7 de abril de 2015

Um Manchester City FC de duas caras

Não há Bonnie sem Clyde, Tom sem Jerry ou Batman sem Robin. Mas também não há Manchester City FC… sem Yaya Touré. Ou, pelo menos, é a ideia que fica da atualidade da equipa citizen, que parece ter duas caras.

A ausência do “panzer” marfinense, dono de uma qualidade técnico-táctica extremamente elevada, é um “pormenor” que se nota em larga escala no rendimento da equipa inglesa. Talvez pareça um pouco absurdo dizer que apenas um jogador faz toda a diferença no sistema de uma equipa mas, no entanto, Yaya Touré é esse jogador que marca a diferença. É a diferença entre ter um meio-campo agressivo e dinâmico e ter um meio-campo lento, sem intensidade e repleto de monotonia. É a diferença entre ter um box-to-box capaz de ligar o sector intermediário ao sector atacante. É a diferença entre ter um médio capaz de chegar-se à frente e finalizar, disfarçando um possível sub-rendimento dos seus avançados, e ter um médio incapaz de penetrar no último terço adversário com olhos postos na baliza contrária.

Yaya Touré é isto tudo. É sinónimo de força, de garra, de querer, de determinação e de nunca desistir. Com um “pulmão” fora-de-série, Touré é um jogador que transmite muitas vezes a ideia de que, se um jogo tivesse mais noventa minutos, ele faria-os em alto rendimento, sem parar. E a sua ausência nota-se, e de que maneira. O maior exemplo disso foi a medíocre exibição do Manchester City FC frente ao Arsenal FC, no Etihad Stadium.

Com Yaya Touré ausente, a tarefa de construção de jogo ficou entregue a Fernandinho e David Silva. Como todos sabem, o brasileiro está longe de ser um construtor de jogo, muito menos com a qualidade do costa-marfinense. E o internacional espanhol simplesmente não pode fazer tudo sozinho. Aliás, acabou por não fazer absolutamente nada e o resultado foi o que se viu: derrota clara por 0-2, perante os seus adeptos.

Mas este não foi o único jogo em que os citizens estiveram impedidos de utilizar o seu médio mais influente. Os resultados falam por si. Senão veja-se: com Yaya Touré em campo, a equipa originária de Manchester somou dezoito vitórias, quatro empates e dez derrotas. Trinta e dois jogos na totalidade, com dez golos e uma assistência. Sem o internacional costa-marfinense, o conjunto de Manuel Pellegrini obteve quatro triunfos, cinco empates e três desaires, que perfaz um total de doze partidas. Importa frisar que estes dados estatísticos contemplam todas as competições nas quais o Manchester City participou em 2014/15 (Barclays Premier League, FA Cup, Capital One Cup, Community Shield e UEFA Champions League).

Apesar das dez derrotas consetidas com Yaya Touré no terreno de jogo, é por demais evidente que o Manchester City FC, na sua habitual forma de jogar, depende e muito quer da presença do médio, quer da forma em que este se encontre. O camisola quarenta e dois é a peça-chave do carrossel citizen, que só funciona a 100% se este estiver presente e com a intensidade habitual. Caso isso tivesse acontecido em todas as partidas, talvez tivéssemos um líder diferente na Barclays Premier League.

Por Daniel Sousa

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