29 de março de 2015

Southampton FC: Um exemplo de sucesso

Fundado no ano de 1885, com cento e trinta anos de história, o Southampton FC compete há três anos consecutivos naquela que é considerada, por muitos, a melhor liga do mundo, a Barclays Premier League. Caso seja feita uma análise dos últimos anos, percebe-se que o progresso tem sido a palavra de ordem a imperar neste clube. Desde logo, pela alteração do estádio levada a cabo em 2001. Os saints abandonaram o seu primeiro estádio da história, The Dell, onde permaneceram por mais de cem anos, cuja capacidade era de, precisamente, 15.200 adeptos, para rumar ao St. Mary’s Stadium, localizado na costa sul de Inglaterra, com a capacidade de abarcar 32.505 espetadores.

Mais recentemente, outro dado digno de registo é a excelente evolução a que se tem assistido, a todos os níveis, nesta equipa. É preciso lembrar que há cinco anos atrás (época 2010/2011), o Southampton FC militava na Football League One (correspondente à terceira divisão portuguesa). Segundo os saints, a grande razão para evolução tão rápida e eficaz num tão curto espaço de tempo tem um nome: Nicola Cortese. O banqueiro italiano é idolatrado em toda a cidade por tudo o que fez e vinha fazendo no que à reestruturação do clube diz respeito. No entanto, viria a demitir-se em janeiro de 2014, por causa de, alegadamente, ter uma má relação com a proprietária do clube, Katharina Liebherr. Foi então substituído, de imediato, por Ralph Krueger, uma figura do hóquei em patins (foi selecionador suíço durante mais de uma década, bem como treinador dos Edmonton Oilers, da National Hockey League). Ora, esta mudança de presidentes acaba por ilustrar as profundas alterações que ocorreram entre 2013/14 e o presente exercício.

Mudanças num curto espaço de tempo

Mauricio Pochettino, ex-futebolista e atual treinador do Tottenham Hotspur FC, conseguiu no ano passado alcançar um fantástico e até mesmo surpreendente oitavo lugar pelo Southampton FC no campeonato inglês. Entretanto, Ronald Koeman, figura bem conhecia no futebol português, viria a ser contratado no final de 2013/14. O holandês foi uma aposta da estrutura diretiva, onde se incorpora, como já foi dito, Ralph Krueger, que até então nunca tinha estado no papel de presidente, num início de época.

Paralelamente, o clube viu também sair os seus melhores jogadores, praticando-se assim uma autêntica “razia” no plantel, com muitos deles a rumarem a equipas de maior dimensão. Encaixou-se aproximadamente cento e vinte e quatro milhões de euros só em receitas, destacando-se as vendas de Calum Chambers (20 milhões de euros, Arsenal FC), Dejan Lovren (25,3 milhões de euros, Liverpool FC), Luke Shaw (37,5 milhões de euros, Manchester United FC), Jack Cork (4 milhões de euros, Swansea City AFC), Adam Lallana (31 milhões de euros, Liverpool FC) e Rickie Lambert (5,5 milhões de euros, Liverpool FC).

Deste modo, constata-se que Ralph Kruger, mesmo podendo ser um treinador com muitas competências no hóquei, acusou a falta de experiência em termos de gestão, no futebol. É que ao aceitar vender vários titulares, correu enormes riscos de se deparar com uma quebra acentuada na qualidade de jogo da equipa. Ainda assim, por causa destas transferências, a formação do Southampton entrou no ranking como a mais rentável da Europa. Ninguém fez, portanto, mais dinheiro com produtos da formação do que o clube do sul de Inglaterra.

Nesse sentido, com um novo presidente, novo treinador e uma equipa completamente desfalcada, os saints eram, provavelmente, a equipa que mais pontos de interrogação suscitava, no início desta época. No entanto, contra todas as expectativas, o Southampton FC ocupa atualmente o sexto lugar, somente a seis pontos do acesso ao top-4. A grande questão que se coloca é como é que uma equipa, com tantas mudanças de uma época para a outra, consegue obter um desempenho tão positivo (a equipa de Ronald Koeman soma até ao momento cinquenta e três pontos, enquanto que no ano passado por esta altura, com as mesmas jornadas, somavam-se quarenta e cinco).

Razões que suportam uma agradável campanha

Primeiramente, o dinheiro encaixado foi naturalmente alvo de um investimento que se pode considerar feliz. Destacam-se as aquisições de Fraser Forster (12,5 milhões de euros, Celtic FC), Florin Gardoș (6,80 milhões de euros, FC Steaua București), Ryan Bertrand (13,4 milhões de euros, Chelsea FC), Saldio Mané (15 milhões de euros, FC Red Bull Salzburg), Dušan Tadić (14 milhões de euros, FC Twente), Shane Long (14,90 milhões euros, Hull City AFC) e Graziano Pellè (10 milhões de euros, Feyenood). Contas feitas, sensivelmente oitenta e sete milhões de euros gastos. 

Em segundo lugar, o poderio defensivo. Em trinta jogos realizados, o Southampton FC apenas consentiu vinte e um golos, sendo a equipa menos batida do campeonato, à frente de colossos como Chelsea FC ou Manchester City FC. Para tal registo, destaca-se o nome de Fraser Forster, guarda-redes proveniente do futebol escocês, que, em muito contribui para que estes números sejam uma realidade.

Em terceiro lugar e não menos importante, a forma como o treinador Ronald Koeman gere a relação com os seus jogadores. O ex-futebolista, por várias vezes, já se assumiu como um treinador calmo, que poucas vezes coloca pressão nos ombros dos seus jogadores e que tenta ter sempre a melhor relação possível com estes. Um exemplo notório disso mesmo foi quando o conjunto aproveitou a paragem no campeonato para uns dias de convívio na Suíça, com o intuito de praticar hóquei no gelo. Aos olhos de muitos adeptos, esta realidade poderá ser irrelevante. Contudo, o sucesso de uma equipa, muitas vezes, passa pela relação entre treinador/jogador e, a esse respeito, Ronald Koeman só reúne pontos a favor.

A luta por um lugar europeu

Na última semana, a revelação da Barclays Premier League recebeu a dura notícia de que o guardião Fraser Forster falhará o resto da época por causa de uma lesão no joelho. Veremos as consequências que a lesão deste jogador, com mais de dois metros, provocará nas oito jornadas que restam de campeonato. Contudo, um dado é adquirido: esta equipa que, este ano, já chegou mesmo a estar posicionada no segundo lugar, mantém as esperanças inabaláveis sobre a possibilidade de obter a qualificação para as competições europeias.

Embora tenham já sido eliminados tanto da FA Cup (frente ao Crystal Palace FC) e da Capital One Cup (frente ao Sheffield United FC), os saints conseguiram a proeza de derrotar o Arsenal FC e o Manchester United FC, bem como obtiveram dois notáveis empates frente ao líder Chelsea FC. Um exemplo de que a velha máxima de que "equipa que ganha não se mexe" nem sempre se aplica. Tendo as competições europeias como objetivo, a derradeira parte de 2014/15 adivinha-se extremamente complicada. Porém, o respeito e admiração de grande parte dos amantes de futebol já foram alcançados. 

Por José Correia

2 comentários:

  1. A Champions esfumou-se nos ultimos jogos, sendo que a Liga Europa tambem sera dificil de garantir perante a oposiçao de Tottenham ou Liverpool. O mais impressionante deste Southampton foi a forma como se soube reinventar depois de tantas perdas no final da epoca passada. Tadic, Alderweireld, Sadio Mane, Forster ou Bertrand entraram bastante bem na equipa e Koeman tem feito um excelente trabalho ao leme desta equipa. Na proxima epoca adivinham-se novas saidas, nomeadamente Alderweireld, Pelle e Schneiderlin, pelo que sera interessante haver novamente uma boa visao sobre o mercado. Depay, Clasie, Veltman ou Wijnaldum, jogadores bem conhecidos de Koeman, poderiam ser boas apostas. Falou-se no Eder ultimamente, mas parece-me que os Saints precisam de um avançado de nivel superior se o Pelle abandonar o clube.

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  2. Veremos as movimentações do próximo mercado de transferências.
    Por acaso não é a primeira vez que surgem nomes do futebol português associados ao Southampton. Foram buscar o Djuricic no mercado de inverno e, além disso, já surgiram rumores de que poderão estar interessados no Éder (como tu bem disseste), bem como Ola John, Rafa, Martins Indi e, mais recentemente, Quintero. Isto deve ter dedo do Koeman, ou não tivesse ele já treinado uma equipa do futebol português. De qualquer das formas tudo isto são meras especulações.
    Em relação às possibilidades de atingir a europa, não é completamente impossível. O calendário que lhes resta podia ser pior, ainda assim, o jogo que ainda vão ter contra o Tottenham em casa vai ser esclarecedor em relação ao posicionamento final das duas equipas.

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