27 de fevereiro de 2014

Futebol Global: análise da semana entre 18 e 24 de fevereiro

O jogo da semana: Chelsea FC vs Everton FC (1-0)

Ficha de Jogo:

Estádio: Stamford Bridge, Londres
Árbitro: Lee Probert
Marcador: John Terry 90+3'
Disciplina: 

Chelsea FC (4-2-3-1): Petr Čech; Branislav Ivanović, Gary Cahill, John Terry (C) e César Azpilicueta; Nemanja MatićFrank Lampard, Willian (Fernando Torres 62'), Oscar (Ramires 45') e Eden Hazard; Samuel Eto'o (André Schürrle 69')
Suplentes não utilizados: Mark Schwarzer, Ashley Cole, Mohamed Salah e Demba Ba
Treinador: José Mourinho

Everton FC (4-2-3-1): Tim Howard; Séamus Coleman, Phil Jagielka (C), Sylvain Distin e Leighton Baines; James McCarthy, Gareth Barry, Kevin Mirallas (Gerard Deulofeu 75'), Leon Osman (Ross Barkley 63') e Steven Pienaar (Aiden McGeady 80'); Steven Naismith
Suplentes não utilizados: Joel Robles, John Stones, Luke Garbutt e Tony Hibbert
Treinador: Roberto Martínez

Análise & Destaques:

Num jogo relativo à vigésima sétima jornada da  Barclays Premier League, o Chelsea recebeu o Everton e venceu por 1-0, regressando deste modo às vitórias na liga inglesa. Já dentro do tempo de compensação, aos 93', John Terry, com alguma ajuda de Lampard e Howard à mistura, fez o único tento do jogo, sentenciando-o. Este foi apenas o quarto triunfo dos londrinos nos últimos doze jogos para o campeonato frente aos toffeesJá o Everton somou a terceira derrota consecutiva fora de portas. Mourinho continua a defender o recorde de setenta e quatro jogos sem perder para a liga em Stamford Bridge, ao passo que Roberto Martínez ainda não conseguiu vencer nas deslocações ao terreno do Chelsea (cinco derrotas em outros tantos jogos). O Chelsea continua a liderar a liga inglesa, com sessenta pontos, mais um que o Arsenal e três que o Manchester City. O Everton desceu ao sétimo lugar, por troca com o Manchester United, somando os mesmos quarenta e cinco pontos. Na próxima jornada, o Everton recebe o West Ham United, ao passo que o Chelsea visita o terreno do Fulham para um dos dérbis londrinos.

Quanto ao jogo, as duas equipas apresentaram-se praticamente sem novidades. Do lado dos blues, Mourinho fez duas alterações face à equipa que perdeu no Etihad Stadium para a FA Cup: saíram David Luiz, Obi Mikel e Ramires, entraram Terry, Lampard e Oscar. Quanto aos toffees, Roberto Martínez também fez três mudanças, colocando Howard, Osman e Naismith nos lugares de Joel, Barkley e Traoré, que tinham sido titulares na vitória sobre o Swansea City. A primeira parte ficou marcada pelo equilíbrio entre duas formações que apresentaram dois sistemas táticos idênticos. Os blues encontraram sempre grandes dificuldades para encontrar espaços e explorar o seu jogo ofensivo, já que o adversário defendia de forma organizada, mostrando bons níveis de pressão à entrada do seu meio campo. As grandes oportunidades deste primeiro tempo contam-se pelos dedos: uma para o Everton (remate de Osman para defesa atenta de Čech) e outra para os londrinos (disparo de Azpilicueta à figura de Howard).

Para a segunda parte, Mourinho colocou Ramires no lugar do apagado Oscar e a produção de jogo ofensivo aumentou substancialmente. Hazard e Ivanović tiveram nos seus pés boas ocasiões para fazer o marcador funcionar, porém encontraram pela frente um guardião norte-americano inspirado. Isto tudo até à hora de jogo, altura em que os dois técnicos operaram modificações nos seus onzes. Mourinho refrescou a frente de ataque coma  entrada de Torres, ao passo que o treinador espanhol fez entrar Barkley. O Chelsea perdeu alguma intensidade no último terço do campo e, com isso, permitiu alguma chegada da equipa contrária à sua área. Ramires fez a bola passar perto do poste direito da baliza do clube de Liverpool a um minuto dos descontos, para desânimo dos adeptos da casa. Ainda assim, no terceiro de cinco minutos de compensação, Lampard bateu um livre direto na esquerda e Terry desviou a bola para o fundo das redes contrárias. Com alguma ponta de sorte no final, o Chelsea somou três pontos vitais na manutenção do primeiro lugar. 

Chelsea FC: o "Happy One" está com a estrelinha de campeão. Apesar de uma exibição que deixou algo a desejar (desde a vitória no terreno do Manchester City que a qualidade do futebol dos blues caiu um pouco), a equipa comandada pelo português venceu um jogo difícil contra uma equipa com a qual tinha perdido em Goodison Park. Oscar esteve uns furos abaixo do que costuma fazer, ao passo que Azpilicueta tentou sempre dar profundidade ao ataque, demonstrando um jogo seguro em termos defensivos. A entrada de Ramires ao intervalo surtiu efeito, já que o Chelsea criou algumas oportunidades devido às suas arrancadas, à capacidade de pressão e de transporte e ao enorme pulmão de que dispõe. Hazard, perante a pressão de vários adversários, não desequilibrou como o costume. Torres pouco acrescentou. Por fim, destacar a dupla Cahill-Terry, que continua a evoluir, somou mais um jogo sem golos sofridos e constitui uma boa arma nas bolas paradas ofensivas.

Everton FC: pela entrega e pela forma como neutralizou o adversário em quase todo o primiero tempo, o Everton não merecia perder nos descontos este encontro. Roberto Martínez montou esta temporada uma equipa que sabe para onde caminha, quais os momentos em que deve atacar e, sobretudo, como anular as individualidades que possa encontrar pela frente. Muito do jogo do Everton passou pela bela atuação dos médios centro, exímios na ocupação de espaços. Howard fez uma exibição quase soberba (manchada pelo erro final no golo) e Distin não comprometeu. Coleman e Baines são duas autênticas setas nos seus respetivos corredores, possibilitando a ocupação de espaços interiores por parte dos extremos. Barkley entrou com o decorrer do segundo tempo, mas não esteve feliz em alguns lances.

Destaque: Portugal não teve muita sorte no sorteio realizado em Nice no passado domingo relativo à fase de qualificação para o Europeu 2016. Partindo como um dos nove cabeças de série, os lusos quedaram-se no grupo I juntamente com Dinamarca, Sérvia, Arménia e Albânia. Pelo facto de ter ficado no único agrupamento de cinco seleções, Portugal terá ainda de realizar dois particulares com a França, o país anfitrião do torneio. Os dois primeiros classificados de cada série, mais o melhor terceiro classificado, apuram-se diretamente, ao passo que os restantes oito terceiros classificados efetuarão um play-off a duas mãos, de modo a ocupar as quatro vagas que restam. Num Europeu algo inovador, Portugal tem todas as condições para atingir a fase final a ser disputada entre dez de junho e dez de julho de 2016. Porém, o grupo no qual a seleção das quinas ficou inserida não será nada fácil.

   A Dinamarca tem provado nos últimos anos (qualificações para o Mundial 2010 e Europeu 2012) que pode bater Portugal. Em relação às equipas presentes no segundo pote, a Dinamarca não era a melhor. Morten Olsen já assegurou a sua permanência no comando técnico dos nórdicos por mais dois anos, pelo que o processo de rejuvenescimento da equipa continuará a ser realizado. Eriksen continua a ser a grande referência dos dinamarqueses, mas há que ter em conta a experiência de Agger e o poder ofensivo de Krohn-Dehli. Já a Sérvia será, porventura, o maior obstáculo para os portugueses. A formação balcã possui excelentes executantes, alguns jovens (Nastasić, Marković, Djuricić ou Mitrović), outros já com créditos firmados no futebol do Velho Continente (Ivanović, Subotić, Kolarov, Matić, Tošić ou Basta). O ambiente no Marakana costuma intimidar os adversários, pelo que o jogo em casa será de crucial importância. Quanto à Arménia, esta é uma das seleções emergentes no panorama futebolístico internacional. Apesar de ter falhado o apuramento para o Mundial 2014 por pouco, os arménios irão criar bastantes problemas, nomeadamente em Yerevan. Em cerca de meio ano, este país do leste europeu subiu sessenta lugares no ranking da FIFA. A força maior reside no setor mais ofensivo, onde se destacam Mkhitaryan, Özbiliz e Movsisyan. Destaque ainda para o guarda redes Berezovsky, de trinta e nove anos, que construiu quase toda a sua carreira em solo russo. Até agora, ainda não se sabe quem será o substituto de Vardan Minasyan no comando técnico da Arménia. Por fim, a Albânia é claramente o adversário menos cotado neste grupo I. O empate conseguido em Braga na qualificação para o Mundial 2010 ainda está bem presente na memória dos albaneses e, como tal, Portugal não deve facilitar neste tipo de compromissos com conjuntos teoricamente acessíveis. A experiência é nota dominante nesta equipa, bem como a exploração do fator casa para amealhar alguns pontos. Num cômputo geral, Portugal não poderá vacilar nos jogos em casa. As quatro deslocações serão desgastantes e muito difíceis. Vencer na Arménia e na Albânia será necessário, para que se possa abordar os duelos com os outros dois concorrentes de uma forma mais serena. Em perspetiva, serão três equipas a discutir por dois lugares. Mas tudo é possível.

Olhando de forma telegráfica para a composição dos restastes grupos, as duas seleções mais fortes, Espanha e Alemanha, ficaram inseridas em grupos relativamente acessíveis. De resto, os germânicos deslocar-se-ão ao Algarve a treze de junho de 2015 para medir forças com o estreante Gibraltar. A Grécia, orientada pelo português Fernando Santos, ficou num grupo mediano, com Hungria e Roménia a constituírem as grandes ameaças. Na teoria, os grupos G e H serão aqueles que mais se assemelham com o de Portugal, pelo equilíbrio e pela grande competitividade que certamente existirá. Abaixo, eis o resultado final do sorteio:

Grupo A: Holanda, República Checa, Turquia, Letónia, Islândia e Cazaquistão
Grupo B: Bósnia e Herzegovina, Bélgica, Israel, País de Gales, Chipre e Andorra 
Grupo C: Espanha, Ucrânia, Eslováquia, Bielorrússia, Macedónia e Luxemburgo
Grupo D: Alemanha, República da Irlanda, Polónia, Escócia, Geórgia e Gibraltar
Grupo E: Inglaterra, Suíça, Eslovénia, Estónia, Lituânia e San Marino
Grupo F: Grécia, Hungria, Roménia, Finlândia, Irlanda do Norte e Ilhas Faroé
Grupo G: Rússia, Suécia, Áustria, Montenegro, Moldávia e Liechtenstein
Grupo H: Itália, Croácia, Noruega, Bulgária, Azerbaijão e Malta
Grupo I: Portugal, Dinamarca, Sérvia, Arménia e Albânia

Equipa da semana (3-4-3): Raphael Schäfer (1. FC Nürnberg); Adil Rami (AC Milan), John Terry (Chelsea FC) e Ştefan Radu (SS Lazio); Lazar Marković (SL Benfica), Jordan Henderson (Liverpool FC), Lerin Duarte (AFC Ajax) e Antoine Griezmann (Real Sociedad); Alan (FC Red Bull Salzburg), Olivier Giroud (Arsenal FC) e Thomas Müller (FC Bayern Munich)

Topo: FC Red Bull Salzburg. Semana fantástica para os vice-campeões austríacos. Primeiro, na quinta-feira, os comandados do germânico Roger Schmidt surpreenderam o AFC Ajax com um 3-0 que não deixou margem para dúvidas. Com isso, a formação de Salzburgo carimbou praticamente o apuramento para os oitavos-de-final da UEFA Europa League, reforçando o estatuto de sensação da segunda maior competição de clubes da UEFA (nove triunfos em outros tantos jogos). Os austríacos passaram a integrar um lote restrito de equipas (apenas Real Madrid e Borussia Dortmund) que já venceram na Amesterdam ArenA por uma diferença maior ou igual a três golos. Três dias depois do sucesso em Amesterdão, o Salzbrug recebeu na Red Bull Arena o FC Trenkwalder Admira Wacker, despachando literalmente o seu oponente com um 6-1. No plano interno, os Bullen lideram tranquilamente a Austrian Bundesliga, somando cinquenta e oito pontos em vinte e quatro partidas (mais dezanove que o segundo, o SV Grödig), com um saldo de 79-19 em golos. Como se verifica pelas estatísticas, este é um clube muito produtivo em termos ofensivos, encaixando poucos golos. Já são sessenta e quatro o número de partidas consecutivas a facturar, sendo que o último jejum data de dezembro de 2012, frente ao rival FK Austria Wien. Uma marca verdadeiramente impressionante, mesmo que se tenha em consideração a fraca competitividade do campeonato austríaco. Mérito para todo o clube e, nomeadamente, para Schmidt que se manteve no comando técnico após uma primeira temporada em que nada conquistou. Deste conjunto, destaque para dois avançados: Jonathan Soriano e Alan. O primeiro tem vinte e oito anos, formou-se no RCD Espanyol e, após uma passagem pouco vantajosa por Barcelona, saltou até Áustria. A cumprir a sua terceira temporada no clube patrocinado pelo touro vermelho, o espanhol soma uma liga e uma taça (ambas no ano de estreia). Na Holanda foi autor de dois golos da sua equipa. Atualmente apresenta trinta e um golos em vinte e cinco jogos oficiais em 2013/14. Já o segundo é brasileiro, tem vinte e quatro anos e é o melhor marcador da liga da Áustria, com vinte e um tentos. No passado fim-de-semana, saiu do banco para fazer um hat-trick na folgada vitória sobre o sétimo classificado. Indubitavelmente, um clube a seguir com toda a atenção no futuro e que até já mereceu um comentário de Pep Guardiola, depois de uma vitória do Red Bull Salzburg por 3-0 sobre o FC Bayern Munich num amigável em janeiro: “Aprendemos a lição com essa derrota, obrigado”.

Fundo: FC Porto. Que os dragões atravessam uma época abaixo do expectável, isso já era conhecido. O problema é que os tricampeões nacionais claudicaram em parte a sua época nestes últimos dias. Primeiramente o empate consentido no Estádio do Dragão frente ao Eintracht Frankfurt não pode ser considerado um bom resultado, sobretudo pela valia do adversário (apenas décimo terceiro classificado na 1. Bundesliga, a quatro pontos dos lugares de despromoção) e pela momentânea vantagem de dois golos conseguida, que acabou por ser anulada. Em segundo lugar, a derrota caseira frente ao GD Estoril Praia deixou a equipa azul e branca no terceiro lugar, a sete pontos do SL Benfica e a dois do Sporting CP, quebrando um recorde de cinco anos e quatro meses sem perder na cidade Invicta para o campeonato. Paulo Fonseca está na corda bamba e os próximos compromissos serão certamente decisivos para sua continuidade como técnico dos dragões. Para já, vai tendo todo o suporte de Pinto da Costa. O problema será lidar com a opinião e a vontade dos adeptos.

Frase: “Não fugimos de ninguém. Ninguém do FC Porto foge, os ratos é que fogem, ninguém do FC Porto altera o seu caminho” - Pinto da Costa, presidente do FC Porto, em declarações aos jornalistas logo após a derrota caseira frente ao GD Estoril Praia

Artigo escrito por: Ricardo Ferreira
Imagens: soccerlens.com / uk.eurosport.yahoo.com / uefa.com / footballverdict.blogspot.com / salzburg.com / tvi24.iol.pt

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