24 de fevereiro de 2014

Mundial 2014: Holanda - Será van Gaal capaz de espremer com eficiência todo o sumo da Laranja Mecânica?

Grupo B: Holanda

Calendário de Jogos:

Jornada 1: 13 de junho
Espanha vs Holanda (16h00 - Salvador)

Jornada 2: 18 de junho
Austrália vs Holanda (13h00 - Porto Alegre)

Jornada 3: 23 de junho
Holanda vs Chile (13h00 - São Paulo)

Nota: os horários apresentados correspondem ao horário do início das partidas nas diferentes cidades brasileiras.

Análise da Seleção:

Holanda: Nome: Koninklijke Nederlandse Voetbal Bond
Confederação: UEFA (Europa)
Participações em Campeonatos do Mundo: 9 (1934, 1938, 1974, 1978, 1990, 1994, 1998, 2006 e 2010)
Melhor Classificação: vice-campeão em 1974, 1978 e 2010
Jogador com mais internacionalizações: Edwin van der Sar (130)
Jogador com mais golos: Robin van Persie (41)
Ranking FIFA/Coca-Cola: 10º (segundo a atualização de treze de fevereiro)

Considerada uma das grandes deceções no Europeu de 2012 (três derrotas em outros tantos jogos), a Holanda entrou num período de remodelação de toda a estrutura federativa. Bert van Marwijk acabou por ser despedido em virtude da péssima prestação na Polónia e na Ucrânia, de nada valendo o segundo lugar alcançado no Mundial 2010. Casos de falta de profissionalismo e uma grave divergência entre seleccionador e atletas estiveram na base do fracasso. Para o lugar do técnico que recentemente abandonou o comando técnico do Hamburger SV chegou Louis van Gaal, um homem conhecedor do futebol holandês e dotado de uma personalidade muito forte. 

Mal chegou, uma das preocupações iniciais consistiu em criticar fortemente a forma de jogar da Laranja Mecânica no reinado de van Marwijk. Depois, van Gaal teve uma considerável aposta em jogadores jovens que atuam na Eredivisie. Reintroduziu uma filosofia de ataque que outrora celebrizou o futebol holandês no mundo do futebol, favorecendo o jogo coletivo e a procura constante pelo golo. Uma opção que permitiu substituir o futebol defensivo, sem chama e com muita dependência dos nomes mais sonantes. O resultado está à vista. A Holanda classificou-se de forma serena no primeiro lugar do grupo D da zona europeia, com a conquista de vinte e oito pontos em trinta possíveis. Um caminho verdadeiramente fantástico, com apenas um percalço na visita à Estónia (empate a duas bolas). Além disso, convém referir que foi apontados trinta e quatro golos pela máquina laranja, tendo consentido apenas cinco. A par da Itália, foi o primeiro país europeu a assegurar o passaporte para o Brasil, concluindo a qualificação com nove pontos de vantagem para a Roménia. Robin van Persie sagrou-se o melhor marcador do apuramento, com onze golos apontados. À segunda passagem pelo comando técnico, van Gaal não desiludiu e conseguiu atingir o objetivo principal.

Desde a derrota na (re)estreia frente à Bélgica, são até à data dezassete o número de jogos sem perder. Mesmo assim, a formação do país das tulipas é olhada com alguma desconfiança pelos adeptos, sobretudo depois do desaire que constituiu a última grande competição oficial disputada pelos holandeses. O jogo de abertura contra a Espanha poderá ser decisivo nas contas finais do grupo. Ganhar à Austrália é obrigatório, enquanto o Chile será, na teoria, o adversário que discutirá com a Laranja Mecânica o segundo lugar. Além disso, há que ter em consideração que o segundo classificado irá muito possivelmente emparelhar com o Brasil nos oitavos de final. A história diz que o último Campeonato do Mundo disputado em território sul-americano (1978, na Argentina) redundou no segundo de três vice-campeonatos da Holanda. Este dado poderá muito bem servir como motivação para, no mínimo, repetir o feito conseguido na África do Sul e alcançar nova final (algo muito improvável, mas não impossível). Mais um fracasso com sabor amargo ou afirmação de jovens muito promissores?

A estrela da companhia: Nome: Arjen Robben
Data de Nascimento: vinte e três de janeiro de 1984 (30 anos)
Naturalidade: Bedum, Holanda 
Internacionalizações (Golos): 73 (22)
Carreira: FC Groningen (2000-2002), PSV Eindhoven (2002-2004), Chelsea FC (2004-2007), Real Madrid CF (2007-2009) e FC Bayern Munich (desde 2009)
Títulos: Eredivisie (2002/03), Johan Cruijff Schaal (2003/04), 2 Barclays Premier League (2004/05 e 2005/06), 2 Football League Cup (2004/05 e 2006/07), Community Shield (2005), FA Cup (2007), Liga BBVA (2007/08), Supercopa de España (2008), 2 1. Bundesliga (2009/10 e 2012/13), 2 DFB Pokal (2009/10 e 2012/13), 2 DFL Super Cup (2010 e 2012), UEFA Champions League (2012/13), Supertaça Europeia (2013) e Campeonato do Mundo de Clubes (2013)

Com trinta primaveras cumpridas, Arjen Robben atravessa sem sombra de dúvidas a melhor fase da sua carreira. Esquerdino puro, o internacional holandês atua a partir da direita, podendo igualmente jogar na ala contrária ou no eixo, como médio ofensivo. Velocidade, capacidade de aceleração, drible desconcertante e capacidade técnica apurada são alguns dos predicados do The Flying Dutchman. O seu movimento preferido consiste em fletir da ala para o meio, de modo a aplicar o seu remate forte e colocado com o pé esquerdo. É um jogador que evita sempre que possível usar o pé direito, possuindo uma grande vulnerabilidade face a lesões (só esta temporada já foram quatro), um aspeto que tem marcado a carreira deste jogador que atualmente representa o Bayern Munich. 

Treinador: como jogador nunca teve grande sucesso. Porém, a carreira de Louis van Gaal como treinador merece ser destacada. Desde cedo que este homem natural de Amesterdão se auto-caracterizou como discípulo de Rinus Michels (técnico que ao serviço da Holanda venceu o Euro 1988 e foi finalista vencido do Mundial 1974, sendo considerado o pai do "Futebol Total"). Na última década do milénio passado conquistou tudo o que era possível pelo AFC Ajax. Conta ainda com passagens por Barcelona (em duas ocasiões), Alkmaar e Munique. Atualmente, dirige a Laranja Mecânica pela segunda vez, depois de uma passagem inicial entre 2000 e 2002. Durante esse período, van Gaal não conseguiu garantir o apuramento da Holanda para o Mundial 2002 (ficou atrás de Portugal e República da Irlanda), saindo sem honra nem glória. Dez anos mais tarde, substituiu Bert van Marwijk após o fracasso holandês no Euro 2012. Sendo uma figura incontestável dentro do balneário, van Gaal rompeu com o estilo do seu antecessor e procedeu a uma remodelação profunda, chamando para seu adjunto Patrick Kluivert. A formação europeia prefere cada vez mais o jogo coletivo em detrimento das individualidades, uma característica que costuma imperar nas equipas comandadas por este senhor que muito deu ao futebol.

Lista de selecionáveis: Guarda redes: Michel Vorm (Swansea City AFC), Tim Krul (Newcastle United FC), Jasper Cillessen (AFC Ajax) e Maarten Stekelenburg (Fulham FC)

Defesas: Gregory van der Wiel (PSG), Daryl Janmaat (Feyenoord), Ricardo van Rhijn (AFC Ajax), Ron Vlaar (Aston Villa FC), Bruno Martins Indi (Feyenoord), Stefan de Vrij (Feyenoord), Joel Vëltman (AFC Ajax), Jeffrey Bruma (PSV Eindhoven), Daley Blind (AFC Ajax), Patrick van Aanholt (SBV Vitesse) e Jetro Willems (PSV Eindhoven)

Médios: Jonathan de Guzman (Swansea City AFC), Nigel de Jong (AC Milan), Stijn Schaars (PSV Eindhoven), Jordy Clasie (Feyenoord), Kevin Strootman (AS Roma), Leroy Fer (Norwich City FC), Wesley Sneijder (Galatasaray SK), Rafael van der Vaart (Hamburger SV), Siem de Jong (AFC Ajax) e Adam Maher (PSV Eindhoven)

Avançados: Arjen Robben (FC Bayern Munich), Dirk Kuyt (Fenerbahçe SK), Luciano Narsingh (PSV Eindhoven), Robin van Persie (Manchester United FC), Klaas-Jan Huntelaar (FC Schalke 04), Ruben Schaken (Feyenoord), Jeremain Lens (FC Dynamo Kyiv) e Memphis Depay (PSV Eindhoven)

Formação Tática: alinhada num tradicional 4-2-3-1 (embora por vezes transite para 4-3-3), a Holanda é uma seleção que possui valências diferentes entre os vários setores. Em organização ofensiva, os holandeses gostam de avançar no terreno com vários elementos, explorando a profundidade dada pelos laterais, a ocupação de terrenos interiores por parte dos extremos, a criatividade de Sneijder (ou van der Vaart) e o instinto matador de van Persie (melhor marcador de sempre da turma laranja). Atenção a Huntelaar, ponta de lança que tem sido fustigado por algumas lesões, mas que garante profundidade. Nota ainda para a dupla de médios centro, que deixou de ser apenas destrutora, participando mais ativamente no processo de criação a transporte do esférico. O facto de ser um conjunto de cariz extremamente ofensivo explica a excelente produtividade na qualificação. Em transição, esta formação gosta de aproveitar a velocidade que é imprimida pelos extremos. 

As grandes lacunas dos holandeses passam pelo momentos de organização e transição defensiva. A enorme inexperiência do quarteto defensivo, bem como a rotatividade na baliza (cinco guarda redes usados na qualificação) são duas características que definem uma seleção com dificuldades para sair a jogar desde trás. Além disso, as subidas constantes dos laterais podem desguarnecer a defesa, obrigando a compensações por parte dos médios mais recuados. 

É de notar a forma como van Gaal chegou, não olhou às idades dos jogadores, chamou jogadores muito novos e obtiveram resultados interessantes, apesar da menor experiência neste tipo de competições internacionais. Chegar aos quartos de final será já um feito notável dado toda a conjuntura explicada mais acima neste artigo. Se houver uma boa gestão dos egos, a manutenção da preferência pelo coletivo e alguma humildade, a armada de van Gaal poderá conseguir bons resultados. Certamente que o selecionador natural de Amesterdão pretende terminar esta segunda passagem pelo comando técnico do seu país com algo que possa ser recordado mais tarde.

Artigo escrito por: Ricardo Ferreira
Imagens: abcdoesporte.wordpress.com / zimbio.com / uefa.com / uludagsozluk.com

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