfeito, mas a qualidade dos seus executantes permite resolver partidas. A organização e transição defensiva continuaram a revelar-se os grandes pontos fracos desta formação sul-americana. Após o pleno na fase de grupos, a Colômbia ofereceu uma autêntica lição ao Uruguai (quarto classificado no último Campeonato de Mundo e campeão da Copa América 2011), naquela que terá sido, porventura, a melhor exibição dos colombianos em todo o torneio. Toda esta campanha memorável terminou em Fortaleza perante o anfitrião Brasil (derrota por 2-1). Olhando para o plano individual, esta é uma seleção que vive muito do rendimento oferecido por James Rodríguez e Juan Guillermo Quadrado no momento ofensivo. O primeiro apontou seis golos, emprestou classe ao atuar no corredor central e demonstrou qualidade técnica, criatividade, boa condução de bola e criação de desequilíbrios. Um verdadeiro talento da cabeça aos pés. O golo inaugural apontado ao Uruguai no Estádio do Maracanã ficará durante muito tempo arquivado na memória dos adeptos do futebol sobretudo pelo trabalho individual do ex-FC Porto. Já o jogador da ACF Fiorentina (ver perfil aqui) somou quatro assistências, sendo o parceiro ideal de James através da sua velocidade, força e alguma técnica. No entanto, a sua fraca exibição frente ao Brasil, conjugada com as de outros elementos, teve consequências nefastas para as hostes colombianas. Quanto a outros elementos, destacar ainda David Ospina (algumas intervenções decisivas), Mario Yepes (apesar dos seus trinta e oito anos e das limitações reconhecíveis, o capitão dos "cafeteros" deu segurança e agressividade no eixo defensivo), Carlos Sánchez e Abel Aguilar (a qualidade de passe não é perfeita, mas estes dois médios de cobertura correm imensos quilómetros para fechar espaços, recuperar o esférico e ajudar no processo de construção). Para além disso, dado o leque de pontas de lança disponíveis, fica a sensação de que Pekerman poderia ter gerido melhor essa situação (Ibarbo foi colocado em várias ocasiões na faixa, Teófilo Gutiérrez mostrou ser um dos elos mais fracos e o próprio Jackson Martínez dispôs de poucas oportunidades - quando as teve, não desperdiçou). Futuramente a Copa América 2015 poderá ser uma excelente oportunidade para esta geração talentosa (com o acréscimo de mais alguma juventude e o retorno de Falcao) poder brilhar ainda mais e seguir os passos da conquista de 2001.

Jovem Promessa: Joel Nathaniel Campbell Samuels. Nascido a vinte e seis de junho de 1992 em San Jose, o internacional costa-riquenho foi uma das revelações do Mundial 2014. Formado no Club Deportivo Saprissa, Campbell esteve emprestado ao Puntarenas FC em 2011. No entanto, foi o bom desempenho apresentado na Copa América 2011 que o levou a assinar pelo Arsenal FC a troco de 930 mil libras. Depois de alguns problemas quanto à oficialização da transferência para o clube londrino, Joel Campbell teve o seu visto de trabalho no Reino Unido rejeitado, pelo que foi emprestado ao FC Lorient Bretagne Sud. Em França foi utilizado vinte e sete vezes, tendo apontado três golos, quatro assistências e deixado boas impressões. No final da temporada 2011/12, Campbell voltou a Londres para ser novamente emprestado, desta feita ao Real Bétis Balompié. Em território espanhol, o canhoto apresentou registos ligeiramente inferiores (dois golos e três assistências), contribuindo igualmente para o sétimo lugar alcançado pelos andaluzes na Liga BBVA e consequente apuramento para a UEFA Europa League. Depois de passagens por França e Espanha, Joel Campbell viajou até à Grécia, para disputar a época 2013/14 ao serviço do PAE Olympiacos. Numa temporada marcada pela estreia na liga milionária e pela conquista do seu primeiro título (Ethniki Katigoria), o costa-riquenho apontou onze golos e doze assistências em quarenta e três jogos divididos por todas as competições. Em fevereiro passado ganhou visibilidade ao assinar uma extraordinária exibição frente ao Manchester United FC na primeira mão dos oitavos-de-final da UEFA Champions League. Porém, é ao serviço da seleção do seu país que este jogador tem dado cartas. Até agora leva dez golos e mais de trinta internacionalizações, tendo-se estreado em 2011 num vitória sobre Cuba. Perante a lesão de Álvaro Saborío, Campbell tem sido a principal referência ofensiva de "Los Ticos" e uma das grandes figuras desta seleção que surpreendeu o mundo do futebol. No 5-4-1 característico da seleção de Jorge Luis Pinto, este jogador não se dá a grandes trabalhos defensivos, sendo o grande dinamizador quanto ao momento de transição ofensiva. Com uma boa compleição física (178 cm e 71 kg), Joel Campbell destaca-se pela sua potência, mobilidade, velocidade, capacidade de acelerar o jogo e qualidade técnica. Extremo direito (embora possa atuar no flanco contrário ou como ponta de lança) e canhoto, sabe segurar bem a bola, gostando de variar jogo interno (através de diagonais) com movimentos verticais através da faixa e apresentando facilidade de remate. Campbell abriu o Campeonato do Mundo 2014 com uma excelente exibição frente ao Uruguai (um golo, mais o prémio de homem do jogo) e ajudou o seu país a fazer história no Brasil. Apesar de ter contribuído somente com um golo, Campbell denotou uma extrema importância no esquema tático de "Los Ticos". Certamente um jogador em que Arsène Wenger deverá depositar maior atenção em 2014/15. Pelo menos esperança não faltará a um jogador que é dotado de uma enorme fé e crença em Deus.

Facto: Tim Howard, internacional norte-americano, protagonizou um novo recorde em fases finais de Campeonatos do Mundo ao defender dezasseis remates. O feito ocorreu no jogo dos oitavos-de-final do Mundial 2014 entre os EUA e a Bélgica. Apesar do domínio da equipa europeia (2-1), o guarda-redes do Everton FC foi distinguido com o prémio de homem do jogo, tendo mais tarde sido elogiado por jogadores, treinadores, imprensa e pelo próprio presidente dos EUA Barack Obama.

Equipa da Semana (3-5-2): Tim Howard (Estados Unidos da América); Ezequiel Garay (Argentina), David Luiz (Brasil) e Mats Hummels (Alemanha); Lucas Biglia (Argentina), Fernandinho (Brasil), Arjen Robben (Holanda), James Rodríguez (Colômbia) e Kevin De Bruyne (Bélgica); Gonzalo Higuaín (Argentina) e Lionel Messi (Argentina)


Frase: «O sonho de ser campeão mundial ainda não acabou» - Neymar num breve comentário em nota publicada no site da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Artigo escrito por: Ricardo Ferreira
Imagens: jornalggn.com.br / fifa.com

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