23 de fevereiro de 2014

Mundial 2014: Espanha - Repetir feito de 2010 para chegar à plenitude

Grupo B: Espanha

Calendário de Jogos:

Jornada 1: 13 de junho
Espanha vs Holanda (16h00 - Salvador)

Jornada 2: 18 de junho
Espanha vs Chile (16h00 - Rio de Janeiro)

Jornada 3: 23 de junho
Austrália vs Espanha (13h00 - Curitiba)

Nota: os horários apresentados correspondem ao horário do início das partidas nas diferentes cidades brasileiras.

Análise da Seleção:

Espanha: Nome: Real Federación Española de Fútbol
Confederação: UEFA (Europa)
Participações em Campeonatos do Mundo: 13 (1934, 1950, 1962, 1966, 1978, 1982, 1986, 1990, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010)
Melhor Classificação: vencedor em 2010
Jogador com mais internacionalizações: Iker Casillas (152)
Jogador com mais golos: David Villa (56)
Ranking FIFA/Coca-Cola: 1º (segundo a atualização de treze de fevereiro)

Dominadora do futebol internacional nos últimos anos, a Espanha parte para o Mundial do Brasil à procura de um feito que apenas está ao alcance da Itália e Brasil: obter o bicampeonato mundial consecutivo. Com a conquista recente do Euro 2012, La Roja estabeleceu-se como a única seleção a vencer dois Campeonatos da Europa de forma sucessiva. Desde 2008, o futebol espanhol tem vivido momentos altos. Se é verdade que o posto de selecionador trocou, também é correto afirmar que a identidade e a filosofia de jogo dos espanhóis manteve-se. Um futebol que apaixona muitos adeptos do futebol, pela vistosa capacidade de posse e circulação de bola.

A qualificação para o Mundial 2014 decorreu de forma tranquila, com a soma de seis vitórias e dois empates no agrupamento mais curto (apenas cinco países) da zona europeia. O grande obstáculo foi a formação gaulesa, que chegou a ocupar a liderança do grupo I e impôs um empate a uma bola no jogo em Madrid. Ainda assim, os comandados de Del Bosque superiorizaram-se no encontro da segunda volta em Saint-Denis e chegaram ao topo do grupo, relegando a França para os play-offs. Foi o terceiro apuramento da Espanha para uma grande competição internacional sem qualquer derrota, um feito único. Três golos sofridos e apenas catorze tentos apontados constituem registos de uma campanha que não foi muito prolífica na produtividade ofensiva. Um facto que se explica pela forma de jogar dos castelhanos, uma vez que preferem ter a bola em seu poder e construir com bastante paciência, guardando simultaneamente o seu setor mais recuado. Um dado interessante: a Espanha foi de todas as equipas europeias presentes no apuramento aquela que mais passes executou (média de 849 por jogo) e que mais percentagem de posse de bola teve (74,3%).

Apesar de a seleção espanhola estar a atravessar a melhor fase da sua história em termos futebolísticos, existe uma sensação de que esta Espanha já não apresenta a mesma força de há alguns anos atrás. A copiosa derrota na final da Taça das Confederações frente ao Brasil no ano anterior serve como um bom argumento que poderá sustentar essa tese. O sucesso não é permanente e os sinais de vulnerabilidade tendem a aparecer numa equipa que apresentou uma excelentíssima "geração de ouro". No entanto, convém não esquecer que a Espanha desiludiu na Taça das Confederações realizada em 2009 e um ano mais tarde sagrou-se campeã mundial. O sorteio para a fase final do Mundial 2014 ditou encontros com Holanda e Chile, dois adversários que jogaram com La Roja em 2010 e irão certamente causar bastantes problemas. Ganhar o grupo permite evitar desde logo o Brasil nos oitavos de final (isto assumindo que a canarinha ocupará o primeiro lugar do seu grupo). A margem de erro é escassa, pelo que entrar bem frente aos holandeses poderá ser um mote para o resto da competição. Se a Espanha alcançar o seu objetivo, será a primeira equipa europeia a vencer um Campeonato do Mundo disputado na América do Sul. 

A estrela da companhia: Nome: Andrés Iniesta Luján
Data de Nascimento: onze de maio de 1984 (29 anos)
Naturalidade: Fuentealbilla, Espanha
Internacionalizações (Golos): 94 (11)
Carreira: FC Barcelona (desde 2002)
Títulos: Campeonato da Europa U16 (2001), Campeonato da Europa U19 (2002), 6 Liga BBVA (2004/05, 2005/06, 2008/09, 2009/10, 2010/11 e 2012/13), 6 Supercopas de España (2005, 2006, 2009, 2010, 2011 e 2013), 3 UEFA Champions League (2005/06, 2008/09 e 2010/11), 2 Campeonato da Europa (2008 e 2012), 2 Copas del Rey (2008/09 e 2011/12), 2 Campeonatos do Mundo de Clubes (2009 e 2010), 2 Supertaças Europeias (2009 e 2011) e Campeonato do Mundo (2010)

O herói da final do Mundial 2010 dedicou até agora a sua carreira de futebolista profissional unicamente a um clube: o FC Barcelona. Desde as camadas jovens, Andrés Iniesta foi somando títulos e distinções individuais, aumentando também a sua relação com a filosofia blaugrana. De resto, tanto o camisola 6 da seleção espanhol como Xavi tiveram percursos bastante semelhantes. Ambos são médios centro de origem e talvez os grandes responsáveis pela transição do famoso "tiki-taka" da formação culé para La Roja. Iniesta tem sido claramente das unidades mais influentes e consistentes quer no clube, quer na seleção. 

Atuando no eixo da zona intermédia, Iniesta revela uma visão de jogo fora do comum e uma excelente capacidade de passe. Destro (embora jogue bastante bem com o pé contrário), é capaz de criar, transportar e oferecer linhas de passe para os seus companheiros. Deslocando para a extrema esquerda, conjuga atributos técnicos (o que lhe permite criar desequilíbrios) com perspicácia na realização de diagonais para ocupar zonas mais interiores. Como tal, estamos perante um médio de classe mundial, bastante completo e versátil, com um controlo de bola invejável e que frequentemente costuma aparecer em zonas de finalização, revelando-se decisivo em alguns encontros. Iniesta compensa as suas fragilidades no âmbito físico (altura e força) com astúcia.

Treinador: sucessor do falecido Luis Aragonés no comando técnico da formação espanhola após a conquista do Euro 2008, Vicente Del Bosque não se acomodou com as suas novas funções e foi oleando cada vez mais a máquina encarnada. Apesar de não ser muito consensual para a crítica, a verdade é que o antigo jogador do Real Madrid CF levou a Espanha à conquista do Mundial 2010 e do Euro 2012. Desde 2011 que possui o título de marquês, atribuído pelo rei Juan Carlos em virtude da dedicação do salmantino ao desporto espanhol. O treinador de sessenta e três anos tem elevada experiência e conhecimento, aspetos que poderão ajudar na altura de compor o onze inicial para cada desafio. É que serão muitas as dúvidas existentes, devido à qualidade e quantidade existente em cada posição. No torneio do Brasil, o desafio passa naturalmente por defender aquilo que La Roja tem nas suas mãos e conquistar então o segundo troféu mundial consecutivo. Caso consiga essa façanha, o técnico castelhano igualará o italiano Vittorio Pozzo (vencedor em 1934 e 1938, ambos com o seu país de origem). Para já, Del Bosque soma o recorde de ter sido o único a vencer UEFA Champions League, Campeonato da Europa e Campeonato do Mundo como treinador. Uma carreira recheada de sucesso, portanto.

Lista de selecionáveis: Guarda redes: Iker Casillas (Real Madrid CF), Victor Valdés (FC Barcelona), José Manuel Reina (SSC Napoli) e Diego López (Real Madrid CF)

Defesas: Álvaro Arbeloa (Real Madrid CF), César Azpilicueta (Chelsea FC), Juanfran (Atlético de Madrid), Gerard Piqué (FC Barcelona), Sergio Ramos (Real Madrid CF), Raúl Albiol (SSC Napoli), Marc Bartra (FC Barcelona), Iñigo Martínez (Real Sociedad), Jordi Alba (FC Barcelona), Nacho Monreal (Arsenal FC) e Alberto Moreno (Sevilla FC)

Médios: Javi Martínez (FC Bayern Munich), Sergio Busquets (FC Barcelona), Xabi Alonso (Real Madrid CF), Xavi Hernández (FC Barcelona), Francesc Fàbregas (FC Barcelona), Mario Suárez (Atlético de Madrid), Jesús Navas (Manchester City FC), David Silva (Manchester City FC), Koke (Atlético de Madrid), Isco (Real Madrid CF), Juan Manuel Mata (Manchester United FC), Andrés Iniesta (FC Barcelona) e Santi Cazorla (Arsenal FC)

Avançados: Pedro Rodríguez (FC Barcelona), Michu (Swansea City AFC), Diego Costa (Atlético de Madrid), Álvaro Negredo (Manchester City FC), Fernando Torres (Chelsea FC), David Villa (Atlético de Madrid), Fernando Llorente (Juventus FC) e Roberto Soldado (Tottenham Hotspur FC)


Formação Tática: os anos passam, mas o modelo de jogo permanece praticamente inalterado. O 4-2-3-1 tem imperado no reinado de Del Bosque, um técnico que tem à sua disposição um conjunto rico em qualidade e quantidade para cada posição. Muitas equipas gostariam certamente de poder contar nas suas fileiras com alguns nomes que habitualmente se sentam no banco de suplentes de La Roja. Como já dito anteriormente, a seleção espanhola impõe níveis altíssimos de pressão face à perda do esférico e privilegia o culto pela posse de bola, assemelhando-se em muitos aspetos ao FC Barcelona da era de Pep Guardiola. Um dos feitos do técnico natural de Salamanca prende-se com o bom espírito de grupo que existe entre jogadores de Real Madrid e Barcelona. E talvez por isso o sucesso tenha sido uma palavra constantemente presente no léxico do futebol espanhol durante os últimos anos.

Na baliza, apesar da ausência nos jogos para o campeonato, Casillas deverá continuar a envergar a braçadeira de capitão e, como tal, a merecer a confiança do selecionador. O quarteto defensivo não deverá sofrer grandes alterações. Sem Puyol, Ramos e Piqué têm lugar assegurado no eixo defensivo. Atenção à polivalência de Javi Martínez que pode ocupar a posição de defesa central. Recentemente, Miranda foi convidado pela federação espanhola para passar a integrar as convocatórias de Vicente Del Bosque. Tal não aconteceu porque o central que atua no Atlético de Madrid já tinha somado algumas internacionalizações pelo Brasil, o seu país de origem. Quanto aos laterais, Jordi Alba oferece imensa profundidade pelo corredor esquerdo enquanto na ala oposta, Arbeloa pode não ter o lugar totalmente assegurado.

Passando para o meio-campo, a Espanha utiliza dois médios centro, dependendo bastante daquilo que Xavi conseguir produzir. O médio do Barcelona é um jogador cerebral, marcando os ritmos do seu conjunto conforme aquilo que o jogo pede. A zona intermédia de dotado de magia, classe e visão de jogo. Já Busquets joga um pouco mais recuado do que o seu companheiro. Xabi Alonso poderá também entrar para o onze inicial, retirando Fàbregas do meio campo e avançando no terreno Xavi. Já nas alas, muitas referências para dois lugares. 

Em relação ao ataque, é neste setor que residem as maiores dúvidas a alguns meses do início do Mundial 2014. Negredo é uma arma bastante credível, pela produtividade que tem apresentado ao serviço do Manchester City e pela forma como sabe explorar o seu jogo de costas para a baliza. Villa está distante dos seus tempos áureos, Torres não tem sido titular no Chelsea e nomes como Michu, Llorente e Soldado não têm tido oportunidades para se mostrar ao serviço da formação espanhola. Daqui se explica a naturalização de Diego Costa, jogador que garante potência, bom controlo de bola, golos e até algumas quezílias com os adversários. Porém, é preciso não esquecer a jogada que Del Bosque efetuou algumas vezes no último Europeu, ao colocar Fàbregas na posição de 'falso 9', de modo a poder executar de uma forma eficaz as suas ideias.

A Espanha tem um modelo de jogo que prima por um futebol com critério e estável em termos de organização. O facto de haver excelentes executantes proporciona todas estas características. No entanto, há que referir que a constante rivalidade entre Barcelona e Real Madrid, bem como a exigência e o desgaste provocado pela Liga BBVA poderá atrapalhar um pouco a performance no Brasil. Para uns sem o brio do passado, a Espanha é considerada por outros como a principal favorita à conquista do Campeonato do Mundo de 2014.

Artigo escrito por: Ricardo Ferreira
Imagens: brandsoftheworld.com / sports.nationalteam.com / uefa.com / futebolistas.wikia.com

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