6 de fevereiro de 2014

Mundial 2014: México - Uma mescla de irreverência e experiência

Grupo A: México

Calendário de Jogos:

Jornada 1: 13 de junho
México vs Camarões (13h00 - Natal)

Jornada 2: 18 de junho
Brasil vs México (16h00 - Fortaleza)

Jornada 3: 23 de junho
Croácia vs México (17h00 - Recife)

Nota: os horários apresentados correspondem ao horário do início das partidas nas diferentes cidades brasileiras.

Análise da Seleção:

México: Nome: Federación Mexicana de Fútbol Associación
Confederação: CONCACAF (América do Norte, Central & Caraíbas)
Participações em Campeonatos do Mundo: 14 (1930, 1950, 1954, 1958, 1962, 1966, 1970, 1978, 1986, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010)
Melhor Classificação: quartos de final em 1970 e 1986
Jogador com mais internacionalizações: Claudio Suárez (178)
Jogador com mais golos: Jared Borgetti (46)
Ranking FIFA/Coca-Cola: 21º (segundo a atualização de dezasseis de janeiro)

Com participações consecutivas desde 1994 nas fases finais de campeonatos do mundo, o México tem como resultado máximo nos últimos anos os oitavos de final. Uma barreira que insiste em persistir, por mais que a seleção azteca apresente alguma qualidade em termos futebolísticos. Campeã da Taça das Confederações em 1999  e nove vezes vencedora da Gold Cup, a seleção tricolor teve de atravessar enormes dificuldades durante a sua qualificação para o Mundial 2014. No torneio hexagonal, o México classificou-se somente na quarta posição, atrás de EUA, Costa Rica e México. E foi uma remontada dos seus rivais norte-americanos em tempo de compensação no jogo da última jornada frente ao Panamá que valeu à formação orientada na altura por Juan Manuel Vucetich o acesso ao play-off com a Nova Zelândia. Importa recordar que antes deste, já tinham passado pelo comando técnico José Manuel de la Torre (que acumulou prestações negativas na Taça das Confederações e na Gold Cup de 2013) e Luis Fernando Tena (seu adjunto e treinador interino na passagem de testemunho).

Para o duplo-compromisso com o representante da confederação oceânica, a Federación Mexicana de Fútbol Associación (FMFA) convidou o então treinador do CF América Miguel Herrera para o cargo de selecionador nacional. Este chegou, procedeu a alterações significativas na convocatória, atendendo ao momento de forma dos jogadores  (alguns que atuam na Europa foram afastados), e despachou literalmente a Nova Zelândia, com um agregado de 9-3 nas duas mãos. Chegava ao fim uma campanha marcada por um trajeto bastante sinuoso, com quatro treinadores, cinquenta e seis jogadores convocados, variações nos sistemas usados e uma multiplicidade de erros por parte da própria federação.

O México é um país que se caracteriza pela formação de jovens muito promissores, sendo uma seleção que costuma dar-se bem em provas continentais e mundiais. Na memória estão presentes estão as conquistas do Mundial U17 em 2005 e do torneio masculino de futebol dos Jogos Olímpicos de 2012. Muitos dos jogadores presentes em Londres estarão porventura entre os planos de Herrera para o Mundial 2014. No fundo, o atual timoneiro da tricolor pretende proceder a uma remodelação de toda a estrutura que sustenta a FMFA, apelando a uma outra mentalidade que permita traduzir-se em resultados aceitáveis e no aumento da qualidade dos futebolistas e das competições daquele país a médio prazo.

A estrela da companhia: Nome: Javier Hernández Balcázar
Data de Nascimento: um de junho de 1988 (25 anos)
Naturalidade: Guadalajara, México
Internacionalizações (Golos): 57 (35)
Carreira: CD Guadalajara (2006-2010) e Manchester United FC (desde 2010)
Títulos: Apertura (2006), FA Community Shield (2010 e 2011), Barclays Premier League (2010/11 e 2012/13) e Gold Cup (2011)

  Chicharito Hernández constituirá indubitavelmente uma das principais atrações da seleção azteca no Mundial 2014. Nem sempre titular pelo atua campeão inglês, este ponta de lança costuma aparecer nos momentos decisivos pronto a faturar. É um jogador verdadeiramente letal em frente à baliza, com ambos os pés ou de cabeça (usando a sua boa impulsão). Tem um bom posicionamento ofensivo, movimentando-se bastante para confundir as marcações. Para além disso, Hernández apresenta um boa arrancada, na qual exibe o seu grande poder de aceleração. 

Treinador: chamado à última hora para substituir Víctor Vucetich no comando técnico e guiar a seleção azteca no play-off com a Nova Zelândia, Miguel Herrera teve de deixar o seu brilhante percurso com o CF América. Antigo internacional mexicano, Herrera leva já treze anos como treinador, contando com passagens pelo CF Atlante (duas ocasiões), Monterrey CF, CDTR de Veracruz e CFUA Guadalajara. É dotado de um estilo muito próprio, marcado pela irreverência, loucura e paixão com que vive o jogo. E serão certamente essas as características que pretenderá implementar na seleção do seu país. Os seus festejos na conquista do Torneio Clausura 2013 com o clube da capital mexicana são bastante populares nas redes sociais (ver aqui). Afinal, a alcunha de "El Piojo" assenta-lhe que nem uma luva.

Lista de selecionáveis: Guarda redes: José de Jesús Corona (CDSC Cruz Azul), Alfredo Talavera (Toluca), Moisés Muñoz (CF América) e Guillermo Ochoa (AC Ajaccio)


Defesas: Paul Aguilar (CF América), Severo Meza (CF Monterrey), Héctor Moreno (RCD Espanyol), Francisco Rodríguez (CF América), Rafael Márquez (CF León), Diego Reyes (FC Porto), Hiram Mier (Monterrey CF), Juan Carlos Valenzuela (CF América), Hugo Ayala (Tigres UANL), Miguel Herrera (Monterrey CF), Carlos Salcido (Tigres UANL), Miguel Layún (CF América), Adrián Aldrete (CF América) e Jorge Torres Nilo (Tigres UANL)


Médios: Rodrigo Salinas (MA Morelia), Eduardo Zavala (Monterrey CF), Héctor Herrera (FC Porto), Juan Carlos Medina (CF América), Jesús Molina (CF América), Sinha (Toluca), Javier Aquino (Villarreal CF), Carlos Peña (CF León), Andrés Guardado (Bayer 04 Leverkusen), Jesús Escoboza (Club Santos Laguna), Luis Montes (CF León) e Ángel Reyna (CDTR de Veracruz)


Avançados: Javier Hernández (Manchester United FC), Aldo de Nigris (CD Guadalajara), Oribe Peralta (Club Santos Laguna), Isaác Brizuela (Toluca), Álan Pulido (Tigres UANL), Carlos Vela (Real Sociedad), Raúl Jiménez (CF América) e Giovani dos Santos (Villarreal CF)


Formação Tática: Miguel Herrera tem privilegiado o 3-5-2 desde que está à frente dos destinos da seleção mexicana. À semelhança do que sucedia no CF América, El Piojo aposta fortemente em dois alas que possuam capacidade para realizar vaivéns constantes nas faixas laterais durante a totalidade de um jogo. Apesar de ambos consistirem armas ofensivas interessantes, no momento de transição defensiva a equipa tricolor fica descompensada, colocando enorme pressão no trio de defesas centrais. Em organização defensiva, os dois alas baixam até junto dos centrais, formando uma defesa sólida, consistente e com maior capacidade para travar as investidas do opositor. Atenção à polivalência de Rafael Márquez que poderá desempenhar as funções de defesa central e médio defensivo.

Em organização ofensiva, há uma obsessão enorme pelo jogo direto a partir dos centrais. Alguns dos golos marcados no duplo-confronto com os all whites demonstram bem esta estratégia. O meio campo apresenta talento e profundidade, aspetos figurados em Montes e Peña. Na zona intermediária poderão ainda entrar nomes como Aquino ou Zavala. Já no ataque, com o pouco ritmo de jogo de Chicharito, Oribe Peralta constitui-se como a figura principal, fazendo uma boa parceria com Raúl Jiménez. De resto, o avançado do Santos Laguna (clube orientado pelo português Pedro Caixinha) apontou dez golos na qualificação, metade deles no play-off. Além disso, recentemente foi considerado o terceiro melhor marcador do torneio Apertura da Liga Bancomer MX, com onze tentos em quinze partidas. Com um verdadeiro instinto matador, Peralta é um grande trunfo para os mexicanos. 

Miguel Herrera soma neste momento mais dúvidas do que certezas. O particular realizado há dias com a Coreia do Sul (vitória por 4-0 em San Antonio, no Texas) serviu para tirar algumas ilações quanto aos jogadores que atuam no campeonato interno (Diego Reyes foi o único jogador a atuar na Europa convocado). O ponta de lança Pulido protagonizou um hat-trick, ao passo que Brizuela foi uma dor de cabeça constante para os defensores sul-coreanos. Herrera já lançou um aviso aos jogadores que atuam no continente europeu: quem não jogar regularmente até ao final da época corre o sério risco de ficar afastado da fase final do Mundial 2014. Por isso, a presença de jogadores como Diego Reyes, Héctor Herrera e o próprio Javier Hernández é uma incógnita nesta altura. 

No início desta semana, Carlos Vela e Miguel Herrera reuniram-se em Madrid, ficando acordado que o extremo direito da Real Sociedad não representaria o seu país no Brasil. Num comunicado elaborado pela FMFA, a explicação apresentada sugere que o jogador "não se encontra a cem por cento do ponto de vista mental e emocional para enfrentar uma competição como o campeonato do mundo". A incompatibilização com os membros da federação e com a própria imprensa falaram mais alto na hora da decisão final.

Há bastante incerteza sobre aquilo que poderá redundar a participação azteca no Mundial 2014. Espera-se uma equipa com jogadores interessantes e talentosos, capaz de provocar dificuldades a adversários de maior categoria (a começar pelo Brasil na fase de grupos). Sob a orientação de Miguel Herrera, atingir os oitavos de final já será um bom resultado, tendo em conta a conjuntura. Mas o próprio já afirmou que pretende ir mais além. Não será fácil.

Artigo escrito por: Ricardo Ferreira
Imagens: deporteshoy.com / soccerwire.com / fifa.com / zimbio.com

1 comentário:

  1. Ainda a saborear vários passes de letra (nada incompatíveis com este), que me levaram às "correntes d'escritas" a decorrer no Hotel Axis e organizadas pelo empreendedor município poveiro, ali bem juntinho ao mar, desejo entrar aqui pela porta grande, tentando dignificar este espaço, que "time is money" como dizem os ingleses ou "o tempo dá-o Deus de graça", na popular sabedoria das velhinhas da minha beirã aldeia.
    Da Trindade até à Póvoa levou-me e trouxe-me o metro, numa viagem curta mas aprazível, bem aproveitada para um olhar atento sobre a conversão de sistemas, exemplarmente expostos por colega da faculdade, ilustre cronista deste Passe de Letra. Lembrei-me dele ao passar os Arcos de Vila do Conde, terra de rendilheiras, junto ao estádio do seu clube, onde emoldura os verdes que lhe enfeitam o coração...
    De véspera, fui expetador de sofá, assistindo, vibrando e esmorecendo com um Porto que já não garimpa pepitas de ouro e ostenta um azul deveras desbotado. É uma pena, diria até confrangedor, ver aquela equipa displicente, sem chama e incapaz de funcionar em bloco, como era seu apanágio, ainda não há muito tempo.
    Esse tempo que ás vezes parece uma eternidade e outras apenas um segundo. Aquele que mediou entre os 2-0 e o 2-2.
    Melhor sorte teve o Benfica que com um golo algo duvidoso, mas o árbitro é autoridade, conseguiu levar água ao seu moinho.
    Nesta Europa em muita convulsão, alvos de um "Big Brother" monumental, sempre atenta ao que se passa em casa dos vizinhos, aguardemos até ver o que os jogos da segunda mão nos trazem. Aprioristicamente, tem o Benfica melhores perspetivas mas o futebol é pródigo em surpresas e, como diz o nosso povo, "até ao lavar dos cestos é vindima..."
    Tenham um bom fim de semana e um melhor início da próxima

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