5 de março de 2014

Futebol Global: análise da semana entre 25 de fevereiro e 3 de março

O jogo da semana: Atlético de Madrid vs Real Madrid CF (2-2)

Ficha de Jogo:

Estádio: Vicente Calderón, Madrid
Árbitro: Delgado Ferreiro
Marcadores: Koke 28' e Gabi 45'; Karim Benzema 3' e Cristiano Ronaldo 82'
Disciplina: Arda Turan 11', Diego Godín 38' e Diego Costa 64';

Atlético de Madrid (4-2-3-1): Thibault Courtois; Juanfran, Miranda, Diego Godín e Filipe Luís; Mario Suárez, Gabi, Koke, Raúl García e Arda Turan (Cristián Rodríguez 83'); Diego Costa
Suplentes não utilizados: Daniel Aranzubia, Toby Alderweireld, Emiliano Insúa, José Sosa, Diego Ribas e David Villa
Treinador: Diego Simeone

Real Madrid CF (4-2-3-1): Diego López; Álvaro Arbeloa (Daniel Carvajal 71'), Pepe, Sergio Ramos (C) e Fábio Coentrão (Marcelo 59'); Xabi Alonso, Gareth Bale, Luka Modrić, Ángel di María (Isco 72') e Cristiano Ronaldo; Karim Benzema
Suplentes não utilizados: Iker Casillas, Raphaël Varane, Asier Illarramendi e Jesé Rodríguez
Treinador: Carlo Ancelotti

Análise & Destaques:

Atlético de Madrid e Real Madrid empataram a duas bolas numa das partidas da vigésima sexta jornada da Liga BBVA. Os merengues saíram logo na frente do marcador, com um desvio de Benzema já na pequena área ao terceiro minuto de jogo. Perto da meia hora, a formação da casa empatou a contenda com um remate cruzado de Koke. Em cima do intervalo, Gabi atirou do meio da rua para um grande golo, não dando a mínima hipótese a Diego López. A oito minutos do fim, o português Cristiano Ronaldo igualou novamente o jogo, ao apontar o seu vigésimo terceiro tento no campeonato espanhol. O Real Madrid segurou o recorde de apenas uma única derrota nas últimas vinte e quatro visitas ao Vicente Calderón (dezasseis vitórias e seis empates). Em treze jogos oficiais frente aos colchoneros, CR7 apontou doze golos, sendo a sua terceira maior vítima no campeonato espanhol, depois de Sevilla e Getafe. Com este resultado, o Real Madrid somou sessenta e quatro pontos e conservou a liderança da Liga BBVA, apresentando mais um ponto que o FC Barcelona e mais três que o seu adversário deste fim de semana. Na próxima semana, o Atlético de Madrid visita o terreno do Celta de Vigo, ao passo que o Real Madrid recebe o Levante.

As duas formações apresentaram poucas surpresas no que ao onze inicial diz respeito. Simeone operou quatro mudanças na equipa que perdeu há uma semana em Navarra frente ao Osasuna: Alderweireld, Diego Ribas, Adrián e David Villa cederam os seus lugares a Miranda, Koke, Raúl García e Arda Turan. Já Carlo Ancelotti cambiou as laterais em relação à vitória folgada em Gelsenkirchen, trocando Carvajal e Marcelo por Arbeloa e Fábio Coentrão respetivamente. Perante um Vicente Calderón repleto, a equipa visitante não se intimidou e chegou cedo à vantagem. Após um pontapé de canto cobrado na direita do ataque merengue, di María cruzou para na direção do segundo poste e Benzema, com um toque subtil, fugiu à marcação e bateu Courtois. A partir daí, o Atlético tomou conta da partida, dispondo elevados níveis de agressividade e intensidade no meio-campo. Aos 11', Diego Costa recebeu a bola na esquerda, entrou na grande área contrária e sofreu um toque de Sergio Ramos. Fica a ideia de que houve motivo para que Delgado Ferreiro assinalasse grande penalidade, algo que não sucedeu. O mesmo Diego Costa rematou pouco depois ao lado do poste esquerdo de Diego López. Benzema e CR7 tiveram também duas boas ocasiões para ampliar a vantagem, mas o guardião belga mostrou segurança e reflexos. Porém, quase a dobrar a primeira meia hora, Arda Turan trabalhou bem nas imediações da área do Real Madrid e assistiu Koke, que com um remate cruzado igualou o jogo. Os colchoneros voltaram a insistir e até ao fim do primeiro tempo contaram com mais duas oportunidades: primeiro, num bom movimento de Diego Costa, que rodou e rematou para a figura do guarda redes do Real Madrid. Depois, na cobrança de um livre, Gabi recebeu a bola no corredor central e disparou fortíssimo para o 2-1. De forma merecida, os comandados de Diego Simeone chegavam ao intervalo em vantagem. 

Para o segundo tempo, ambos os técnicos não fizeram mudanças. Este começou com um Atlético mais recuado, tentando aproveitar a velocidade dos homens mais ofensivos. Diego Costa (sempre ele) dispôs de uma boa ocasião, não fosse o seu tiro sair ao lado da baliza. O Real Madrid foi avançando um pouco mais no terreno e começou a criar mais ação junto da baliza contrária. Num livre direto de Cristiano Ronaldo, a bola embateu no braço direito de Gabi (que se encontra dentro da sua própria área), mas a equipa de arbitragem mandou seguir. Benzema, Bale e Xabi Alonso viria a ter chances para igualar a contenda, mas foi o inevitável Cristiano Ronaldo a faturar. Carvajal foi até à linha de fundo, cruzou atrasado, para Bale e este deixou o esférico no pé direito do internacional português, que bateu Courtois com um remate rasteiro. Até ao fim, Modrić ainda atirou por cima do travessão. O jogo terminou então com um empate que acaba por se aceitar, em virtude do equilíbrio evidenciado ao longo do mesmo. Nota final para as imensas quezílias e casos de arbitragem que afetaram pela negativa este encontro. De resto, uma prática já bastante comum no futebol espanhol e, sobretudo, nos dérbis madrilenos. 

Atlético de Madrid: na generalidade, até acabou por ser uma boa exibição dos colchoneros, sobretudo depois da humilhação frente ao Osasuna. A resposta face ao golo sofrido muito precocemente foi bastnate positiva, já que a formação de Diego Simeone acabou por submeter o adversário ao seu último reduto, dominando as operações no meio-campo. Diego Costa foi uma constante dor de cabeça para a defesa blanca, ele que dispôs de muitas ocasiões para faturar, mas foi infeliz nesse aspeto. A etapa complementar ficou marcada por alguma cautela, mas pela manutenção da intensidade, sobretudo por intermédio de Gabi e Koke. Miranda esteve impecável no jogo aéreo, ao passo que Courtois não comprometeu.

Real Madrid CF: após a categórica vitória na Alemanha a meio da semana, a turma de Carlo Ancelotti teve duas partes distintas. No primeiro tempo, houve bastantes dificuldades para travar o ímpeto dos visitados, apesar do golo madrugador. Já na etapa complementar, a equipa subiu linhas, arriscou mais e teve a recompensa a oito minutos do fim pelo melhor jogador do mundo de 2013. No plano individual, Di María perdeu algumas bolas, mas foi quase sempre eficiente no posicionamento e na entrega. Pepe e Sergio Ramos tiveram sempre muitas dificuldades para travar Diego Costa e Bale esteve pouco em jogo. Já Ronaldo dispôs de alguns remates e acabou por ser decisivo em termos do resultado final.

Destaque: Mário Esteves Coluna. O antigo internacional português deixou-nos há uma semana, falecendo em Maputo vítima de uma crise cardíaca. Natural de Lourenço Marques, este médio-centro esteve dezassete temporadas ao serviço do SL Benfica, realizando seiscentos e setenta e sete jogos, apontando cento e cinquenta golos e conquistando vinte e quatro títulos. O auge pelo clube das águias ocorreu entre 1961 e 1962, com a conquista de duas ligas milionárias. Em termos de seleção nacional, Coluna somou cinquenta e sete internacionalizações, sendo o capitão dos Magriços no Mundial 1966.

Os jogos televisionados nos últimos tempos relativos ao Campeonato do Mundo 1966 mostraram que Coluna era mesmo uma peça imprescindível no esquema de Otto Glória.Se Eusébio destacava-se pela sua capacidade de aceleração e habilidade no remate com os dois pés, Coluna era o verdadeiro maestro da equipa lusa. Com o número dez, o "Monstro Sagrado" tinha a tarefa de coordenar os ritmos e lançar o seu conjunto para o ataque. Um verdadeiro 'box-to-box', já que defensivamente recuperava algumas bolas e exercia bons níveis de pressão, e ofensivamente procurava bem as zonas de finalizações. Além disso, apresentava muita técnica e uma visão de jogo apurada. Sem dúvida, esta é uma grande perda para o desporto nacional. Em menos de dois meses, quer o clube lisboeta, quer a equipa das quinas vêm desaparecer duas das maiores referências da sua história. Que descanse em paz! Até sempre, "Monstro Sagrado".

Nome: Mário Esteves Coluna
Data de Nascimento: seis de agosto de 1935
Naturalidade: Ilha de Inhaca, Lourenço Marques, Moçambique
Data de Falecimento: vinte e cinco de fevereiro de 2014 (78 anos)
Internacionalizações: 57 (8)
Carreira: GD Maputo (1952-1954), SL Benfica (1954-1970), Olympique Lyonnais (1970-1971) e SC Estrela Portalegre (1971-1972)
Carreira como Treinador: SC Estrela Portalegre (1971-1972), Sport Huambo e Benfica (1974) e Clube Ferroviário de Maputo (1976)
Títulos: 10 Ligas Portuguesas (1954/55, 1956/57, 1959/60, 1960/61, 1962/63, 1963/64, 1964/65, 1966/67, 1967/68, 1968/69), 7 Taças de Portugal (1954/55, 1956/57, 1958/59, 1961/62, 1963/64, 1968/69, 1969/70), 2 UEFA Champions League (1960/61 e 1961/62) e 5 Taças de Honra da Primeira Divisão da AF Lisboa (1962/63, 1964/65, 1966/67, 1967/68, 1968/69)

Equipa da semana (3-5-2): Gianluigi Buffon (Juventus FC); Mats Hummels (Borussia Dortmund), Davide Astori (Cagliari Calcio) e Charlie Mulgrew (Celtic FC)Moussa Sissoko (Newcastle United FC), Sejad Salihović (TSG 1899 Hoffenheim), Arjen Robben (FC Bayern Munich), Henrikh Mkhitaryan (Borussia Dortmund) André Schürrle (Chelsea FC); Christian Benteke (Aston Villa FC) e Aritz Aduriz (Athletic Bilbao)

Topo: William Carvalho. A cada semana que passa, o internacional luso vai exibindo classe pelos relvados portugueses, mostrando-se mais consistência e segurança. O jogo do passado fim de semana frente ao SC Braga serviu para confirmar todos os predicados do jovem de vinte e um anos: força, potência, boa capacidade de desarme, perspicácia na ocupação dos espaços e ainda alguma habilidade, como se comprova por um lance já em tempo de compensação, no qual William mete a bola por um lado do adversário e vai buscá-la pelo outro. Tudo isto através de processos simples, mas muito eficazes. A chamada à seleção nacional para o particular com os Camarões é perfeitamente natural e só vem recompensar o trabalho que tem estado a ser desenvolvido pelo ex-Cercle Brugge em 2013/14. Portugal ganha um jogador para a posição mais recuada das três que compõem a zona intermédia, passando a contar com características diferentes daquelas que são evidenciadas por Miguel Veloso ou até Fernando. Ninguém pode adivinhar o futuro, mas o interesse de clubes como Manchester United, Arsenal e Juventus só faz acreditar que este verdadeiro craque prontamente dará o 'salto'.

Fundo: FC Schalke 04. Semana terrível para o atual quarto classificado da 1. Bundesliga, que foi vergado com duas copiosas derrotas para competições diferentes. Primeiramente, na receção ao Real Madrid para os oitavos-de-final da liga milionária, os mineiros saíram derrotados por 6-1, num claro atestado de qualidade por parte da equipa visitante, que deixou a nu as evidentes fragilidades defensivas da formação orientada por Jens Keller. De positivo,  o grande golo de Klaas-Jan Huntelaar e pouco mais. Três dias volvidos, em Munique, novo desaire por números elevados (5-1). A juntar a isso, Papadopoulos foi expulso e Farfán saiu de campo com sorrisos para o seu companheiro de seleção Claudio Pizarro, uma atitude bastante criticada pela imprensa germânica este fim-de-semana. O saldo de golos nestes dois encontros é assustador: apenas dois golos apontados e onze sofridos! Indubitavelmente, estes dados recentes arrasam a confiança e a motivação de qualquer clube. Depois de quatro vitórias a abrir o ano de 2014 (todas elas para o campeonato), o Schalke 04 perdeu gás e já leva três jogos sem vencer. Afastada da DFB Pokal, com a participação na UEFA Champions League quase no fim e com quatro pontos de desvantagem para o segundo posto da liga, ou algo muda até ao fim da época ou a turma de Gelsenkirchen arrisca-se a perder o comboio do top-5 da 1. Bundesliga.

Frase: “É um orgulho treinar o Braga. O objetivo é sempre ganhar o próximo jogo, mas também posso dizer que seria uma surpresa o Braga não estar nas competições europeias na próxima época” - Jorge Paixão, novo técnico do SC Braga, na conferência de imprensa de apresentação.

Artigo escrito por: Ricardo Ferreira
Imagens: greenwichtime.com / bbc.com / rr.sapo.pt / abaciente.blogspot.com / elgoldigital.com /uefa.com 

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