28 de março de 2015

Rescaldos d'Esféricos: A relevância de João Mário no Sporting CP

Após a saída do chileno Matías Fernández em 2012 para a ACF Fiorentina, a equipa sénior do Sporting CP, para além de vicissitudes conjunturais, sentiu-se privado de um futebolista que rendesse de forma convincente na posição de médio ofensivo. Vários foram testados nesse posto (Zakaria Labyad, André Martins, Vítor, entre outros), mas só na presente temporada é que surgiu alguém capaz de o agarrar em definitivo. Um jogador que há um ano atuava por empréstimo no Vitória FC, destacando-se como uma das pedras basilares da fantástica segunda volta protagonizada pelo conjunto de José Couceiro. Trata-se de João Mário.

A rotatividade com André Martins nos primeiros jogos oficiais de 2014/15 indiciou uma alteração no trio de médios que repôs o Sporting CP na fase de grupos da liga milionária. João Mário, mais brioso e expedito que o seu companheiro, complementou as novas funções na segunda fase de construção, com o trinco William Carvalho ainda algo intermitente nas suas novas funções e o trabalho transitório e de coesão inter-setorial de Adrien Silva. Este meio-campo foi considerado rapidamente pela crítica como um dos melhores da Liga Portuguesa, o que suscitou vastos assédios por parte de alguns clubes de nomeada continental. João Mário, de vinte e dois anos anos, apresenta algumas curiosidades que importam ser expostas: com anos de formação no FC Porto, é irmão do extremo Wilson Eduardo, também ele ligado contratualmente ao Sporting CP, mas já com alguns empréstimos no seu histórico (atualmente encontra-se no ADO Den Haag, da Eredivisie).

Já internacional A por Portugal, este centrocampista conta com um vasto leque de recursos, associando a segurança no controlo e transporte de bola ao último passe, organização e visão de jogo que confere ao último terço do conjunto "leonino". Incute ainda velocidade, serenidade e virtudes na finalização, algo visível nos sete golos e quatro assistências em trinta e cinco partidas. É indubitável a importância de João Mário na complexidade nos processos ofensivos mais elaborados e flexibilizados incutidos por Marco Silva. Uma filosofia que quebra com algumas dinâmicas mais pragmáticas e simplistas de Leonardo Jardim, compreendidas pela exiguidade de soluções e pelas caraterísticas dos recursos humanos disponíveis.

Não é o típico 'número dez' criativo que dispõe de diversas artimanhas para desequilibrar nos duelos individuais e desencantar suspiros por assistências deliciosas. Porém, João Mário trata-se de um médio de cariz mais construtivo e de raciocínio, aliando a esta capacidade cerebral um pulmão e uma disponibilidade combativa que lhe permite efetuar noventa minutos de forma consistente. É um dos ativos do Sporting CP que usufruirá de uma revisão contratual e que subitamente se afirmou como um dos grandes símbolos do clube. Um daqueles pelos quais uma massa associativa vibra e também um daqueles pelos quais os tubarões europeus não tardam em declarar interesse.

Por Lucas Brandão

1 comentário:

  1. Sou um confesso admirador do Joao Mario, desde que o comecei a ver a jogar pelas camadas jovens do Sporting e da Selecçao nacional. Desde cedo se percebeu que era um jogador bastante maduro e com uma visao de jogo e inteligencia superiores para a media dos jogadores pertencentes aos escaloes em que actuava. Apos alguma conturbaçao no inicio da epoca passada, uma vez que estava a estagnar na equipa B, acabou por ser emprestado ao V.Setubal e com Jose Couceiro evoluiu bastante durante esses 6 meses. Ganhou outro tipo de rotaçao e uma maior capacidade de chegada a area, vertente que ainda pode ser melhorada ainda mais. No passe e na capacidade de gerir os ritmos do jogo sempre foi forte, algo que lhe permite actuar em qualquer posiçao do meio-campo. Apesar de estar a continuar a jogar a 10, parece-me no futuro caminhara cada vez mais para ser o 8 da equipa, posiçao onde melhor pode exponenciar as suas qualidades. E certo que e preciso contar com Wallyson, mas creio que na proxima epoca o Sporting ganharia em recuar Joao Mario e em colocar um elemento mais desequilibrador no meio-campo ofensivo, sobretudo frente a maioria das equipas do nosso campeonato. A reintegraçao de Labyad pode ser uma das hipoteses, ha Gauld tambem e ha tambem a hipotese de ver chegar alguem do mercado. Caso se mantenha a aposta do Joao Mario como unidade mais adiantada do meio-campo, creio ser necessario encontrar algum medio para discutir com o Wallyson a posiçao 8, ate porque o Adrien deveria ser transferido no proximo defeso.

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