12 de fevereiro de 2014

Futebol Global: análise da semana entre 4 e 10 de fevereiro

O jogo da semana: Liverpool FC vs Arsenal FC (5-1)

Ficha de Jogo:

Estádio: Anfield Road, Liverpool
Árbitro: Michael Oliver
Marcadores: Martin Škrtel 1' e 10', Raheem Sterling 16' e 52' e Daniel Sturridge 20’; Mikel Arteta 69’ (gp)
Disciplina: Jordan Henderson 47'; Oliver Giroud 47' e Jack Wilshere 59'

Liverpool FC (4-3-3): Simon Mignolet; Jon Flanagan, Martin Škrtel, Kolo Touré e Aly Cissokho; Jordan Henderson, Steven Gerrard (C) (Jordon Ibe 76') e Philippe Coutinho; Luiz Suárez (Iago Aspas 85'), Daniel Sturridge (Joe Allen 66') e Raheem Sterling
Suplentes não utilizados: Brad Jones, Martin Kelly, Victor Moses e Luis Alberto
Treinador: Brendan Rodgers

Arsenal FC (4-2-3-1): Wojciech Szczęsny; Bacary Sagna, Per Mertesacker, Laurent Koscielny e Nacho Monreal (Kieran Gibbs 61'); Mikel Arteta (C), Jack Wilshere, Alex Oxlade-Chamberlain, Mesut Özil (Tomáš Rosický 61') e Santi Cazorla; Oliver Giroud (Lukas Podolski 60')
Suplentes não utilizados: Łukasz Fabiański, Carl Jenkinson, Sèrge Gnabry e Nicklas Bendtner
Treinador: Arsène Wenger

Análise & Destaques:

Na abertura da vigésima quinta jornada da Barclays Premier League, o Liverpool cilindrou o Arsenal por 5-1 e aproximou-se dos lugares cimeiros da classificação. Aos 20', os reds já venciam por quatro golos sem resposta, traduzindo uma entrada fulgurante frente a um adversário muito desconcentrado, com graves lacunas defensivas e sem agressividade nos duelos. Škrtel, Sterling e Sturridge descobriram a pólvora e deixaram os londrinos sem reação. No segundo tempo, Raheem Sterling fez o quinto golo dos visitados, antes de Arteta reduzir de grande penalidade e faturar o tento de honra dos gunners. Foi a segunda vitória da turma de Merseyside nos últimos catorze encontros frente aos londrinos para a liga inglesa. Além disso, há quinze jogos que o conjunto da cidade dos Beatles fatura para o campeonato (quarenta e seis golos), uma marca estabelecida desde o encontro da primeira volta entre Arsenal e Liverpool no Emirates Stadium. Com os cinco golos sofridos, os gunners deixam o estatuto de melhor defesa nos jogos caseiros para o Liverpool. Em termos de classificação geral, o Liverpool consolidou o quarto lugar, somando cinquenta pontos e aproximando-se do Arsenal, agora no segundo lugar com cinquenta e cinco pontos.

Antes do início da partida em Anfield Road foi cumprido um minuto de silêncio em memória de Tony Hateley, antigo jogador do Liverpool que faleceu no passado dia dois. Quanto à partida em si, esta iniciou praticamente com o golo de Martin Škrtel logo no primeiro minuto. O internacional eslovaco correspondeu da melhor forma a um livre batido na esquerda pelo capitão Gerrard e inaugurou o marcador com um cabeceamento. Um inicio de sonho para os reds. Nove minutos volvidos, novo golo e os mesmos protagonistas. Gerrard cobrou um canto no lado direito do ataque e Škrtel cabeceou novamente para o segundo. Dois lances de bola parada cobrados pelo capitão dos visitados, duas boas finalizações de cabeça do eslovaco e dois golos nos primeiros dez minutos. O Arsenal tornava o jogo num autêntico pesadelo, não encontrando argumentos ao longo do jogo para contrariar a tendência do mesmo. Logo a seguir, Suárez ia marcando um belo golo, não fosse o seu portentoso remate de pé direito embater com violência no poste direito da baliza gunner. À passagem do primeiro quarto de hora, Sterling concluiu uma bela jogada de contra-ataque e elevou a contagem para 3-0. Sturridge fez o quarto tento aos 20', após um excelente passe de rutura de Coutinho e arrumou as contas do encontro. Depois de alguns minutos caracterizados por uma intensa pressão sobre o adversário, o Liverpool baixou o ritmo e a intensidade do jogo, permitindo que o Arsenal tivesse alguma bola e pudesse respirar um pouco. No entanto, os gunners não dispuseram de ocasiões de perigo e o resultado manteve-se inalterável até ao final do primeiro tempo. 

Na segunda parte, Sterling passou bem pelos defesas contrários, permitiu uma primeira defesa ao guardião Szczęsny mas na recarga fez o quinto para a sua equipa. Em evidência a falta de posicionamento e a enorme passividade concedida pela defensiva dos gunners. A dupla Koscielny-Mertesacker que até à data tinha estado em bom plano comprometeu. Os adeptos que viajaram desde Londres estavam incrédulos e alguns começavam  a abandonar as bancadas de Anfield. Quanto ao vencedor da partida, era difícil haver qualquer dúvida. Ainda assim, o Arsenal tentou dar um ar da sua graça e acabou por reduzir pelo espanhol Mikel Arteta na transformação de uma grande penalidade. O jogo fechou com seis golos e um resultado bastante dilatado, que até podia ter sido bem diferente se não fosse o desperdício de ambos os conjuntos nos últimos vinte minutos. No próximo domingo há novo "round" entre estes dois clubes, num encontro relativo aos oitavos de final da FA Cup.

Liverpool FC: vitória indiscutível de uma equipa que respira confiança e joga muito à bola. Depois do deslize na semana anterior no terreno do West Bromwich Albion, o jogo com o líder Arsenal assumia elevados níveis de concentração, inteligência e poucos erros. O Liverpool foi superior em quase todos os momentos do jogo, demonstrando o muito trabalho ao nível da primeira fase de construção. Esta verificou-se através de dois laterais (Flanagan e Cissokho) muito interessantes no plano ofensivo (pela largura e profundidade dada), do recuo de Gerrard até junto dos centrais e do papel de playmaker que Coutinho cada vez mais vai exercendo nesta formação. O 4-3-3 inicial transformava-se num 3-4-3. Já em organização defensiva, havia dois momentos específicos: um primeiro caracterizado pela intensa pressão exercida nomeadamente por Sturridge e Suárez e um segundo no qual os extremos baixavam até à linha dos dois médios centro, formando duas linhas muito juntas e compactas. Essa estratégia permitia libertar um pouco Henderson e dar grande utilidade prática no momento para contra-atacar. Neste momento do jogo, Rodgers adotava o 4-1-4-1, com Gerrard a atuar à frente dos centrais. Todo o mérito desta vitória vai indubitavelmente para o técnico galês (depois de um primeiro ano com alguns percalços, está a formar um conjunto extremamente sólido e competitivo) e para os jogadores. Suárez não marcou mas esteve bastante ativo nas movimentações que executou ao longo do jogo. Sturridge e Coutinho voltaram a demonstrar classe. Já Sterling tem adquirido cada vez mais experiência e somado alguns golos. A sua velocidade, aliada à capacidade de finalização pode valer um lugar no Mundial 2014. Nota ainda para Gerrard (excecional na cobrança das bolas paradas e muito disciplinado taticamente) e Henderson (enorme capacidade de trabalho, tanto na recuperação de bolas e na pressão como processo ofensivo). Por fim, referenciar ainda Škrtel, autor dos dois tentos iniciais e que protagonizou uma exibição tranquila no eixo defensivo

Arsenal FC: exibição desastrosa a todos os níveis dos comandados de Wenger. As constantes lesões que têm afetado o plantel não são notícias agradáveis para o técnico francês, muito condicionado nas suas escolhas. Mas podemos alargar esta temática à má abordagem do Arsenal ao mercado de inverno. Continuam a faltar nomes que garantam maior qualidade e contribuam para o enriquecimento de algumas posições. A linha defensiva esteve mal, cometendo múltiplos erros e revelando poucos níveis de agressividade. Mesut Özil foi uma das grandes desilusões, mostrando uma vez mais que nos jogos com os principais rivais apaga-se e não rende o que seria suposto. Wilshere foi dos poucos a somar alguns aspetos positivos, a par de Oxlade-Chamberlain. Giroud voltou a estar muito sozinho na frente, embora tenha descido ocasionalmente até ao meio-campo na tentativa de receber jogo. As próximas semanas não se avizinham nada fáceis para os londrinos. Há o duplo-confronto com os campeões europeus para a liga milionária, as receções às duas equipas de Manchester e ao Liverpool (para a FA Cup), bem como as deslocações aos terrenos de Tottenham, Chelsea e Everton. Tudo isto até ao início de abril. 

Destaque: Jesé Rodríguez. Os vários milhões gastos por Florentino Pérez nos últimos anos podem ter os efeitos desejados a curto prazo. Caso o Real Madrid CF venha a ter sucesso no final da época 2013/14, algum desse mérito terá de ser atribuído à última pérola saída da 'cantera' madrilena. No reinado de José Mourinho, Jesé dispôs de poucas oportunidades para se mostrar. Porém, com a entrada de Carlo Ancelotti tudo mudou. O treinador italiano tem apostado de forma considerável no espanhol (também por culpa das lesões que afetaram Bale), fazendo com que este evolua a cada semana. As estatísticas comprovam essa tese (sete golos e seis assistências em vinte e cinco jogos com a camisola blanca). Apontado desde há algumas anos a esta parte como um dos jovens mais promissores da atualidade, Jesé tem encantado a "afición" merengue. Perante algum rendimento abaixo do esperado de CR7, é Rodríguez aquele que se tem evidenciado na linha ofensiva dos vice-campeões espanhóis. Muitos adeptos pensam que estaremos perante o sucessor de Raul, muito pela carreira que o atual jogador do Al-Sadd teve. Não sei se será um candidato futuro à Bola de Ouro (tudo dependerá dos próximos tempos e da forma como irá ter espaço num plantel recheado de estrelas). Também não sei se terá lugar na convocatória de Espanha para o Mundial 2014. Mas que provoca aflição nas defesas contrárias, lá isso é verdade.

Equipa da semana (4-4-2): Keylor Navas (Levante UD); Sebastian Jung (Eintracht Frankfurt), Martin Škrtel (Liverpool FC), Daniele Gastaldello (Sampdoria UC) e Benjamin Mendy (Olympique de Marseille); Gareth Bale (Tottenham Hotspur FC), Gökhan İnler (SSC Napoli), Luka Modrić (Real Madrid CF) e Eden Hazard (Chelsea FC); Robert Lewandowski (Borussia Dortmund) e Lionel Messi (FC Barcelona)

Topo: A seleção portuguesa de U19 venceu pela sexta vez consecutiva o Torneio Internacional de La Manga, uma competição que se realizou em solo espanhol e que se prolongou entre os dias seis e dez de fevereiro. Depois de uma vitória inicial sobre a Dinamarca (3-0) e de um empate a uma bola frente à Polónia, Portugal entrava em campo no último jogo dependente apenas de si para levar o troféu para casa. Cristian Ponde foi o autor da grande penalidade que permitiu a vitória lusa perto do fim sobre a Noruega. De resto, o jogador que pertence aos quadros do Sporting CP foi o melhor marcador do torneio (dois golos apontados), a par do polaco Dariusz Formela. Já Gelson Martins foi distinguido com o prémio de melhor jogador da competição. Há muita qualidade nestas gerações futuras e Portugal tem à sua disposição jovens valores com capacidade e potencial para atingir os grandes palcos no futuro a médio prazo. 

Fundo: Declarações de Ricardo Carvalho. Por um lado, percebe-se que o defesa central que atualmente representa o AS Monaco FC tenha alguma razão no que diz respeito à falta de uniformidade nas escolhas do selecionador Paulo Bento para o jogo com Chipre (referente à qualificação para o Euro 2012). Isto porque Carvalho treinou bem e com alguma intensidade (segundo o próprio), enquanto Pepe esteve dois dias sem treinar (vinha de uma lesão). Na partida, foi o luso-brasileiro a ocupar a titularidade no eixo defensivo juntamente com Bruno Alves. Por outro lado, estas afirmações concedidas ao jornal francês "L' Equipe" são completamente evitáveis e não têm qualquer sentido. Bento sempre foi um treinador com ideias muitas claras e rigorosas, sendo por vezes criticado pelo facto de as suas convocatórias estarem condicionadas. A sua profissão leva a que proceda à escolha daqueles que estão em melhores condições para servir os interesses da seleção, sobrepondo-os aos interesses individuais. Os jogadores têm de aceitar essas opções de forma natural e não levantar problemas só por não serem titulares numa partida. Não há lugares intocáveis, há sim trabalho semanal que normalmente é recompensado aos fins de semana. Ser profissional nestas situações é uma grande virtude, nem sempre ao alcance de todos os intervenientes. Carvalho demonstrou falta de respeito pela nação e até alguma amadorismo na forma como se comportou. Este caso serviu para desestabilizar o grupo e dar algum crédito ao treinador da equipa das quinasSe esta situação se alastrasse, o que seria de esperar de jogadores como Sereno, Rolando ou Paulo Machado? Mantendo esta linha de pensamento, não haveria suplentes para os encontros...

Frase: “Dizem que tenho qualidade para jogar no Mundial, mas há este problema com o selecionador. Seria uma honra representar Portugal, mas se não há respeito...” - Ricardo Carvalho, central do AS Monaco FC e ex-internacional português, em entrevista ao jornal francês “L’ Equipe”

Artigo escrito por: Ricardo Ferreira
Imagens: bleacherreport.com / pasamela.es / fpf.pt / futebolportugal.clix.pt

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